53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Composição Centesimal e Rendimento de Pectina da Casca de três Espécies de Maracujá Cultivado no Estado de Roraima

AUTORES: Nascimento Filho, W.B. (IC/UFRR) ; Melo, A.A.F. (PPGQ/PPGBIONORTE/UFRR) ; Santos, R.C. (PPGBIONORTE/UFRR) ; Silva, F.P. (PPGQ/UFRR) ; Silva, S.R. (DQ/UFRR) ; Prado, S.A.L. (UFRR)

RESUMO: Devido a grande utilização do maracujá pela indústria brasileira para produção de suco, gera-se uma grande quantidade de resíduos com grande potencial de extração das cascas (contendo pectina) e sementes (contendo óleos) agregando valor a este coproduto. A composição da pectina é de ácidos galacturônicos, tendo açúcares neutros em sua estrutura. O objetivo deste trabalho foi determinar os teores de umidade, cinzas e lipídeos da casca de maracujá e o seu rendimento de pectina. A análise dos constituintes evidenciou um alto índice de umidade e cinzas, para todas as amostras. O teor de pectina variou de 6,11% a 12,76% para as amostras com flavedo e de 4,29 % a 5,89% sem flavedo, obtendo rendimento abaixo das principais fontes agroindustriais.

PALAVRAS CHAVES: Maracujá; Pectina; Resíduos Agroindustriais

INTRODUÇÃO: O aumento significativo na produção agroindustrial vem provocando acréscimos na produção de resíduos, sendo a indústria de suco, a maior produtora dos mesmos, com potenciais problemas para disposição final. Tendo estes sub-produtos um potencial para serem utilizados como constituintes de ração animal (CANTERI, 2010). Poucos estudos relatam sobre as fibras dos resíduos industriais do processamento do maracujá. Considerando que a casca do maracujá é um abundante resíduo agroindustrial e tendo em vista suas propriedades químicas favoráveis, o maracujá torna-se uma nova fonte de alternativa (PINHEIRO, 2007). Sendo o Brasil o maior produtor e consumidor de maracujá do mundo, apresentando assim uma grande quantidade de resíduos com um enorme potencial para a extração de pectinas, cerca de 300 mil toneladas de resíduos são produzidas ao ano, tendo este subproduto um potencial de gerar 2 mil toneladas de pectina. As espécies de maracujá Passiflora edulis e P. alata tem sua produção mais localizada nas regiões sul e sudeste do país, enquanto a P. quadrangularis se caracteriza por ser uma espécie peculiar da região amazônica (CERVI, 1997; SILVA, 2010; CANTERI, 2010). Normalmente as pectinas são extraídas em soluções levemente acidificada com ácidos fosfórico, acético, sulfúrico, nítrico ou clorídrico variando o pH e a temperatura . Diversos trabalhos têm reportado que fatores como temperatura, pH,tempo e tipo de ácido podem influenciar não somente o rendimento de pectina, mas também a estrutura química do produto final (PINHEIRO, 2007). Diante do exposto o presente trabalho teve como objetivo determinar os teores de umidade, cinzas,lipídeos e o rendimento de pectina da casca de maracujá de três espécies cultivadas no estado de Roraima.

MATERIAL E MÉTODOS: As espécies de maracujá P. edulis, P. alata e P. quadrangularis foram colhidas nos municípios de Boa Vista e Pacaraima no estado de Roraima. As amostras foram tratadas no Laboratório de Produtos Naturais do Departamento de Química da Universidade Federal de Roraima. A pectina foi extraída de acordo com a metodologia de Pinheiro et al. (2006), onde se utilizou uma solução de ácido cítrico de concentração de 0,086% e tempos de extração de 60 minutos a 97 °C. Passado o tempo de extração a solução foi filtrada e resfriada até uma temperatura de 4 °C. A solução contendo pectina foi resfriada e centrifugada por 30 minutos. Ao sobrenadante adicionou-se álcool a 96%, logo a mistura foi agitada por 10 minutos e posta em repouso por 1hora, permitindo, com isso, a precipitação da pectina. A pectina precipitada foi separada por filtração, lavada com etanol e seca em estufa com circulação de ar a 45 °C por 48 horas, por conseguinte a mesma foi moída. A análise da composição da farinha do maracujá foi realizada em triplicata em relação aos teores de umidade, cinzas, lipídios totais seguindo a metodologia descrita pelo Instituto Adolfo Lutz, IAL, (1985).A determinação da umidade foi realizada por gravimetria segundo Instituto Adolfo Lutz –IAL (1985). A amostra foi levada à estufa regulada a 105°C, pesada a cada 30 minutos, até obter peso constante. Para o resíduo mineral fixo (cinzas) a determinação foi realizada por gravimetria segundo IAL (1985). Pesou se 5,0 gramas da amostra em cápsula de porcelana, previamente aquecida sendo carbonada em mufla a 550°C por aproximadamente 24 horas até cinzas claras. Os lipídios da casca foram determinados pela extração em aparelho Soxhlet, utilizando-se éter de petróleo como solvente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para Canteri (2012) o teor de substâncias pécticas varia de acordo com a origem vegetal, há 4 subprodutos de agroindústrias ricos em substâncias pécticas com teor superior a 15% em base seca, a saber: bagaço da maçã, albedo cítrico, polpa de beterraba e capítulos de girassol. As cascas de cítricos e bagaço de maçã são fontes tradicionais de obtenção da pectina comercial, porém existem fontes alternativas de extração de pectina como a abóbora, pêssego, tomate, maracujá, entre outros. O maracujá destaca-se pela grande produção nacional e o grande consumo mundial, gerando uma enorme quantidade de resíduos proveniente da produção de sucos, cerca de 300 mil toneladas, dos quais podem ser obtidos 2 mil toneladas de pectina (CERVI, 1997; PINHEIRO 2007; SILVA, 2010; CANTERI, 2010). O rendimento da pectina extraída da casca de três espécies de maracujás P. edulis, P. alata e P. quadragularis, é apresentado na Tabela 1 e os teores de umidade, cinzas e lipídeos na farinha de pectina são mostrados na Tabela 2.A Tabela 2 apresenta os resultados da composição centesimal da casca de maracujá P. edulis, P. alata e P. quadrangularis. Para Oliveira et al. (2002) os respectivos valores para o maracujá amarelo (P. edulis) de umidade, cinzas e lipídeos são 89,08%, 0,92% e 0,70%. Não foi encontrado valores para P. alata e P. quadrangularis. Segundo Pinheiro (2007), as variações dos constituintes são aceitáveis, pois dependem principalmente do estágio de maturação do fruto, tendo em vista que o amadurecimento leva a perda de umidade, o que acarreta na concentração dos demais constituintes, além de outros fatores, tais como local de plantio e as condições genéticas das plantas.

Tabela 1. Rendimento da pectina dos maracujás

A tabela acima mostra o rendimento das três espécies de maracujá com (CF) e sem flavedo (SF)

Tabela 2. Teores de umidade, cinzas e lipídeos

A tabela acima mostra os teores de umidade, cinzas e lipídeos das espécies de maracujá com (CF) e sem flavedo (SF)

CONCLUSÕES: O rendimento da pectina das três espécies de maracujá variou de 6,11% a 12,76% para as amostras com flavedo e de 4,29 % a 5,89% sem flavedo, apresentando assim valores abaixo das principais fontes de resíduos agroindustriais. A determinação dos teores de umidade, cinzas e lipídeos das cascas apresentaram variações em função dos resultados contidos na literatura, tendo em vista o período de coleta, estação do ano, entre outros. Este estudo colabora para a caracterização dos constituintes de três espécies de maracujás, agregando grande potencial de interesse econômico, científico e tecnológico.

AGRADECIMENTOS: CNPq e PIC-UFRR

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CANTERI, M. H. G.; MORENO, L.; WOSIACKI, G.; SCHEER, A. de P. Pectina: da Matéria-prima ao Produto final. Polímeros. Vol. 22 no.2 São Carlos 2012 EpubApr 10, 2012.

CANTERI, M. H. G., Caracterização comparativa entre pectinas extraídas do pericarpo de maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. Flavicarpa). Universidade Federal do Paraná. Setor deTecnologia de Alimentos. Tese de Doutorado. Curitiba, 2010.

CERVI, A. C. Passifloraceaedo Brasil. Estudo do gênero Passiflora L., subgênero Passiflora. FONTQUERIA 45: 1-92. Madrid. 1997.

PINHEIRO, E. R; KLIEMANN, E; ALBUQUERQUE E SILVA, I. M, D; SIMAS, K. N. AMANTE, E. R; AMBONI, R. D. M. C.Caracterização da Pectina Extraída da Casca do Maracujá Amarelo (Passiflora Edulis Flavicarpa) Utilizando Diferentes Métodos de Extração com Ácido Cítrico. Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006.

PINHEIRO, E,R, Pectina da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulisflavicarpa): otimização da extração com ácido cítrico e caracterização físicoquímica. Dissertação emCiência dos Alimentos - Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos, UniversidadeFederal de Santa Catarina, Florianópolis. 2007.

SILVA, S. R. Perfil dos ácidos graxos, atividade antioxidante e caracterização físico-química do óleo das sementes de três espécies de maracujá cultivadas no Estado de Roraima. Dissertação em Química. Programa de Pós-Graduação em Química. Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, Roraima, 2010.