53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: CONSIDERAÇÕES ACERCA DA SITUAÇAO DAS CONDIÇÕES DE VIGIÂNCIA DA QUALIDADE E DOS CRITÉRIOS DE POTABILIDADE DA ÁGUA EM ALAGOAS

AUTORES: Santos Júnior, C.J. (IFAL) ; Bastos, T.M. (IFAL)

RESUMO: Este artigo tem por objetivo analisar a importância da qualidade da água para consumo humano, focando a situação da vigilância dos parâmetros de qualidade e potabilidade deste recurso em Alagoas. Realizado a partir de uma pesquisa de caráter bibliográfico, este estudo envolve dados sobre as condições do monitoramento da qualidade da água em Alagoas. Observou-se que, a Portaria de n° 2914/2011, do Ministério da Saúde, vem sendo descumprida no estado, a exemplo da não realização do monitoramento de agrotóxicos na água para consumo humano por parte dos órgãos responsáveis. Espera-se, desse modo, despertar a população local e os órgãos envolvidos para o controle eficaz desse recurso, de forma a garantir o cumprimento da legislação e a proporcionar uma melhor qualidade consumida pela população.

PALAVRAS CHAVES: Água; Potabilidade; Controle e vigilância

INTRODUÇÃO: A importância da água para a existência de vida na Terra é indiscutível. Esse recurso natural é fundamental para o desenvolvimento de diversas atividades, tais como a produção de alimentos, de energia, de bens de consumo, de transporte e de lazer, assim como para a manutenção e o equilíbrio ambiental dos ecossistemas terrestres. (LIMA, 2001). Os efeitos na qualidade e na quantidade da água disponível, relacionados com o rápido crescimento da população mundial e com a concentração dessa população em grandes centros urbanos podem afetar, e até mesmo inviabilizar, a vida humana e o desenvolvimento econômico e social de uma região. (FREITAS, M. B. et al., 2001). Em situações onde predominam a falta de um sistema de abastecimento de água adequado, a água pode trazer riscos à saúde, o que interfere negativamente na sua qualidade, contribuindo para a incidência de contaminações por vários agentes biológicos e químicos. Essas contaminações representam um dos principais riscos à saúde pública, sendo amplamente conhecida a estreita relação entre a qualidade de água e inúmeras enfermidades que acometem as populações, especialmente aquelas não atendidas por serviços de saneamento de qualidade. (LIBÂNIO, P. A. C. et al.,2005). A preocupação descrita com relação à água motivou o desenvolvimento deste trabalho, que tem por objetivo expor dados acerca da vigilância dos critérios de potabilidade e qualidade da água no estado de Alagoas. Foi realizada uma pesquisa de caráter bibliográfico, a partir de relatórios do Ministério da Saúde que tratam dessa questão. Foram consultados ainda os normativos que estabelecem os padrões sobre o abastecimento e distribuição da água para consumo em âmbito nacional e alguns trabalhos científicos que abordam temas relacionados ao assunto em estudo.

MATERIAL E MÉTODOS: CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO O estado de Alagoas (AL) possui uma área de 27.779,343 Km², divididos em 102 municípios e uma população recenseada estimada em 3.120.494 habitantes (IBGE, 2010). O abastecimento de água em 76 municípios do estado é de responsabilidade da Companhia de Abastecimento de Águe e Saneamento do Estado de Alagoas – CASAL. Os municípios que não são atendidos pela CASAL dispõem de abastecimento de água próprio e baseados em formas alternativas de fornecimento, tais como poços, cisternas e cacimbas. A água tratada pela CASAL é proveniente, em sua maior parte, do Rio São Francisco e de outros mananciais, e é distribuída sistemas coletivos de abastecimentos. Tais Sistemas utilizam-se de um único manancial para o abastecimento de duas ou mais cidades, interligadas por uma série de adutoras. Em algumas situações o tratamento ocorre junto à área urbana, aduzindo-se água bruta. Em outras se tem Estações de Tratamento únicas, aduzindo água já tratada. (CASAL, 2013). COLETA DOS DADOS Foi realizada uma pesquisa de caráter bibliográfico, utilizando os dados o último relatório de avaliação da vigilância da qualidade da água no estado de Alagoas, sendo este referente ao ano de 2011, além de artigos científicos que abordam temas ligados à vigilância para controle da qualidade e potabilidade da água. O relatório consultado é uma ação do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – VIGIAGUA, e foi produzido pela Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde, que é um órgão do Ministério da Saúde. Foi analisada ainda a Portaria nº 2.914/2011, do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: No estado de Alagoas, conforme dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (2012), 73% da população é abastecida por Fornecimento coletivo de água por meio de sistema de abastecimento de água (SAA) e o restante utiliza soluções alternativas de abastecimento (SAC e SAI), conforme exposto na Fig. 1. Embora o abastecimento de água em Alagoas seja em sua maioria realizado por SAA, não significa que essa população receba água tratada, pois o estado apresenta um alto percentual de população abastecida por SAA sem tratamento em relação ao Nordeste e três vezes maior quando comparado ao Brasil. No estado de Alagoas, a quantidade de amostras realizadas em 2010 e 2011, para os parâmetros Turbidez, Cloro Residual Livre (CRL) e Coliformes Totais, está abaixo do estabelecido pela legislação, alcançando menos de 45% do total de amostras obrigatórias. Observou-se um aumento significativo para o parâmetro CRL, cujo valor em 2011 foi de 43,6% comparando-se com os 31,1% atingidos em 2010. Em relação à Turbidez (de 27% para 28,4%) e Coliformes Totais (de 33,8% para 34,4%), os percentuais mantiveram-se relativamente estáveis. Conforme Tabela 1, o percentual de amostras realizadas de acordo com o padrão de potabilidade (Portaria Ministério da Saúde n° 2914/11), para os sistemas de abastecimento do tipo SAA, é elevado, porém para as soluções alternativas, apenas o parâmetro Turbidez atingiu um percentual satisfatório, enquanto que para os parâmetros cloro residual livre e coliformes totais os percentuais atingidos estão bem abaixo do ideal. O monitoramento de cianobactérias e de agrotóxicos na água para consumo humano é estabelecido pela a Portaria 2914/11, do MS, porém, o estado de Alagoas, em desacordo com a legislação, não realizou o monitoramento de tais parâmetros em 2011.

Figura 1

Percentual de cobertura de abastecimento de água por forma de abastecimento em Alagoas-2011. Fonte: Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde, 2012.

Tabela 01

Percentuais de amostras realizadas em 2011, por forma de abastecimento, em conformidade com o padrão de potabilidade, em AL. Fonte: S.V.S, 2012.

CONCLUSÕES: A partir da análise dos dados, podemos perceber a necessidade de fortalecer a atuação do setor saúde e dos responsáveis pelo sistema de abastecimento de água, visando o cumprimento da legislação em vigor e consequentemente tornando a água fornecida à população do estado de Alagoas mais segura e com qualidade para prevenção de agravos e manutenção da saúde humana. Salienta-se a importância de articulação do setor saúde e dos órgãos afetos à qualidade da água para que sejam definidas estratégias de melhoria das condições sanitárias referentes ao abastecimento de água.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 2.914. Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 14 dez. 2011.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da qualidade da água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

Companhia de Abastecimento e Saneamento do Estado de Alagoas - CASAL. Sistemas Coletivos. Disponível em: <http://www.casal.al.gov.br/sistema-coletivo>. Acesso em: 09 jul.2013.

FREITAS, M. B. et al. Importância da análise de água para a saúde pública em duas regiões do Estado do Rio de Janeiro: enfoque para coliformes fecais, nitrato e alumínio. Cad. Saúde Pública [online]. 2001, vol.17, n.3, pp. 651-660.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Banco de dados do Censo 2010. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/estadosat/>. Acesso em: 08 jul. 2012.

LIBÂNIO, P. A. C. et al. A dimensão da qualidade de água: avaliação da relação entre indicadores sociais, de disponibilidade hídrica, de saneamento e de saúde pública. Eng. Sanit. Ambient. [online]. 2005, vol.10, n.3, pp. 219-228.

LIMA, J. E. F. W. Recursos Hídricos no Brasil e no Mundo. Planaltina: Embrapa, 2001.

Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Relatório de avaliação da Vigilância da Qualidade da Água no Estado de Alagoas – Ano base 2011. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.