53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Físico-Química

TÍTULO: Emprego de Isotermas para a avaliação da adsorção de íons de níquel(II) em quitosana

AUTORES: Sousa, R.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Sousa, J.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Signini, R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS)

RESUMO: Neste trabalho utilizou-se as isotermas de adsorção para avaliar a adsorção de níquel(II) em quitosana. Realizou-se um estudo do tempo de equilíbrio por medidas condutimétricas a qual foi de 210 minutos. Foi utilizado as isotermas de Langmüir e Freundlich para avaliar a adsorção de níquel(II) pela quitosana. Dos resultados obtidos a partir da isoterma de Langmüir tem-se que o valor KL foi 0,025 L/mg e qmax foi de 16,61 mg/g , o parâmetro de equilíbrio foi de 0,30 e o calor de adsorção foi de 9,1 kJ/mol. A partir da isoterma de Freundlich tem que o valor de KF foi de 1,2 e o valor de n foi de 1,9. Os resultados sugere que a quitosana possui afinidade pelos íons de niquel(II) e que a adsorção é favorável e tem uma fissorção. endotérmico.

PALAVRAS CHAVES: Isotermas de adsorção; níquel(II); quitosana

INTRODUÇÃO: A atividade industrial pode gerar condições desfavoráveis ao meio ambiente, contribuído muito para um aumento significativo nas concentrações de íons metálicos em águas, as quais podem vir a serem prejudiciais ao homem. Os métodos de tratamentos que podem ser usados para remover metais tóxicos de resíduos aquosos são precipitação, redução, troca iônica, processo de membrana e adsorção (GUIMARÃES, NOUR, 2001). Dentro do tratamento por adsorção, um dos métodos mais vantajosos é a bioadsorção. No processo de bioadsorção pode-se remover metais tóxicos da água com a mesma capacidade dos adsorventes convencionais, entretanto, os bioadsorventes apresentam menor custo, apresenta uma seletividade a alguns íons mesmo na presença de altas concentrações de outros íons. Além disto, os bioadsorventes podem ser regenerados e reutilizados. Um bioadsorvente que pode ser utilizado em estudos de remoção de metais em efluentes líquidos é a quitosana e seus derivados (NGAH, TEONG, HANAFIAH, 2011, GHAEE et al., 2012, GUIBAL, 2004). A quitosana é o principal derivado da quitina, obtido a partir da desacetilação por processo de hidrólise básica, apesar de que se pode encontrá-la em fungos. (MUZZARELLI, 1985; ROBERTS, 1982). Quitosana possuem a capacidade de interagir com diferentes substâncias, tais como lipídeos, proteínas, corantes, íons metálicos, herbicidas e pesticidas, o que indica potenciais aplicações voltadas para a concentração, recuperação, análise e separação dessas substâncias bem como para a descontaminação de efluentes industriais. Sendo assim, neste trabalho foi utilizado isotermas de adsorção de Langmüir e de Freundlich para avaliar a adsorção de níquel(II) em quitosana.

MATERIAL E MÉTODOS: Tempo de Equilíbrio: Foram adicionados em torno de 100 mg de quitosana em 50 mL de solução de íons de níquel(II) de concentração 100 mg/L. Foram feitas medidas da condutividade da solução de tempos em tempos, a fim de obter um gráfico de condutância em função do tempo para observar o tempo de equilíbrio da adsorção de níquel(II) pela quitosana. As medidas de condutividade foram realizadas em condivimetro mcA 150. Estudos de Adsorção: Foi adicionado 50 mL de soluções de níquel(II) em torno de 50 mg de quitosana. As suspensões foram mantidas em um banho Maria termostatizado metabólico tipo Dubnoff com agitação pendular. As soluções foram mantidas à temperatura de 25,5 ± 0,5ºC sob agitação durante o tempo de equilíbrio. Após esse período a solução foi filtrada em papel de filtro e guardada para análise por espectroscopia de absorção atômica. A massa da quitosana foi mantida fixa variando a concentração da solução de níquel(II), sendo que as concentrações do íon níquel(II) variaram de 20 até 100 mg/L. As análises foram realizadas em espectrofotômetro de absorção atômica AAnalyst 400 da Perkin Elmer.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O tempo de equilíbrio de adsorção dos íons níquel(II) em quitosana foi de 210 minutos, sendo este tempo utilizado para o estudo de adsorção. A análise da adsorção de íons se baseia nas isotermas de adsorção. Nesse trabalho foram empregadas as isotermas de Langmüir e Freundlich para se tratar os dados experimentais do processo de adsorção (ATKINS, DE PAULA, 2008). A partir da isoterma de Langmüir a quantidade máxima(qmax) de níquel (II) adsorvido foi de 16,61 mg de níquel(II) por grama de quitosana e KL (constante de Langmüir) foi de 0,025L/mg. O valor de qmax obtido neste trabalho para adsorção de níquel(II) está superior ao encontrado por Ghaee et al, 2012 (qmax=5,21mg/g), porém inferior ao encontrado por Popuri et al, 2009 (qmax=120,5mg/g). Além dos parâmetros expostos, a partir da isoterma de Langmüir (FUNGARO, DA SILVA, 2002) tem-se o RL, denominado parâmetro de equilíbrio, que para valores de 0 a 1 considera processo de adsorção favorável, neste estudo, obteve um valor de RL igual a 0,30, o que sugere uma adsorção favorável. Pelo modelo de Langmüir pode também calcular o calor de adsorção (CHAVES et al.; 2009) a qual foi cerca de 9,1 kJ/mol caracterizando uma adsorção física, devido ao baixo calor de adsorção e um processo endotérmico. A partir da isoterma de Freundlich obteve-se um valor de n igual 1,9 e KF (constante de Freundlich) igual a 1,2. Para valores de n entre 1 e 10, a adsorção é considerada favorável, tendo neste caso, um valor de n igual a 1,9 o que confirma a espontaneidade da adsorção já pré-determinada pelo parâmetro RL. Os coeficientes de correlação obtidos nas isotermas estão muito próximos entre si, consequentemente não é possível sugerir se o processo de adsorção ocorre em monocamadas ou multicamadas

CONCLUSÕES: a) A quitosana apresentou afinidade com os íons de níquel (II) apresentando um valor de qmax igual a 16,61 mg de níquel(II) por g de quitosana. b) O processo de adsorção de íons níquel(II) pela quitosana foi classificado como adsorção física, possuindo baixo calores de adsorção, além de um processo endotérmico. c) O valor obtido de n obtido pelo modelo de Freundlich e de RL (parâmetro de equilíbrio) sugere-se que a quitosana possui boa afinidade com os íons de níquel (II) e que a adsorção é favorável.

AGRADECIMENTOS: Agradecimentos a UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS (UEG)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ATKINS P., DE PAULA J. Físico-química. Rio de Janeiro-RJ. Editora LTC, 8.ed. v. 2, p. 322-330, 2008
CHAVES, T.F.; QUEIROZ, Z.F.; SOUSA, D.N.R.; GIRÃO, J.H.S.; RODRIGUES, E.A. Uso da Cinza da Casca do Arroz (CCA) obtida da Geração de Energia Térmica como Adsorvente de Zn(II) em Soluções Aquosas. Química Nova, v. 32, n. 6; p. 1378-1383, 2009.
FUNGARO, D.A.; DA SILVA, M. G. Utilização de Zeólita Preparada a Partir de Cinza Residuária de Carvão como Adsorvedor de Metais em Água. Química Nova, v. 25; N. 6B; p. 1081-1085, 2002.
GHAEE, A.; NIASSAR, S. M.; BARZIN, J.; ZARGHAN, A. Adsorption of copper and nickel ions on macroporous chitosan membrane: Equilibrium study. Applied Surface Science, v.258, p. 7732-7743, 2012.
GUIBAL, E. Interactions of metal ions chitosan-based sorbents: a rewiew. Separation and Purification Technology, v.38, p. 43-74, 2004.
GUIMARÃES J. R., NOUR E.A.A. Tratando nossos esgotos: processos que imitam a natureza. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, p. 19-30, 2011.
MUZZARELLI, R.A.A. Chitin. New York:Pergamon Press, p. 1-4, 1977
NGAH, W.S.; TEONG, L.C.; HANAFIAH, M.A.K.M. Adsorption of dyes and heavy metal ions by chitosan composites: A review, Carbohydrate Polymers, v.83, p.1446-1456, 2011.
POPURI, R. S.; VIJAYA, Y.; BODDU, M. V.; ABBURI, K. Adsorptive removal of copper and nickel ions from water using chitosan coated PVC beads - Bioresource Technology, v.100, p. 194–199, 2009.
ROBERTS, G. Chitin Chemistry. London: Macmillan, p.349, 1992.