Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: Os Nutrientes e a Produção de Energia: Descrição e Avaliação de uma Proposta Investigativa de Ensino
AUTORES: França Lima, K. (IFF CAMPUS CAMPOS CENTRO) ; Freitas Gomes, S. (IFF CAMPUS CAMPOS CENTRO) ; Maciel Lima, R. (IFF CAMPUS CAMPOS CENTRO)
RESUMO: A construção do conhecimento na escola e o seu uso adequado por parte dos alunos
dependem do conteúdo, do contexto, dos processos usados na construção e dos
propósitos de quem usa. Trabalhos diversos tem mostrado que alunos apresentam
concepções contraditórias a respeito da nutrição e do metabolismo. Nosso grupo de
pesquisa vem trabalhando com o intuito de investigar a existência dessas
concepções alternativas nos alunos do primeiro ano do Ensino Médio do Instituto
Federal Fluminense, e desenvolver uma proposta de ensino investigativo sobre temas
ligados à nutrição e ao metabolismo. Foi utilizado o questionário como instrumento
para levantamento das concepções dos alunos. Os resultados evidenciam que os
estudantes possuem diferentes compreensões sobre a temática em pesquisa.
PALAVRAS CHAVES: Energia; Concepções Alternativas; Atividade investigativa
INTRODUÇÃO: Durante a maior parte da história da educação em Ciências no Brasil os
alunos foram considerados desprovidos de conhecimentos sobre os conteúdos
escolares (“tábulas rasas”). O conhecimento científico era visto como mecânico,
acumulativo, absoluto e exterior aos alunos (LIBANORE, 2007). O papel do
professor era o de transmitir os conteúdos aos alunos e estes deveriam armazená-
los em suas mentes. Eles recebiam os conteúdos sem contestá-los ou sem ter um
posicionamento crítico. Desde a década de 80 até os tempos atuais tem surgido na
literatura um grande número de estudos preocupados especificamente com os
conteúdos das ideias dos estudantes em relação aos diversos conceitos
científicos aprendidos na escola. Assim, os resultados dessas pesquisas
contribuirão para fortalecer o que se denomina de uma orientação construtivista
do ensino e da aprendizagem (LIBANORE, 2007). Há ao menos duas ideias principais
compartilhadas pelas diversas linhas construtivistas: “a aprendizagem se dá pelo
ativo envolvimento do aprendiz na construção do conhecimento” e “as ideias
prévias dos estudantes desempenham um papel importante no processo de
aprendizagem” (MORTIMER, 2000). Nessa perspectiva, este trabalho tem como
objetivo investigar e analisar as ideias que os alunos do primeiro ano do Ensino
Médio do Instituto Federal Fluminense (Campos dos Goytacazes - RJ), têm com
relação aos nutrientes e a produção de energia, e desenvolver uma proposta de
ensino que contribua para a construção do conhecimento de forma investigativa,
possibilitando que os alunos construam novas concepções cientificamente
corretas.
MATERIAL E MÉTODOS: A utilização do questionário como instrumento de pesquisa para o levantamento e
análise das concepções dos alunos foi de grande relevância. Composto por
questões abertas e fechadas possibilitou a identificação de diferentes ideias
presente nos educandos. A aplicação dos questionários foi realizada pelas
pessoas envolvidas diretamente na pesquisa. No momento em que a equipe foi
apresentada a turma, foi reforçado que a atividade não valeria nota para a
disciplina, mas que a troca de informações ou consulta a qualquer tipo de
material não seria permitida. Alem disso, informou-se aos alunos que eles não
seriam avaliados pessoalmente, uma vez que não precisavam se identificar. A
amostra foi composta por 55 alunos do primeiro ano do Ensino Médio do Instituto
Federal Fluminense Campus Campos-Centro. Os alunos levaram em média 30 minutos
para responder aos questionários.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Inicialmente os estudantes foram questionados sobre a diferença conceitual entre
alimento e nutriente, e depois sobre o conceito de digestão. Dentre as
concepções errôneas encontradas percebe-se que muitos alunos desconhecem a
diferença entre alimento e nutriente, sendo que, 38,18% dos alunos consideram
que alimento e nutriente não são sinônimos, pois acreditam que nem todo alimento
tem nutriente. 20% deles não souberam responder a questão, outros consideram que
os mesmos são sinônimos (Figura 1). Nesta figura ainda observa-se que poucos
estudantes sabem corretamente que a matéria ingerida contém nutrientes que serão
absorvidos pelo organismo. Segundo Tortora (2001), os alimentos são matérias
brutas que apresentam um conjunto de substâncias sólidas e líquidas denominadas
nutrientes. Estes terão que ser conduzidos ao sistema digestório para serem
quebrados e, em seguida, serem absorvidas e utilizados em diferentes atividades
do metabolismo. Como resultado da investigação das concepções quanto aos
nutrientes que servem como fonte de energia (Figura 2), poucos alunos (14,54%)
têm o conceito correto de que carboidratos, lipídios e proteínas podem ser
utilizados na produção de ATP. Para 12,72% dos alunos, os nutrientes que podem
ser considerados energéticos são somente açúcares e gorduras e a maioria dos
alunos desconhece quais são as funções dos diferentes nutrientes para o
metabolismo, não levando em consideração a atuação das proteínas como fonte de
energia (72,74%). Segundo Schimidt-Nielsen (2002), a parte principal da matéria
orgânica utilizada como alimento consiste de proteínas, carboidratos e gorduras.
Foram encontradas outras concepções envolvendo a ordem de consumo dos nutrientes
em caso de jejum, a relação de matéria e energia, dentre outras.
Concepções sobre o conceito de Alimento e Nutriente
Figura 1- Concepções dos alunos do 1º ano do Ensino Médio do IFF Campus Campos-Centro acerca do conceito de alimento e nutriente.
Concepções referente aos nutrientes energéticos
Figura 2- Concepções dos alunos do 1º ano do Ensino
Médio do IFF acerca dos nutrientes que são
considerados energéticos para o organismo.
CONCLUSÕES: Com a reunião das concepções percebe-se o quanto as interpretações de um único
conceito podem ser variadas. É importante que o educador tenha conhecimento das
ideias que os alunos possuem sobre os assuntos que serão abordados (MUSSOLINI,
2012). Para que isto ocorra, devem ser realizados diálogos que possibilitem ao
aluno expor sua opinião e assim aproximá-la do conteúdo, buscando o sentido no
aprendizado (COLL e SOLÉ, 2006). Conclui-se que a concepção errônea surge em
decorrência do ensino formal dos nutrientes no 8º ano do Ensino Fundamental e da
ênfase no catabolismo da glicose.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GERARD, Tortora J. Corpo Humano: Fundamentos de anatomia e fisiologia. Artmed Editora S.A., 4° ed., 2000.
LIBARONE, A. C. L. F. (2007). As concepções alternativas de alunos da 8ª série do Ensino Fundamental sobre o Fenômeno do Efeito Estufa. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Maringá.
MORTIMER, E. F. (2000) Linguagem e formação de conceitos no ensino de ciências. Belo Horizonte: Ed. UFMG.
MUSSOLINI, M. C. Concepções Alternativas de alunos do ensino médio sobre os conceitos de alimento, nutriente e energia. São Paulo, 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012.
SOLE, I. ; COLL, C. Os professores e a concepção construtivista. In: COLL, C. et al. O Construtivismo na sala de aula. 6ª ed. São Paulo: Ática, 1999. P. 9-29.