Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: Avaliação do uso das sementes de Moringa oleífera para extração seletiva de As(III) em águas e detecção por GF-AAS.
AUTORES: Alves, V.N. (UFU) ; Neri, T.S. (UFU) ; Borges, S.S.O. (UFU) ; Carvalho, D.C. (UFU) ; Coelho, N.M. (UFU)
RESUMO: Sementes de Moringa oleífera in natura, foram utilizadas na avaliação do
desenvolvimento de um método simples e de baixo custo para a extração seletiva de
espécies inorgânicas de arsênio em meio aquoso. O método é baseado na distribuição
das diferentes espécies de As de acordo com o pH do meio. Foi possível reter
seletivamente As(III) em pH 7,0, permitindo desta forma a
determinação apenas de As(V) por GF-AAS.
PALAVRAS CHAVES: Arsênio; Moringa oleífera; Extração seletiva
INTRODUÇÃO: Sabe-se que a determinação da concentração total de um elemento é
uma informação limitada, especialmente sobre o seu comportamento no meio
ambiente e os danos que pode causar à saúde. As propriedades físicas, químicas
e biológicas são dependentes da forma química em que o elemento está presente
(BURGUERA, 1993). Por exemplo, a medida da concentração total de As, não indica
os verdadeiros níveis de cada espécie individualmente. Para estimar o risco
envolvido, precisam ser considerados a variação na toxicidade, o
transporte e a biodisponibilidade, que são dependentes das formas químicas na
qual o arsênio está presente. Diferentes técnicas de separação e detecção podem
ser utilizadas para estudos de especiação [GONZALEZ et al., 2009]. A
Espectrometria Atômica, devido à alta temperatura usada nas celas de medida
oferece aplicação limitada para especiação, no entanto é possível utilizar esta
técnica por meio da hifenação com processos de separação [DE LA GUARDIA et al.,
1999]. Embora as técnicas cromatográficas sejam a ferramenta mais utilizada
para especiação de As, metodologias não-cromatográficas tem se desenvolvido com
o uso da extração em fase sólida (SPE) se destacando como uma
proposta alternativa. Microorganismos mortos imobilizados tem sido aplicados
para especiação de arsênio em amostras de águas e alimentos [OLUOZLU, 2010], bem
como adsorventes sintéticos, entretanto, o uso de materiais naturais
como as sementes de Moringa oleífera ainda não foram utilizados como
bioadsorventes no desenvolvimento de metodologias de baixo custo que permitam
tais separações. Desta forma, este trabalho tem por objetivo avaliar o uso das
sementes de M. oleífera como bioadsorvente para extração seletiva das espécies
inorgânicas de AS por GF-AA
MATERIAL E MÉTODOS: A fim de avaliar a influência do pH da solução na adsorção das espécies de As, 0,5
g das sementes de moringa foram colocadas sob agitação durante 1 hora com
soluções de As(III) e As(V) (100 mgL-1) na pH na faixa de 2,0 – 9,0. As
concentrações dos íons foram medidas após diluição para a concentração de 50 µg L-
1 e medidas utilizando GF-AAS antes e após agitação com o material adsorvente. O
pH em que a separação ocorre foi utilizado para a extração seletiva de As(III) em
amostras de água. Com base, no pH em que separação ocorre, o método de extração
seletiva foi aplicado na determinação de das espécies inorgânicas de arsênio em
águas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O pH da solução é uma condição crítica que afeta diretamente a adsorção de As.
A adsorção de As(V) pelo adsorvente apresenta baixa eficiência em valores de pH
entre 5-9. Este comportamento pode ser devido ao fato de que as sementes de M.
oleífera apresentam ponto de carga zero na faixa de pH entre 5-6, aliado à
distribuição das diferentes espécies de arsênio de acordo com o pH do meio. Para
o As(V), o aumento do pH aumenta a quantidade de H3AsO4, sendo que em pH 3-4, a
espécie de As predominante é H2AsO4- , assim, de acordo com o PCZ, nesta faixa
de pH a superfície do bioadsorvente se encontra positivamente carregada,atraindo
espécies aniônicas, ocorrendo adsorção máxima de As(V) em pH entre 3-4.Com
aumento do pH a superfície do adsorvente se torna negativamente carregada
repelindo espécies aniônicas, o que justifica a baixa adsorção de As(V) em pH
básico, enquanto nesta faixa de pH boa eficiência de adsorção é observado para a
espécie As(III), apresentando adsorção máxima em pH 7,0. As espécies de As(III)
no meio no intervalo de pH 3- controladas pelo equilíbrio H3AsO3-->H2AsO3- + H+
(Pka 9,22), em um pH superior a 9, As(III) está presente exclusivamente como um
ânion, enquanto em pH 6-9 apenas uma pequena porcentagem está na forma
dissociada [MARQUES NETO, 2010]. Desta forma, em pH 7, as espécies não
carregadas de As(III) não podem ser submetidas a interação eletrostática com o
adsorvente. A máxima adsorção neste pH justifica-se por interações do tipo
ácido-base de Lewis com a formação de complexos.Assim,o pH 7 foi escolhido para
extração seletiva das espécies de As, sendo o As(III) retido pelo bioadsorvente
e o As(V) livre no meio aquoso para ser determinado por GFAAS. O método foi
aplicado para amostras de água mineral, com recuperação entre 93 e 110%
Avaliação pH
Variação da porcentagem de remoção em função do pH.
CONCLUSÕES: Os resultados obtidos são promissores, principalmente devido à sua aplicação em pH
neutro para extração seletiva de As(III) na presença de As(V), revelando-se um
método, rápido, simples de baixo custo para determinação das diferentes espécies
de arsênio inorgânico em águas
AGRADECIMENTOS: IQUFU, CNPq e CAPES.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BURGUERA, M.; BURGUERA, J. L, 1993. Flow-injection electrothermal atomic absorption spectrometry for arsenic speciation using the Fleitman reaction. Journal of Analytical Chemistry,8, 229-233.
GONZALVES, A., CERVERA, M.L., ARMENTA, S., DE la GUARDIA, M.2009. A review of non-chromatographic methods for speciation analysis. Analytica Chimica Acta, 636, 129-157.
De la Guardia, M.; Cervera, M. L.; Morales-Rubio, A.1999. Specation Studies by Atomic Spectroscopy. Advances in Atomic Spectroscopy. JAI in Press, 1999.
OLUOZLU, O., TUZEN, M., MENDIL, D., SOYLAK, M. 2010. Coprecipitation of trace elements with Ni2+/2-Nitroso -1- naphtol-4-sulfonic acid and their determination by Flame Atomic Spectrometry Absorption. Food and Chemical Toxicology, 172, 1032-1037.
MARQUES NETO, J., BELATTO, C. R., MILAGRES, J. L., PESSOA, K. D., ALVARENGA, E. S. 2013.Preparation and Evaluation of Chitosan Beads Immobilized with Iron(III) for the removal of As(III) And As(V)from water. Journal Brazilian Chemical of Society,14 121-132.