53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO CORANTE SOLVENTE AMARELO 7 COMO UM ADITIVO ALTERNATIVO À ESTABILIZAÇÃO DE BIODIESEL

AUTORES: Pimentel, N.B. (UFGD) ; Souza, A. (UFGD) ; Lima, A. (UFGD) ; Trindade, M. (UFGD)

RESUMO: Neste trabalho foi estudada a influência do corante Sudan II (SD-II) como um aditivo alternativo a estabilização do biodiesel durante o período de armazenamento. O corante foi testado individualmente e juntamente com o antioxidante TBHQ (terc-butilhidroquinona). As amostras de biodiesel puro (B100) e contendo os aditivos de interesse, foram analisadas empregando-se métodos volumétricos clássicos. Os resultados prévios evidenciaram que a estabilidade do biodiesel aumenta, significativamente, quando o SD-II é utilizado como aditivo alternativo.

PALAVRAS CHAVES: Biodiesel; Antioxidantes; Degradaçao Oxidativa

INTRODUÇÃO: Para suprir a demanda de biocombustível no mercado mundial à produção de biodiesel, a partir de fontes renováveis, tem aumentado significativamente (SUAREZ et al., 2009). Assim sendo, houve progressos em pesquisas voltadas para o aprimoramento dos processos de produção com objetivo de obter um biodiesel com características físico-químicas semelhantes ao do diesel fóssil bem como em metodologias que proporcionem maior estabilidade do mesmo, durante o período de estocagem (FERRARI E SOUZA, 2009; SILVA et al., 2006; SUAREZ et al., 2007 e 2009). Portanto, a estabilidade frente à degradação oxidativa e a efetividade de agentes aditivos antioxidantes são fatores que estão diretamente ligados à qualidade do biodiesel, nos quais se justificam o crescente interesse pelas pesquisas de novos compostos que atenda a essas exigências. Diante desse contexto, neste trabalho objetivou-se estudar a influência do corante Sudan II (SD-II), portador do grupo o cromóforo, azo, como aditivo alternativo a estabilização de biodiesel produzido a partir de óleos de frituras.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de biodiesel foram obtidas a partir da extração e transesterificação de óleos de frituras. Em seguida, amostras de biodiesel puro (B100) foram aditivadas com os aditivos de interesse (SD-II 10 mg L-1 e TBHQ 100 mg L-1) e submetidas aos testes de degradação acelerado, em estufa com temperatura de 90 ºC, pelo período de 576 horas. No decorrer deste processo foram coletadas alíquotas a cada 72 horas e acompanhadas da degradação, as quais foram analisadas os parâmetros de estabilidade – conforme metodologia descrita nas literaturas (FERRARI E SOUZA, 2009; LUTZ, 1985; SILVA et al., 2006; SUAREZ et al., 2007). Índice de acidez: Neste estudo avaliou-se o estado de conservação do biodiesel, definindo a massa (mg) de KOH necessária para neutralizar os ácidos livres em um grama da amostra. A determinação deste parâmetro foi baseada nos métodos clássicos de titulação, conforme descrito na literatura (FERRARI E SOUZA, 2009; LUTZ, 1985; SILVA et al., 2006; SUAREZ et al., 2007). Índice de Peróxido: O índice de peróxido foi determinado utilizando o método clássico de titulação, após adaptações no método reportado na literatura (LUTZ, 1985). Para esta análise, pesou-se 2,50 g da amostra contendo os aditivos de interesse, em frasco Erlenmeyer, e dissolveu-se em solvente apropriado e após repouso por um minuto – titulou-se com solução de tiossulfato de sódio (0,010 mol L-1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nos testes realizados para determinar o índice de acidez (IA), observou-se que após o período de 576 horas, em estufa a 90 °C, e análises com intervalos de 72 horas houve um considerável aumento deste parâmetro para a amostra isenta dos aditivos de interesse. Este aumento do IA pode ser associado à oxidação dos ésteres de ácidos graxos presentes no biodiesel, cujo processo pode envolver reações entre radicais livres, oxigênio molecular e/ou metais entre outras espécies. Observou-se ainda que, o biodiesel acrescido do corante SD-II ou o antioxidante sintético TBHQ sofreu degradação mais lenta que a amostra controle, demonstrando menor suscetibilidade à oxidação quando submetido ao processo degradativo em estufa. Os valores de IA encontrados situaram-se entre 0,60 e 5,70 mg KOH/g de amostra, sendo que os menores valores foram observados para o biodiesel acrescido do corante SD-II. Na Figura 1, verifica-se que o aumento do índice peróxido (IP) foi nitidamente visualizado no biodiesel isento dos aditivos, indicando que a formação de peróxidos ocorreu rapidamente após o período de armazenamento a uma temperatura de 90°C. Todavia, para o biodiesel acrescido do corante SD-II, observou-se uma maior resistência frente à formação de peróxidos, indicando que houve menor susceptibilidade ao processo degradativo frente às condições de estocagem. Os valores encontrados para o IP durante o período de estocagem em estufa, a 90 °C, foram menores que 120 meq/kg de amostra para as análises realizadas nas amostras contendo o corante SD-II.



Figura 1. Variação do índice de peróxido com o decorrer do tempo de estocagem, em estufa, sob temperatura controlada de 90 ºC.

CONCLUSÕES: Os resultados prévios evidenciaram que o corante SD-II e a combinação SD-II + TBHQ pode ser uma alternativa viável a estabilização do biodiesel, uma vez que as amostras realizadas contendo esses aditivos possuíram menores valores para os índices de acidez e peróxido. Estudos adicionais serão realizados para complementar tais evidências e apresentar uma discussão mais confiável sobre tais parâmetros.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao apoio financeiro do CNPq, CAPES e UFGD.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FERRARI, R.A.; SOUZA, W.L. Avaliação da estabilidade oxidativa de biodiesel de óleo de girassol com antioxidantes. Química Nova, v. 32, p. 106-111, 2009.
LUTZ, A. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3a ed., São Paulo, 1985.
SILVA, M.C.D.; CONCEIÇÃO, M.M.; FERNANDES, Jr. V.J.; SANTOS, I.M.G., SOUZA, A. G. Avaliação do Efeito Antioxidante do Líquido da Castanha de Caju (LCC) em Óleo e Biodiesel de Mamona, Biodiesel o novo combustível do Brasil, v.1, p. 192-195, 2006.
SUAREZ, P.A.Z.; MENEGHETTI, S.M.P.; MENEGHETTI, M.R. e WOLF, C.R. Transformação de triglicerídeos em combustíveis, materiais poliméricos e insumos químicos: algumas aplicações da catálise na óleoquímica. Química Nova, v. 30, p. 667-676, 2007.
SUAREZ, P.A.Z.; SANTOS, A.L.F.; RODRIGUES, J.P.; ALVES, M.B. Biocombustíveis a partir de óleos e gorduras: desafios tecnológicos para viabilizá-los. Química Nova, v. 32, p. 768-775, 2009.