Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Química Inorgânica
TÍTULO: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DOS COMPLEXOS TENDO COMO LIGANTES N-METILAMINAPIRAZINAMIDA E N-ISOPROPILAMINAPIRAZINAMIDA E O ÍON PENTACIANOFERRATO(II)
AUTORES: Silva, N. (UECE) ; Santos, N. (UECE) ; Faustino, R. (UECE) ; Nascimento, J. (UECE) ; Sousa, R. (UECE) ; Coelho, A. (UECE)
RESUMO: A tuberculose é uma doença contagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis.
A Pirazinamida é a terceira droga mais usada. Em virtude do surgimento da
tuberculose multi-resistente, procurou-se sintetizar análogos da mesma a partir
da sua modificação e coordenação ao íon pentacianoferrato(II). Sintetizou-se o
íon amimpentacianoferrato(II), em seguida ele foi coordenado aos ligantes de
pirazinamida modificada com metilamina e isopropilamina. Os complexos
apresentaram máximo de absorção diferentes para o complexo
pentaciano(pirazinamido)ferrato(II) de sódio, bem como os valores de
absortividades molares. O resultado da síntese também foi reforçado pelos
deslocamentos negativos observados no espectro de infravermelho e os espectros
de ressonância magnética nuclear de carbono 13 e próton.
PALAVRAS CHAVES: Pirazinamida modificada; íon pentacianoferrato; Mycobacterium tuberculosi
INTRODUÇÃO: A tuberculose (TB) é um grande problema de saúde no Brasil assim como, se estima
que um terço da população mundial, esteja infectada com o Mycobacterium
tuberculosis, bacilo causador da doença. Em torno de oito milhões de novos casos
e quase três milhões de mortes por tuberculose ocorrem anualmente no mundo.
Prevenção, detecção, diagnóstica e tratamento reduzem muito o número de pessoas
que morrem por causa da doença, entretanto o surgimento da tuberculose multi-
resistente e tuberculose resistente a medicamentos resultou em um grande revés
na luta global contra a tuberculose. O tratamento dessa enfermidade é feito pela
administração das drogas Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida (PZA) e
Etambutol, sendo a Pirazinamida a terceira droga mais usada no tratamento (SOUZA
e VASCONCELOS, 2005). A síntese de análogos da PZA e a sua complexação ao íon
pentacianoferrato(II) representam uma importante e nova linha de desenvolvimento
de drogas no combate a tuberculose, daí a importância da busca de novos análogos
da mesma para o combate dessa patologia.
Tendo em vista a experiência do nosso grupo em estudos envolvendo o íon
pentacianoferrato(II), buscou-se sintetizar e caracterizar por meio de
espectroscopia eletrônica, infravermelho e RMN dois complexos a partir dos
ligantes N-metilaminapirazinamida coordenado ao íon pentacianoferrato(II) e o N-
isopropilaminapirazinamida coordenado ao mesmo íon.
MATERIAL E MÉTODOS: No presente trabalho foram sintetizados os seguintes complexos:
pentaciano(pirazinamido)ferrato(II) de sódio, pentaciano(N-metilamina-1-
metilpirazinamido)ferrato(II) de sódio e pentaciano(N-isopropilamina- 1 –
metilpirazinamido)ferrato(II) de sódio. Esses três complexos diferem no ligante.
A diferença entre os ligantes é apenas uma modificação feita na PZA. Um complexo
é feito com a PZA, outro é produzido com a PZA ligada a um grupamento metilamina
e o terceiro complexo é a PZA ligada a uma isopropilamina. Em comum os três
compostos apresentam o íon pentacianoferrato(II). Este íon complexo foi
sintetizado
para ser utilizado como íon precursor na síntese três complexos. Paralelamente a
esse procedimento, foram sintetizados os dois ligantes e, por fim, foi realizada
a síntese de complexação dos três complexos.
SÍNTESE DOS COMPLEXOS PENTACIANO(PIRAZINAMIDO)FERRATO(II) DE SÓDIO,
PENTACIANO(N-METILAMINA-1-METILPIRAZINAMIDO)FERRATO(II) DE SÓDIO E PENTACIANO(N-
ISOPROPILAMINA-1-METILPIRAZINAMIDO) FERRATO (II) DE SÓDIO
Para a síntese dos complexos necessita-se dos ligantes sintetizados
anteriormente. Solubilizou-se cada ligante separadamente e adicionou cada um a
uma solução aquosa de aminpentacianoferrato(II) de sódio. Após o período
reacional, filtrou-se os precipitados avermelhados e esponjosos e armazenou-os
no dessecador na ausência de luz.
Para os três complexos em estudo foram realizadas análises para caracterização.
Realizaram-se teste de solubilidade, análises de UV-Vis, infravermelho e RMN.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O teste de solubilidade dos complexos apresentou boa solubilidade em água. Os
mesmos possuem coloração avermelhada, fato que segundo a literatura é uma
característica da formação de complexos com o íon pentacianoferrato(II). A
análise quantitativa espectrofotométrica na região do visível revelou valores
distintos para absorção máxima e absortividade molar. O complexo
pentacianopirazinamidoferrato(II) de sódio apresentou valores de máximo de
absorção em 402,50nm e absortividade molar de 2,763x103 mol-1.L.cm-1. O
pentaciano(N-metilamina-1-metilpirazinamido]ferrato(II) de sódio apresentou
absorção máxima em 489,50 nm e absortividade molar de 726,515 mol-1. L.cm-1.
Para análise do complexo pentaciano(N-isopropilamina-1–
metil)pirazinamido)ferrato(II)de sódio observou-se comprimento de onda no valor
em 491,50nm e absortividade molar de 1,374 x 103 mol-1. L.cm-1.
Na análise de infravermelho de todos compostos observou-se em a presença da
banda em 1024,1261cm-1 característica do anel da pirazinamida. O espectro dos
três complexos revelou um deslocamento negativo para 902,68cm-1 como pode ser
observado através da figura 1 e 2.
Esse comportamento pode ser atribuído à coordenação do íon pentacianoferrato(II)
pelo nitrogênio na posição 4 do anel da pirazinamida. Esta coordenação torna o
anel mais “preso”, diminuindo a vibração, o que ocasiona uma diminuição da banda
vibracional do anel pirazínico. Os espectros de RMN de carbono 13 e próton tanto
dos ligantes livres quanto coordenados evidenciam a modificação pretendida na
pirazinamida assim como mostram que os ligantes estão complexionados ao íon
pentacianoferrato quando comparados com o espectro do íon
pentaciano(pirazinamido)ferrato(II)
Espectros dos ligantes e complexos sintetizados
Apresenta os espectros dos ligantes
isopropilaminapza e pza, e os espectros desses
ligantes com o íon amimpentacianoferrato(II).
Espectros dos ligantes e complexos
Apresenta os espectros dos ligantes metilaminapza e
pza, e os espectros desses ligantes com o íon
amimpentacianoferrato(II).
CONCLUSÕES: A partir dos dados observados nas análises realizadas por espectroscopia
eletrônica, pode-se sugerir que houve uma modificação do complexo formado a partir
da coordenação da pirazinamida com o íon pentacianoferrato(II), bem como a
formação de complexos distintos após a modificação da pirazinamida, através da
incorporação dos ligantes metilamina e isopropilamina. O deslocamento observado
nos espectros de infravermelho reforça que houve a formação de complexos
diferentes, a partir da modificação da pirazinamida. Os espectros de RMN levam a
conclusão semelhante.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARROS, A. S., Estudo da Complexação do íon pentacianoferrato(II) com o ligante N(metil-morfolino)pirazinamida. Monografia de graduação do curso de Lic. Plena em Química da Universidade Estadual do Ceará (UECE), 2006.
SOUZA, M. V. N e VASCONCELOS, T. R. A., Fármacos no combate à tuberculose: presente, passado e futuro. Química Nova, Vol. 28, Nº. 4, p. 678-682, 2005.