Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO:  Avaliação físico-química da bacia hidrográfica do igarapé Mata-Fome Belém - Pa
AUTORES:  Gonçalves Pontes, R. (UFPA)  ; de Fátima Pinheiro Pereira, S. (UFPA)  ; Taise Cabral Thomaz, K. (UFPA)  ; Henrique Tavares Cosme, D. (UFPA)
RESUMO:  A ocupação desordenada da região da bacia hidrográfica do igarapé Mata-Fome e o 
crescimento dessa população provocaram inúmeros impactos ambientais, onde a mata 
ciliar foi retirada para a construção de palafitas, isso provocou o assoreamento 
de boa parte desse igarapé, uma vez que os dejetos eram e são jogados diretamente 
no mesmo. O presente trabalho realizou um estudo na região, e partir do 
levantamento realizado verificou-se que os parâmetros físico-químicos analisados 
estão de acordo com a resolução do CONAMA, Classificando as águas do Mata-Fome 
como águas de classe II. Apenas pH, fosfato e oxigênio dissolvido se encontram em 
não conformidade, caracterizando os efeitos da poluição das águas por dejetos 
orgânicos.
PALAVRAS CHAVES:  Físico-química; mata-fome; poluição
INTRODUÇÃO:  A ocupação da região que engloba a Bacia Hidrográfica do Igarapé Mata Fome 
(BHMF) começou na década de 80, como consequência da especulação imobiliária no 
centro de Belém, o que obrigou a população de baixa renda a ocupar áreas 
periféricas, isenta de saneamento básico e obras de infraestrutura. Na época, a 
região da bacia hidrográfica do igarapé do Mata Fome portava uma vegetação densa 
e um igarapé volumoso, onde era possível sobreviver da coleta de frutos e da 
pesca.
A BHMF está localizada ao norte da região metropolitana de Belém, e abrange os 
bairros do Tapanã, Pratinha, São Clemente e Parque Verde. De acordo com Craveiro 
(2007), a bacia está compreendida entre as coordenadas geográficas 1º19’44’’, 
1º21’43’’ S e 48º28’36’’, 48º27’36’’ W, com uma área de aproximadamente 14 km².
A ocupação desordenada da região da BHMF e o crescimento dessa população 
provocaram inúmeros impactos ambientais, com a retirada da vegetação de várzea e 
a construção de palafitas, onde a madeira utilizada para a construção dessas 
moradias era extraída da própria mata ciliar. Isso provocou o assoreamento de 
boa parte desse igarapé, além de prejuízos à qualidade das águas do Igarapé Mata 
Fome, uma vez que os dejetos e matérias orgânicas e inorgânicas eram e são 
jogados diretamente no mesmo.
MATERIAL E MÉTODOS:  O estudo foi realizado em um igarapé da região metropolitana de Belém, escolhido 
com base no alto grau de exposição às ações antrópicas. O igarapé do Mata Fome 
na margem oposta do Rio Guamá, recebe os efluentes das invasões e moradia da 
periferia Sul de Belém, é ocupado por população residente em seu entorno 
principalmente na região da cabeceira e intermediária, no entanto sua foz é 
abrigada por pequena área de mata ciliar. 
As coletas ocorreram trimestralmente na lua nova, contínuas ao longo das marés 
enchente e vazante (período diurno), com amostragens na entrada e à montante do 
igarapé, contemplando o canal principal e as margens do curso hídrico. As 
estações do ano, definidas segundo os índices pluviométricos, foram 
contempladas, com coletas em Setembro (Seco) e Março (Chuvoso).
As medidas in situ e coletas de amostras para a análise dos macronutrientes 
foram realizadas com o auxilio de um barco ao longo dos rios selecionados. As 
localizações dos pontos de coleta foram fornecidas pelo GPS (Sistema de 
Posicionamento Global) de marca Garmin. Uma Sonda multiparâmetros - Fabricante 
YSI - Hexis do Brasil - Modelo 6600 - será usada para avaliar Temperatura, 
oxigênio dissolvido, pH, Eh, salinidade, condutividade, TDS, clorofila a, in 
situ. Também foi utilizado um medidor de nitrato e fosfato, Marca Hanna e 
transparência da água com um disco de Sechi para as medidas dos parâmetros ex 
situ.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:  Os coeficientes de correlação de Pearson foram calculados. A relação entre 
condutividade elétrica e TDS, apresentou uma excelente correlação positiva 
(0,992) no período de estiagem, devido possivelmente à presença de íons e sais 
em solução e no estado coloidal. Foi também evidenciada uma excelente correlação 
positiva entre condutividade elétrica e salinidade (0,999) no período chuvoso, 
essa correlação é bastante influenciada pelo tipo e proporção dos diversos sais 
na solução, pois nem todos os sais têm a mesma capacidade para facilitar a 
passagem da corrente eléctrica numa solução. Para Ribeiro et al (2004), a 
condutividade elétrica é a variável mais empregada para se avaliar o nível de 
salinidade, ou a concentração de sais solúveis em águas de rios. Esta medida 
cresce proporcionalmente à medida que a concentração de sais aumenta. O igarapé 
Mata-Fome apresentou ótima correlação negativa entre os parâmetros TDS e 
oxigênio dissolvido no período de estiagem, sabendo-se que elevados valores de 
TDS podem elevar a cor e, em menor proporção a turbidez das águas. Maiores 
valores de cor e turbidez trazem implicações para o ecossistema aquático, onde 
dificulta a penetração dos raios solares desfavorecendo a fotossíntese, conforme 
Braga (2003), diminuindo assim a concentração de oxigênio dissolvido nas águas. 
No igarapé Mata Fome, o pH no período chuvoso mostrou maior variabilidade e um 
valor anômalo de 5,62 o período de estiagem apresentou pouca variabilidade e 
dois valores anômalos 6,38 e 6,68. O fosfato nos dois períodos sazonais 
apresentou alta variabilidade e sem ocorrência de valores anômalos. O parâmetro 
condutividade teve grande variabilidade no período chuvoso com valores oscilando 
entre 119 e 951 µS/cm e no período de estiagem se manteve praticamente 
constante.
Box Plot

Gráfico de box plot dos parametros analisádos
Tabela de Correlação

tabela com os coeficientes de correlação de Pearson 
para os parâmetros analisádos
CONCLUSÕES:  A partir do levantamento realizado verificou-se que os parâmetros físico-químicos 
analisados estão de acordo com a resolução do CONAMA, Classificando as águas do 
Mata-Fome como águas de classe II. Apenas pH, fosfato e oxigênio dissolvido se 
encontram em não conformidade. O igarapé Mata-Fome está sujeito a despejos de 
esgotos domésticos e industriais, Essas atividades podem causar impactos, tanto em 
águas superficiais quanto subterrâneas. Sugere-se um monitoramento constante das 
águas do igarapé estudado para prevenir o despejo indiscriminado dos resíduos 
sólidos e líquidos.
AGRADECIMENTOS:  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:  BRAGA, Benedito et al. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo: Prentice 
Hall, 2003.
CRAVEIRO, G. S. 2007. Construção de Um Sistema de Informação Geográfica como Ferramenta de Gestão dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Igarapé Mata Fome, Belém, PARÁ, Centro de Geociências, UFPA, 147p. (Trabalho de Conclusão de Curso).
RIBEIRO, K. T. S. & MARIN R.A. A questão ambiental da água e a interface na saúde humana. Pp. 147-177. In: Couto, R.C.; Castro, E.R. & R.A. Marin. (Eds.). Saúde, Trabalho e Meio Ambiente. Belém, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos. 2002. 203 p.
CARMONA, K. M. et al. Ocupação urbana da bacia do mata fome, belém-pa e sua relação com a qualidade das águas superficiais e subterrâneas. In: XVI Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas e XVII Encontro Nacional de Perfuradores de Poços, 2010, São Luís..Maranhão.
