53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Físico-Química

TÍTULO: Capacidade adsortiva e influência do pH no comportamento eletroquímica do complexo Cr(VI)-alizarina adsorvido na superfície do eletrodo de grafite pirolítico (edge)

AUTORES: Furtado, N.J.S. (UFPI) ; Farias, E.A.O. (UFPI) ; Silva, J.P.R. (IFPI) ; Lima Neto, S.M. (IFPI) ; Silva, J.B. (IFPI) ; Magalhães, J.L. (UFPI) ; Eiras, C. (UFPI) ; Leite, J.R.S.A. (UFPI)

RESUMO: O objetivo deste estudo foi verificar a capacidade adsortiva do complexo Cr(VI)- alizarina (Cr(VI)-alz), e a influência do pH na resposta eletroquímica do eletrodo de grafite pirolítico plano edge (EGP-edge) modificado pelo Cr(VI)-alz. Considerando 40 s o tempo de imersão, a relação linear entre corrente de pico versus velocidade de varredura confirmou a presença de um processo adsortivo para o complexo metálico. Obteve-se melhores resoluções em pH 6,52, havendo deslocamento de potencial para lado negativo com o aumento de pH. O pH 6,52 será o pH de estudo para uma posterior quantificação (voltametria de redissolução) do íon Cr(VI) em matrizes de interesse ambiental.

PALAVRAS CHAVES: Complexo Cr(VI)-alizarina; Caracterização; Grafite Pirolítico edge

INTRODUÇÃO: O corante alizarina (alz) (1,2-dihidróxi-9,10-antraquinona) é caracterizado pela presença de duas hidroxilas ligadas à estrutura central de uma antraquinona. As propriedades complexantes da alizarina são as responsáveis por sua larga aplicabilidade na determinação de metais associados a diversas técnicas analíticas, tais como: espectrofotometria, polarografia, voltametria e cromatografia. O poder de complexação da alizarina está relacionado à presença do grupo paraquinona e de suas hidroxilas, através dos quais os íons metálicos presentes em solução podem ser complexados e pré-concentrados na superfície do eletrodo (FERNANDES, 1998). A literatura mostra aplicações de eletrodos de grafite pirolítico para fins analíticos, isto se deve ao aumento da sensibilidade devido à adsorção espontânea de espécies químicas que modificam quimicamente a superfície desses eletrodos gerando os eletrodos quimicamente modificados (EQM). Estes eletrodos são largamente utilizados para evidenciar diversos íons metálicos (ex: Cu(II), Cu(I), Al(III), Fe(III) e etc.) em meio aquoso, isto é possível com o estudo de especiação desses complexos na superfície do eletrodo. Na caracterização eletroquímica de complexos metálicos adsorvidos na superfície de eletrodos sólidos, parâmetro, tais como: pH e capacidade adsortiva, são importantes para compreensão dos processos eletroquímicos estudados. Até o momento não existem discussões na literatura sobre o comportamento eletroquímico do Cr(VI)-alz em EGP-edge, e isto motivou a realização do presente estudo. Sobre essas bases, este trabalho teve como objetivo verificar a capacidade adsortiva do Cr(VI)-alz, e a influência do pH na resposta eletroquímica do EGP-edge modificado por esse complexo metálico.

MATERIAL E MÉTODOS: As medidas de voltametria cíclica foram realizadas no Potenciostat/Galvanostato Autolab PGSTAT 128N, acoplado a um computador com o software Nova 1.6 para obtenção dos voltamogramas. Realizou-se os experimentos em célula eletroquímica de 50,0 mL, onde adicionou-se na mesma 20 mL de tampão Britton Robisson (BR). A célula continha entradas para eletrodos de referência (calomelano saturado), de trabalho (EGP-edge), auxiliar (fio de platina. Entende-se como plano edge o corte do grafite pirolítico de forma perpendicular ao plano basal. Para compreender o comportamento do complexo Cr(VI)-alz adsorvido na superfície do eletrodo foram estudados dois parâmetros nos experimentos eletroquímicos: capacidade adsortiva e influência do pH. Os estudos foram realizados em meio aquoso, primeiramente, houve a modificação da superfície do EGP-edge com alizarina. Esta modificação foi obtida com a imersão do EGP-edge na solução aquosa (1x10-3 mol L-1) de alizarina por 40 s, sobre agitação mecânica, após isto o eletrodo foi ciclado, retirado da célula e imerso por 40 s numa solução ácida de K2Cr2O7 a 1x10-2 mol L-1. No teste de capacidade adsortiva os registros dos voltamogramas cíclicos foram obtidos em pH 6,52 nas velocidades de varreduras de 50, 100, 150, 200 e 250 mV s-1. O pH do tampão BR foi ajustado com a adição da solução de NaOH (1,0 mol L-1) gota a gota até alcançar os pHs 5,1, 5,3, 5,62, 5,90 e 6,52, onde foi avaliada a influência desses pHs no comportamento eletroquímico do Cr(VI)-alz.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O Cr(VI)-alz apresentou capacidade adsortiva característica, pois o aumento da velocidade de varredura (v) foi proporcional ao aumento da corrente de pico (ip), como pode ser observado na Figura 1. O complexo Cr(VI)-alz fica adsorvido na superfície do EGP-edge por um processo de adsorção, encontrou-se uma relação linear com R2 = 0,9997 para corrente de pico da onda II, e de 0,9453 para corrente de pico da onda II’. Nesta situação, a relação ip x v é mais linear para corrente de pico anódica do que para corrente de pico catódica, mostrando que a onda anódica mesmo em altas velocidades de varredura não apresenta desvio da linearidade que seria decorrente de um processo de dessorção, no qual o complexo formado seria retirado da superfície do EGP-edge para a solução, causando um processo difusional (FERNANDES, 1998; MOUCHREK FILHO et al., 1999). Os processos redox do complexo Cr(VI)-alz foram dependentes do pH do meio. Em pH 5,90 uma onda anódica (-0,029 V) e catódica (-0,231 V) foram mais bem definida do que nos pHs anteriores. A medida que o pH aumenta os processos redox vão sofrendo melhor definição até alcançar um máximo em pH 6,52 (Figura 2), onde as ondas anódica e catódica corresponderam a respectivamente: -0,033 V e -0,326 V. O aumento do pH provocou um deslocamento de potencial para o lado mais catódico, conforme esperado teoricamente para espécies químicas eletroativas que obedece a equação de Nernst (BARD; FAULKNER, 2001). Em pHs abaixo de 5,10 há alguma forma de competição entre os íons Cr(VI) e H+ pelos elétrons livres dos dois grupos hidroxilas do ligante alizarina, este mecanismo impede a formação das ondas voltamétricas (II e II’). Já em pHs maiores do que 6,52 há precipitação do metal na forma de seu hidróxido metálico.

Figura 1

Voltamogramas cíclicos da capacidade adsortiva do Cr(VI)-alz em EGP-edge (0,172 cm2), tampão BR pH 6,52 em diferentes velocidades de varreduras

Figura 2

Voltamogramas cíclicos do complexo Cr (VI)-alz em diferentes valores de pH, obtidos em Tampão BR, v = 50 mV s-1

CONCLUSÕES: A relação linear entre ip x v confirma que o Cr(VI)-alz adsorve na superfície do EGP-edge por um fenômeno de adsorção. O pH influência os processo redox do complexo metálico, sendo a melhor resolução dos processos eletroquímicos obtida em pH 6,52. O aumento de pH mostra que o complexo Cr(VI)-alz obedece a equação de Nernst, com deslocamento de potencial para o lado negativo. O pH de 6,52 é próximo ao da água proveniente de efluentes líquido de curtumes, mostrando que esse deve ser o pH utilizado na posterior determinação do Cr(VI) com as técnicas de voltametria de redissolução.

AGRADECIMENTOS: Ao IFPI, UFPI e ao Grupo BIOTEC

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARD, A. J.; FAULKNER, L. R. Electrochemical methods, fundamentals and applications. John Wiley and Sons; New York, 2001.

FERNANDES, E. N. Estudo comparativo de algumas alizarinas por voltametria e espectrofotometria. 1998. 87 f. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal do Maranhão, São Luis, 1998.

MOUCHREK FILHO, V. E.; MARQUES, A. L. B.; ZHANG, J. J.;CHIERICE, G. O. Surface Complexation of Copper(II) with Alizarin Red S Adsorbed on a Graphite Electrode and Its Possible Application in Electroanalysis. Electroanalysis, vol. 11, n° 15, p. 1130-1136, 1999.