Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: Extrato etanólico de flores de Ixora chinensi (Alfinete) como indicador natural de pH
AUTORES: Soares, A.C.F. (UEMA) ; Sousa, M.S. (UEMA) ; Nunes, P.M. (UEMA/IFMA)
RESUMO: O indicadores de pH ou indicadores ácido-base são espécies orgânicas fracamente ácidas ou fracamente básicas que apresentam cores diferenciadas para as formas protonadas e desprotonadas. Os resultados espectroanalíticos obtidos com o extrato etanólico das flores da espécie Ixora chinensi(Alfinete)demonstraram a sua potencialidade de ser empregada como um indicador natural ácido-base e em possíveis titulações de neutralização.
PALAVRAS CHAVES: Ixora chinense; indicador natural; ácido-base
INTRODUÇÃO: A espécie vegetal Ixora chinensi, originária das Indias Orientais, pertencente à família Rubiaceae é popularmente chamada de Ixora, Alfinete ou Ixora-coral(RORIZ, 2000). Possui em sua composição antocianinas, pertencentes à classe dos flavonóides (WALTON et al., 2006, WROLSTAD, 2000; MALACRIDA, 2005). As antocianinas são corantes naturais que podem apresentar diferentes formas estruturais, as quais podem assumir diferentes colorações. Essas formas podem sofrer interferências de diversos fatores, destacando-se entre estes a temperatura, o valor do pH e possíveis ligações com outras substâncias químicas. O pH é o fator que mais influência na coloração das antocianinas, visto que, em função de sua acidez ou alcalinidade, estas podem apresentar diferentes estruturas. Em estudo anterior realizado com extrato alcóolico das flores desta espécie em contato com produtos domissanitários de diferentes pH foi verificado que em meio ácido a cor que prevalece é a laranja, enquanto que em meio básico foi observada a verde (DOS SANTOS et al, 2012). O presente trabalho vem aprofundar um pouco mais este estudo sobre o extrato etanólico da Ixora chinense, adicionando informações espectroscópicas sobre seu comportamento como indicador ácido-base.
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de flores de Alfinete foram coletadas no jardim do Centro de Estudos Superiores de Caxias da UEMA na cidade Caxias – Maranhão. Foi realizada a separação manual das pétalas e do talo das flores e, em seguida, o extrato alcoólico foi preparado pela imersão de 60g de pétalas das flores em 400 mL de etanol comercial a 92,8 °INPM. O sistema foi guardado em frasco de vidro tampado sob refrigeração e sem incidência da luz em geladeira comum por um período de 1 semana. Após esse período as pétalas descoraram e o etanol estava levemente tingido de vermelho. O próximo passo foi a separação das pétalas e do extrato etanólico por filtração em papel de filtro comum. Os testes foram realizados com o extrato etanólico filtrado das pétalas de Alfite e consistiram em avaliar o comprimento de onda de máxima absorção desta solução em contato com soluções aquosas de HCL (0,1 mol.L-1/ pH= 1) e de NaOH(0,1 mol.L-1/ pH=13). As proporções testadas foram 1 parte do extrato para uma parte de solução ácida e 1 parte de extrato para uma parte de solução básica. As análises foram realizadas em um espectrofotômetro UV-VIS da Biosystem modelo SP 1105 em cubetas de quartzo de 1 cm de caminho óptico.Foram construídos gráficos Absorbância x comprimento de onda das amostras testadas varrendo entre 320 a 980 nm com intervalos de 10 nm entre as leituras para a misturas do extrato com a solução ácida e com a solução alcalina. Também foi realizado um branco usando etanol absoluto com a mesma concentração do empregado no extrato em cada comprimento de onda testado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Como a interação da luz com a matéria depende da estrutura química dos compostos, o espectro de absorção é uma forma de caracterização que permite verificar qual a faixa de comprimento de onda em que um dado composto apresenta sua maior afinidade de absorção. Foi observado que o extrato alcóolico da espécie Ixora chinense apresenta colorações bem distintas em função do pH. Em meio ácido (pH≅1) o extrato apresentou coloração verde e os espectros demonstraram uma forte banda de absorção em λmáx=530 nm (figura 1). No meio alcalinizado a coloração observada no extrato foi salmão e a absorção máxima estava localizada por volta dos 430 nm(figura 1). Foi constatado que o etanol a 92,8° INPM não concorria em absorção de luz com os pigmentos extraídos das flores da Ixora chinense, uma vez que seu λmáx=390nm (figura 1) na região espectral do ultra violeta, enquanto que os pigmentos responsáveis pela coloração em meio ácido e base absorvem no visível.Face ao resultados obtidos é caracterizado que o extrato etanólico da Ixora chinense realmente pode ser usado como um indicador natural de pH e como indicador em titulações de neutralização.
Figura 1: Espectro de Absorção do extrato etanólico da Ixora chinense
Espectro de absorção do extrato etanólico da Ixora chinense
CONCLUSÕES: Os espectros de absorção do extrato etanólico da Ixora chinense demonstraram seu comportamento frente a absorção de luz e evidenciaram com a comparação das cores obtidas com extratos acidificados e alcalinizados seu potencial como indicador ácido-base. Resultado adicional com o estudo do espectro de absorção do etanol demonstraram que este não concorre em absorção de luz com os pigmentos presentes no extrato.
AGRADECIMENTOS: À Universidade Estadual do Maranhão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: SANTOS, L. G. V., RODRIGUES, L. B, LIMA, P. G., SOUSA, T. O., COSTA NETO, J. G., CHAVES, D. C. Indicadores naturais ácido-base a partir de extração alcoólica dos pigmentos das flores Hibiscus rosa-sinensis e Iroxa chinensi, utilizando materiais alternativos. VII CONNEPI – Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, Palmas, 2012. Disponível em: < http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/paper/view/1352/1154>. Acesso em 02 jul 2013
MALACRIDA, C. R.; MOTTA, S. Compostos fenólicos totais e antocianinas em sucos de uva. Ciencia e Tecnolologia de Alimentos, v. 25, n. 4, p. 659-664, 2005.
WALTON, M. C. et al. Anthocyanins absorption and antioxidant status in pigs. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 54, n. 20, p. 7940-7946, 2006.
WROLSTAD, R. E. Anthocyanins. In: FRANCIS, F. J.; LAURO, G. J. (Ed.). Natural Food Colorants. New York: Marcel Dekker Inc., 2000. p. 237-252.