53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DO ÓLEO DE NABO FORRAGEIRO (Raphanus sativus L.) FRENTE A ADIÇÃO DO CORANTE SOLVENTE AZUL 35 COMO ADITIVO ALTERNATIVO

AUTORES: Souza, A.C.D. (UFGD) ; Silva, F.S. (UFGD) ; Pimentel, N.B. (UFGD) ; Lima, A. (UFGD) ; Souza, A. (UFGD) ; Muzzi, R. (UFGD) ; Ferreira, V. (UFMS) ; Trindade, M.A.G. (UFGD)

RESUMO: Avaliou-se o desempenho do corante Solvente azul 35 (SA-35) como aditivo alternativo na estabilização do óleo extraído de nabo forrageiro (Raphanus sativus L.). Os parâmetros indicativos da degradação do óleo, sob condições térmicas, foram determinados por análises físico-químicas a partir do seu índice de acidez e peróxido. Estudou-se a influência do corante individualmente e juntamente com o antioxidante TBHQ (terc-butilhidroquinona). Todas as análises realizadas forneceram indícios de que o óleo sofre degradação ao longo do período de estocagem sob temperatura de 90 °C, no qual este processo degradativo teve maior efeito nas amostras isentas dos aditivos estabilizantes.

PALAVRAS CHAVES: aditivo alternativo; estabilização; Nabo forrageiro

INTRODUÇÃO: Estudos relacionados à estabilização de óleos utilizados na produção de biodiesel são relevantes e de suma importância para o desenvolvimento deste biocombustível. Isto decorre do fato de que os lipídios são constituídos por uma mistura de tri, di e monoacilgliceróis, ácidos graxos livres, glicolipídios, fosfolipídios, esteróis entre outras substâncias, sendo a maior parte destes constituintes oxidáveis em diferentes graus [BERSET, 1996]. Dentre estes, os ácidos graxos insaturados são os compostos mais susceptíveis ao processo degradativo [COSGROVE, CHURCH e PRYOR, 1987]. Entretanto, é possível reduzir este processo utilizando agentes estabilizantes, tais como os antioxidantes [FERRARI, SOUZA, 2009; LUTZ, 1985; MORETO, FETT, 1998; QUINTELLA, 2009). Portanto, a estabilidade dos óleos utilizados como matéria prima na produção de biodiesel também está diretamente ligado a qualidade do biocombustível. Assim sendo, neste trabalho objetivou-se estudar a estabilização do óleo extraído de Nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) após a adição do corante Solvente Azul 35 (SA-35).

MATERIAL E MÉTODOS: A degradação do óleo foi realizada mediante o processo acelerado com exposição das amostras em estufa com temperatura de 90 ºC por 504 horas. Para acompanhamento deste processo, quatro amostras foram preparadas com os aditivos de interesse, cujas amostras e concentrações nas mesmas foram: (Amostra 1) corante SA-35 (10 mg/L) + TBHQ (50 mg/L); (Amostra 2) SA-35 10,0 mg/L; (Amostra 3) TBHQ 500 mg/L e (Amostra 4) isenta dos aditivos. Durante este processo, coletou-se alíquotas a cada 72 horas, e determinou-se os parâmetros de estabilidade mediante análises de acordo com as normas da American Society of Testing and Materials (ASTM) e metodologias reportadas na literatura [FERRARI, SOUZA, 2009; LUTZ, 1985; MORETO, FETT, 1998]. Para análise do índice de acidez (IA), foram pesados cerca de 2,0 g das amostras de óleo em erlenmeyers e, a seguir, dissolvidas com solventes apropriados. Titulou-se a mistura com hidróxido de sódio (0,010 mg/L) empregando o método clássico via indicador fenolftaleína. Na análise para determinação do Índice de Peróxido (IP), também empregou-se o método clássico de titulação. Para realização de tal análise, pesou-se 2,50 g da amostra do óleo em frasco erlenmeyer – dissolveu-se em solvente apropriado e após repouso por um minuto – titulou-se com solução de tiossulfato de sódio (0,010 mg/L).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Observou-se que na análise do IP, houve um aumento significativo apenas para a amostra de óleo isenta dos aditivos, indicando que a formação de peróxidos ocorreu rapidamente após o período de armazenamento (Fig. 1). Para a amostra de óleo acrescido da mistura do corante SA-35 (10 mg/L) e do TBHQ (50 mg/L), verificou-se maior resistência com relação à formação de peróxidos, sendo menos susceptível a degradação frente às condições de estocagem. Em relação a amostra contendo apenas o SA-35 (em concentração de 10 mg/L) o IP foi inferior a amostra controle, sendo que seus valores foram, praticamente, semelhantes a amostra contendo a mistura (SA-35 + TBHQ). Na amostra contendo apenas o TBHQ (500 mg/L), não houve variação significativa do IP durante todo o tempo de exposição a temperatura de 90 ºC. Entretanto, cabe salientar que, esta concentração é 50 vezes maior que a concentração do SA-35 (10 mg/L), cujos resultados permitem inferir que este corante pode ser uma alternativa eficiente na estabilização de óleos bem como do biodiesel durante as diversas etapas de manuseio e estocagem. Para o estudo do IA, observou-se um comportamento semelhante ao estudo do IP. Na amostra isenta dos aditivos, observou-se que a degradação aumentou gradativamente durante todo intervalo de avaliação, evidenciando maior suscetibilidade à oxidação. Entretanto, para as demais amostras, contendo os aditivos de interesse, o IA apresentou um comportamento semelhante ao verificado para o estudo do IP, novamente, indicando que o corante SA-35 atendeu satisfatoriamente aos objetivos iniciais deste trabalho.

Figura 1

Variação do índice de peróxido ao decorrer do tempo de estocagem, em estufa, sob temperatura controlada de 90 ºC.

CONCLUSÕES: Estudos adicionais deverão ser realizados para complementar os resultados apresentado neste trabalho. Entretanto, estes resultados iniciais evidenciam que o corante SA-35 pode ser uma alternativa viável na estabilização do óleo extraído de Nabo forrageiro (Raphanus sativus L.), uma vez que a concentração em estudo foi menor do que o antioxidante TBHQ, convencionalmente empregado para este fim, na qual sua concentração foi de 500 mg/L. Sendo assim, os dados de IA e IP são satisfatórios e atendem aos objetivos iniciais deste trabalho.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao apoio financeiro do CNPq, CAPES, FUNDECT e UFGD.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1]. BERSET, C.; CUVELIER, M. E.; Sciences des aliments 1996, 16, 219
[2]. COSGROVE, J. P.; CHURCH, D. F.; PRYOR, W. A.; Lipids 1987, 22, 299
[3]. FERRARI, R.A.; SOUZA, W.L. Química Nova, v. 32, p. 106-111, 2009.
[4]. LUTZ, A. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3ª ed., São Paulo, 1985.
[5]. MORETTO, E.; FETT, R. Tecnologia de Óleos e Gorduras Vegetais. São Paulo: Varela, 1998. 150 p.
[6]. QUINTELLA, C.M. et al. Quím. Nova, v. 32, p. 793-808, 2009.