53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: ESTABILIDADE OXIDATIVA DO ÓLEO DE BARU (DIPTERYXALATAVOGEL) MONITORADO POR ESPECTROSCOPIA DE FLUORESCÊNCIA E ABSORÇÃO UV-VIS.

AUTORES: Silva, V.D. (UFGD) ; Conceição, J.N. (UFGD) ; Oliveira, I.P. (UFGD) ; Filho, O.P. (UFG) ; Conceição, E. (UFG) ; Caires, A.R.L. (UFGD)

RESUMO: Baru (Dipteryxalatavogel) é uma fruta do cerrado brasileiro do qual é possível obter um óleo nutritivo. No presente estudo, frutos do Baru foram coletados na região centro-oeste do Brasil e seu óleo foi obtido por prensagem das sementes. O óleo do Baru foi submetido a um tratamento térmico a 110C por 48 horas, e a sua estabilidade à oxidação foi investigada usando espectroscopia de fluorescência e absorçãoUV-Vis. Os dados mostraram que tanto a absorção quanto a fluorescência foram capazes de monitorarem a degradação do óleo induzida pelo processo de oxidação térmica. De fato, os resultados revelaram um rápido crescimento da geração compostos primários durante as primeiras 16 horas de degradação. Pelo contrário a geração de compostos secundários começou a ser significativo após 16 horas

PALAVRAS CHAVES: DipteryxAlataVogel; Estabilidade oxidativa; Fluorescência

INTRODUÇÃO: O baru (DipteryxalataVogel), é um fruto nativo do Cerrado, pertencente à família LeguminosaeFaboideae que floresce de novembro a maio e produz frutos de julho a outubro, a polpa dos frutos é empregada para se fazer doces e geléias, sua semente também é comestível, nutritiva e contém óleo com propriedades medicinais [1]. Estudos demonstram que a castanha do baru tem elevado valor nutricional, apresentando alto teor de lipídios, proteínas, fibra alimentar e minerais [2]. O óleo da castanha do baru contém alto teor de ácido oléico e linoléico, e também de α-tocoferol. Devido ao elevado teor desses ácidos, o óleo de baru tem sido empregado não apenas para fins alimentícios, mas também na indústria óleoquímica e farmacêutica. Além de suas propriedades nutricionais, estudo recente demonstra que o óleo de baru possui grande potencial para ser utilizado na produção de biocombustível devido a sua característica fisico-química. A estabilidade termo- oxidativa do óleo vegetal interferi diretamente na qualidade final do biodiesel. Apesar da estabilidade térmica do óleo ser de suma importância, até o momento nenhum trabalho investigou a estabilidade termo-oxidativa do óleo de baru. Técnicas ópticas como espectroscopia de fluorescência e absorção molecular, tem sido bastante usada para caracterizar óleos e gorduras. No presente trabalho objetivou-se analisar a estabilidade termo-oxidativa do óleo de baru, através das técnicas de espectroscopia de absorção e emissão molecular.

MATERIAL E MÉTODOS: O estudo de termodegradação foi realizado utilizando-se 11 frascos, cada qual contendo 5 mL de óleo de Baru, sendo submetidos a aquecimento em estufa com circulação de ar (Sterilifer® SXCR42) a uma temperatura constante de 110°C, variando o tempo de aquecimento, sendo estes 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 24 e 48 horas. As amostras de óleo de baru degradadas foram excitadas em um comprimento de onda de 405 nm, utilizando-se um fluorimetro portátil (M.M optc’s®), contendo um laser de 405 nm, um monocromador da marca (OceanOptic’s®), fibra óptica em Y e um lep top. As medidas foram realizadas utilizando uma cubeta de quartzo com caminho óptico de 10 mm com as quatro faces polidas. Foram realizadas medidas de absorção molecular na região UV-Vis de 200 a 800 nm, utilizando-se um espectrofotômetro de bancada (Cary50-Varian®), cubeta de quartzo com caminho ótico de 10 mm. As amostras foram diluídas em hexano grau espectroscópico (Vetec®> 99%) a 50%, 0,15% e 0,02% (m/v), a fim de observar os comprimentos de onda de 445, 270 e 232 nm, respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na figura 1 a medida que aumenta o tempo de exposição da amostra a temperatura de 110°C, nota-se a degradação do óleo. Essa degradação pode ser observada pela diminuição da banda de absorção em 445nm referente ao β-caroteno, mostrando que esse composto está sofrendo degradação, a diminuição dessa banda ocorre conforme aumenta o tempo de degradação da amostra. Isso acontece porque o β-caroteno tem uma cadeia de hidrocarbonetos conjugado poliinsaturado que os torna suscetível à degradação [3]. A figura 2 mostra o espectro de emissão do óleo de Baru no comprimento de onda de 450 a 750nm excitados pela radiação em 405nm. As bandas de absorção em 450 a 550nm referem-se a contribuição do ácido oléico e do α- tocoferol, tem-se também a contribuição do β-caroteno, que apresenta maior intensidade de fluorescência em 630nm, já as bandas de absorção em 670 e 700nm é atribuída a clorofila, que emite radiação nesses comprimento de onda. Conforme aumenta o tempo de degradação do óleo, ocorre a diminuição da banda em 630nm referente ao β-caroteno, essa diminuição na intensidade de florescência também pode ser notada para a clorofila.

espectro de absorção UV-VIS

Espectro de absorção de 350 a 550 nm. Diluído em hexano 50% (m/v).

espectro de fluorescência molecular

Intensidade de emissão das amostras durante a degradação térmica, excitação em 405 nm, 50% (m/v) diluídas em hexano.

CONCLUSÕES: O óleo do Baru foi submetido a tratamento térmico,os dados obtidos demonstraram que o óleo sofreu modificações em sua estrutura química. Medidas de absorção molecular UV/VIS no comprimento de onda de 350 a 550 nm, mostrou a oxidação do óleo de baru, essa degradação pode ser representada pela diminuição da absorção na banda de 445nm referente ao β-caroteno. Os espectros de emissão mostram o desaparecimento da banda de emissão em 630 que representa a degradação do β- caroteno. A diminuição da banda em 670nm referente a clorofila também é observada no espectro de emissão.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1]CORRÊA, M.P. 1984. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro:Ministério da Agricultura/IBDF, 2: 707.
[2] TAKEMOTO, E; OKADA, I. A., GARBELOTTI, M. L; TAVARES, M; AUED-PIMENTEL, S. 2001.Composição química da semente e do óleo de baru (Dipteryxalata Vog.) nativo do Município de Pirenópolis, Estado de Goiás. Revista do Instituto Adolfo Lutz. 60: 113–117.
[3] QIAN, C;DECKER, E, A; XIAO, H; MCCLEMENTS,D, J. 2012. Inhibition of b-carotene degradation in oil-in-water nanoemulsions: Influenceof oil-soluble and water-soluble antioxidants. Food Chemistry. 135: 1036-1043.