Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: Avaliação de méis de abelhas apis mellifera produzidos e comercializados no estado da Bahia com base nas propriedades físico-químicas
AUTORES: Souza, M.M. (UESB) ; Oliveira, M.D. (UESB) ; Silva, A.P.S.S. (UESB) ; Luz, Y.A.M. (UESB) ; Santos, J.S. (UESB) ; Santos, M.L.P. (UESB)
RESUMO: Foram avaliadas 47 amostras de méis de abelhas apis mellifera de origem
monofloral e multifloral obtidas de diferentes municípios no estado da Bahia,
entre janeiro de 2012 a março de 2013. As amostras foram submetidas às análises de
pH, acidez total, cor, condutividade elétrica, prova de Fiehe, prova de Lund,
umidade, brix, açúcar redutor e açúcar não redutor. A maioria das amostras
avaliadas apresentou características de acordo com os padrões estabelecidos pela
legislação brasileira. Porém, algumas amostras não se enquadraram de acordo com o
índice permitido, indicando um comprometimento na qualidade desses méis, havendo
assim, necessidade de controle mais efetivo dos méis produzidos e comercializados
no estado da Bahia.
PALAVRAS CHAVES: Mel; abelhas apis mellifera; análise físico-química
INTRODUÇÃO: Com a divulgação dos benefícios dos alimentos naturais e dos chamados
“orgânicos” nos últimos anos, tem crescido significativamente a demanda pelo
consumo e uso terapêutico do mel, que é um produto natural com alto valor
nutritivo, produzido pelas abelhas através do néctar coletado de diferentes
plantas. Na Bahia, seguindo esta tendência, vem crescendo a produção de mel e,
proporcionalmente, o interesse de pessoas mal intencionadas diante dessa
demanda. Neste contexto, torna–se necessário prevenir a ocorrência de fraudes ou
adulteração desses produtos através das análises referentes à sua qualidade e
consequentemente colaborar para a caracterização e criação de padrões de
qualidade dos méis brasileiros de acordo aos fatores edafo-climáticos e
florísticos de cada região (SODRÉ et al., 2000). A aplicação de produtos
químicos nos solos e nas culturas é utilizada principalmente para o suprimento
de nutrientes, correção da acidez dos solos e no controle de doenças, pragas e
ervas daninha nas lavouras. Entretanto, segundo RISSATO (2006), as abelhas
conseguem percorrer aproximadamente 7 Km2 nas áreas que circundam seu
habitat, podendo assim interceptar diferentes elementos indesejáveis ao
ambiente que podem vir a estar presentes no mel. A análise dos parâmetros
físico-químicas em méis vem contribuindo de forma significativa para um controle
de qualidade e para fiscalização de diferentes méis encontrados no mercado
(EVANGELISTA- RODRIGUES, 2005; LACERDA, et al. 2010). Desta forma, este trabalho
tem como objetivo avaliar a qualidade dos méis de abelhas apis mellifera,
produzidos em diferentes municípios do estado da Bahia com base nas propriedades
físico-químicas, bem como avaliar os possíveis riscos a saúde da população e o
frescor dos méis.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram obtidas 47 amostras de méis de abelhas apis mellifera em diferentes
municípios do estado da Bahia. As determinações dos parâmetros físico-químicas
foram realizadas no Laboratório de Química Analítica e Ambiental da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB e foram submetidas às diferentes técnicas
de análises. Para a determinação do pH foi utilizado um pHmetro de bancada
Digimed(DM 20), seguindo a metodologia estabelecido pela International Honey
Commission (LACERDA et al. 2010). A acidez total dos méis foi determinada
seguindo o método nº 962.19 da AOAC (1998) a qual é obtida por meio da
determinação da acidez livre e lactônica (WELKE et al. 2008). Para determinar os
valores de umidade e o ºBrix, foi utilizado um refratômetro ABBE de bancada
Quimis, modelo: Q 767B, seguindo o método refratometrico de Chataway, revisado
por Wedmore (LACERDA, et al. 2010). O refratômetro dispõe também de uma escala
que expressa diretamente o valor Brix (ºBx). Para a determinação da cor no mel
foi utilizado o método de Bianchi (1981), que consiste na medida de absorbância
a 635 nm de uma solução 50% (m/v) de mel em água cujo resultado é expresso em mm
Pfund. Seguindo-se as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz foi realizada a
prova de Lund, que é um teste de qualidade do mel que parte do princípio da
precipitação de albuminoides que são componentes naturais do mel, pela ação do
acido tânico (MARCUCCI, et al., 2009); a prova de Fiehe foi baseada na reação da
cor que ocorre entre a solução clorídrica de resorcina e o HMF(LANARA, 1981)e
por fim, a análise dos açúcares redutores e sacarose aparente através da
titulação volumétrica utilizando os reativos Fehling A e B, e o azul de metileno
como indicador (LANE & EYNON,1934).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Conforme os resultados encontrados nas analises físico-químicas, 8% das amostras
avaliadas apresentaram níveis de umidade acima do permitido pela legislação
brasileira que é de 20%. Favorecendo a fermentação do mel (CAMARGO, et al.
2003). O valor médio de acidez encontrado para as amostras foi de 37,98 Meq Kg-
1, este valor está próximo ao encontrado por LACERDA et al.(2010). Porém, 13%
das amostras apresentaram-se acima do máximo permitido, podendo ser associado à
origem botânica ou armazenamento inadequado do produto. Os valores encontrados
para o ºBrix são próximos aos encontrados por CARVALHO et al.(1998) e SILVA et
al.(2004). Para a condutividade elétrica, 38% das amostras apresentaram valores
fora dos padrões exigidos pelas normas internacionais (BOGDANOV et al., 1997). O
pH variou de 3,28 à 4,63; esses resultados estão de acordo aos encontrados por
EVANGELISTA-RODRIGUES et al. (2005) e pela legislação em vigor; sendo que apenas
uma amostra obteve um resultado superior ao permitido. Para aproximadamente
12,7% das amostras avaliadas, a concentração de açúcares redutores e a sacarose
aparente ficaram acima do permitido pela legislação. Os valores na reação de
Lund apresentaram uma variação de 0,93 a 3,10 mL das amostras analisadas, apenas
em duas amostras não houve precipitação de substâncias albuminoides, que são
componentes naturais do mel. Na prova de Fiehe, 8 amostras apresentaram
resultados positivos, indicando a presença de Hidroximetilfurfural(HMF). Em
relação à coloração das amostras avaliadas, foram encontradas todas as classes
de cores estabelecidas pela classificação do mel na tabela Pfund (LACERDA,
2010). Na qual, 29% apresentaram a cor branca, 19% extra branco, 17% âmbar
extra-claro; 13% âmbar-claro, 13% âmbar-escuro, branco-água e 2% âmbar.
Tabela 1: Resultados das análises físico-químicas
das 47 amostras de mel produzidos em diferentes
municípios do estado da Bahia.
CONCLUSÕES: A grande variação nos resultados, pode ter ocorrido devido a grande diversidade
florística utilizada pelas abelhas, bem como os seus locais de origem. Em relação
as adulterações ou contaminações encontradas e alguns méis, faz-se necessário um
cuidado especial dos apicultores na padronização dos méis, desde a sua produção
até a sua comercialização.
AGRADECIMENTOS: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA- UESB
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AOAC-Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis. 16.ed. rev.4. Washington, 1998. 1170p.
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EVANGELISTA-RODRIGUES, A.; SILVA, E. M. S.; BESERRA, E. M. F.; RODRIGUES, M. L. Análises físico-química dos méis das abelhas Apis mellifera e Melipona scutellaris produzidos em duas regiões no Estado da Paraíba, 2005.
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