Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: O Consumo de benzodiazepínicos por universitários e escolares – um estudo comparativo
AUTORES: Silva, G.O. (IFPE) ; Falcão, A.P.S.T. (IFPE) ; Texeira Filha, A.A. (IFPE) ; Souza Neto, E.G. (FAINTVISA) ; Cunha Filho, M. (UFRPE) ; Ataíde, I.S.C. (IFPE) ; Silva, M.J.L. (UPE) ; Santana, J.M. (IFPE) ; Silva, M.M. (IFPE)
RESUMO: Com as mudanças de hábitos presenciadas no século XXI, percebe-se a adaptação do
sono ao estresse vivenciado no cotidiano, ocorrendo a necessidade de fazer uso
de benzodiazepínicos – BDZs, a fim de controlar o sono. O estudo tem como
objetivo comparar a frequência de uso de BDZs entre escolares e universitários.
Para a obtenção dos dados foi aplicado um questionário com 14 questões aos 25
alunos do primeiro período do curso de licenciatura em química e aos 19
discentes da terceira série do ensino médio, ambos do IFPE – Campus Vitória.
Assim, foi possível identificar a utilização de BDZs de forma irregular,
concluindo que os escolares consomem o dobro de fármacos utilizados pelos
universitários. Portanto, fica evidente a carência de conhecimento a respeito do
risco da automedicação.
PALAVRAS CHAVES: Benzodiazepínicos; Universitários; Escolares
INTRODUÇÃO: No cotidiano é percebível o grande consumo de medicamentos que não foram
prescritos pelo médico, a disponibilidade no Sistema Único de Saúde - SUS, o
baixo valor comercial e o grande número de pessoas com problemas relacionados ao
sono são alguns dos principais fatores que fazem com que os benzodiazepínicos
(BDZs) sejam a terceira classe de medicamento mais prescrita no Brasil.
Disponíveis no mercado brasileiro desde a década de 60, os BDZs são fármacos que
tem função quase que exclusiva de atuar no sistema nervoso sobre a tensão e
ansiedade, por isso denominados ansiolíticos (CARLINI et al., 2001).
Muitas vezes o uso de BDZs por adultos começa quando há uma perca
emocional muito grande na vida do usuário, como a perca de um ente querido (é
comum durante o velório o médico prescrever algum calmante para tranqüilizar a
família), o desemprego, o casamento dos filhos. Espera-se superar os obstáculos
com a ajuda do medicamento. Nos adolescentes o uso é devido ao stress do
cotidiano, pressão psicológica devido a escolha do vestibular, insônia entre
outros.Assim o estudo teve como objetivo identificar o consumo de
benzodiazepínicos por universitários e escolares, perceber os motivos que os
levaram a fazer uso de tais substâncias, definir a frequência de uso, reconhecer
se o medicamento foi prescrito pelo médico, descrever o tempo de uso, investigar
se o usuário foi orientado sobre os efeitos colaterais, entre outros. O assunto
é pouco estudado no Brasil, tendo o maior número de pesquisas
feitas em países desenvolvidos e os idosos como os principais sujeitos. O tema
abordado é de extrema importância para a sociedade pois, muitas pessoas fazem
uso de benzodizepínicos forma inadequada e sem ser prescrito pelo médico,
estando sujeitos as diversas implicações.
MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa é de natureza quali– quantitativa, do tipo descritiva de campo, teve
como sujeitos 25 estudantes do primeiro período curso Licenciatura Plena em
Química (12 homens e 13 mulheres) e 19 escolares da terceira série do ensino
médio (10 homens e 9 mulheres), ambos do Instituto Federal de Pernambuco – IFPE
Campus Vitória de Santo Antão. Aos sujeitos foi aplicado um questionário com
quatorze questões discursivas onde apresentava perguntas como: horas de sono
diárias, se usa remédio para dormir, se já sentiu necessidade de fazer uso, se o medicamento foi prescrito pelo médico, se foi orientado sobre os efeitos
colaterais, entre outras.
Entre os universitários a idade variou de 17 a 50 anos e entre os
escolares variou de 16 a 19 anos, a amostra escolhida deve-se ao fato de poder
comparar a frequência de uso de benzodiazepínicos em fases diferentes: antes da
escolha do curso, da prova de vestibular e após o ingresso na graduação por
estarem no ínicio de um curso superior, ainda se adaptando à vida de
universitários, os questionamentos se a escolha do curso foi a correta ainda
estão sendo respondidos. Após a coleta dos dados, os mesmos foram distribuídos e analisados em tabelas de frequência e em gráficos. Todos os participantes
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir da coleta de dados foi possível desenvolver um estudo comparativo entre
duas turmas do IFPE – Campus Vitória: a terceira série do ensino médio – turma
“F” e o primeiro período do curso de Licenciatura em Química do ensino superior.
No gráfico 1 estão distribuídas as horas diárias de sono das duas turmas.
A maior parte dos universitários, cerca de 80% dormem de 6 a 8 horas por
dia, de acordo com Fernandes (2006) a média de horas de sono necessárias ao
adulto é entre 5 e 8 horas por noite, 12% dormem mais que 8 horas e apenas 8%
dormem 5 horas ou menos.
Dos escolares 63,15% dormem de 6 a 8 horas por dia, seguindo o estudo de
Fernandes (2006) que observou que o adolescente necessita dormir cerca de 8 a 10
horas por noite, 10,52% tem uma média de hora de sono por dia maior que 8 horas
e cerca 26,31% apresentam 5 horas ou menos de sono por dia. No geral os
universitários dormem mais do que os escolares, por estarem passando por fases
diferentes em suas vidas, o impacto da pressão psicológica vivida pelo pré –
vestibulando se comprova na qualidade de sono do mesmo.
Apenas uma universitária alegou fazer uso de BDZ, indo de encontro
com o estudo de Nordon e Hubner (2009) que constataram que as mulheres utilizam
benzodiazepínicos cerca de duas a três vezes mais do os homens, a mesma informou
que só consegue dormir 4 horas por dia e que por apresentar vários distúrbios do
sono o neurologista o prescreveu o Fluoxetina – antidepressivo que segundo
Malbergier e Schöffel (2001), apresenta como vantagens pouca sedação e feitos
colaterais, mas pode desencadear disfunção hepática, fazendo uso diário há 14
anos a discente não consegue dormir sem a medicação, se sentindo sonolenta
durante todo o dia, a mesma não foi orientada sobre os efeitos colaterais.
Gráfico 1
Comparação entre as horas diárias de sono dos
escolares e dos universitários.
Tabela 1
Frequência de uso de benzodiazepínicos por universitários e escolares do IFPE - Campus Vitória
CONCLUSÕES: A partir da investigação realizada pode-se concluir que 2,27 % da amostra usa
benzodiazepínico de forma inapropriada, por não ter sido prescrito pelo médico,
podendo vir a ter sérias consequências como a dependência química e a tolerância.
Dos que fazem uso de fármacos para dormir cerca de 33,33% são mulheres. Ficou
percebível que a ingestão de BDZs é duas vezes maior em escolares do que em
universitários. Contudo os distúrbios do sono afetam aos dois grupos,
prejudicando-os assim na realização de atividades cotidianas e interferindo na
qualidade de vida.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CARLINI, E. A.; NAPPO, S. A.; GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R. Drogas Psicotrópicas – o que são e como agem. Revista IMESC, n. 3, p. 9-35, 2001.
MALBERGIER, A.; SCHOFFEL, A. C. Tratamento de depressão em indivíduos infectados pelo HIV. Revista Brasileira Psiquiatr, v. 23, n.3, p. 160-167, 2001.
NORDON, D. G.; HUBNER, C. V. K. Prescrição de Benzodiazepínicos por clínicos gerais. Revista Diagn Tratamento, Sorocaba, v.14, n. 2, p. 66-69, 2009.
SIMPÓSIO DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO SONO, Capítulo I. 2006, Ribeirão Preto,O sono normal, v. 39, n.2 , p.157-168, 2006.