Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: Estudos iniciais do potencial da glicerina advinda da transesterificação do óleo do coco babaçu piauiense na produção de materiais poliméricos.
AUTORES: Sousa Cunha, F. (UESPI) ; Abreu Nascimento, L. (UFPI) ; Alves Lima, F.C. (UESPI) ; Silva Sa, J.L. (UESPI)
RESUMO: O presente trabalho apresenta os estudos do potencial da glicerina advinda do
óleo
do coco babaçu piauense como fonte de matéria prima para materiais poliméricos a
partir da reação com diferentes diácidos catalisada por complexos de
coordenação.
Obteve-se glicerina com cerca de 10% de rendimento com KOH como catalisador
numa
razão de 66,6 m/m de óleo/KOH. Os estudos das diferentes razões óleo/KOH geraram
diferentes rendimentos e características da glicerina. Com razão óleo/KOH=66,6
m/m, o produto obtido tinha aspecto límpido e coloração caramelo escuro. Nos
cálculos teóricos para a reação da glicerina com diácidos sem catalisador, o
resultado mais favorável foi para o ácido oxálico, quando comparado com o ácido
succínico e teraftálico.
PALAVRAS CHAVES: coco babaçu; polímeros; complexos metálicos
INTRODUÇÃO: Diversas pesquisas vêm se concentrando no estudo da utilização do biodiesel como
combustível não-fóssil e de fonte renovável. Este material pode ser obtido de
diversas fontes como: óleo de soja, mamona, algodão, milho e etc. No estado do
Piauí, destaca-se a pesquisa com óleo de coco babaçu, em execução do projeto
GERATEC (UESPI, UFIPI e IFPI).
A produção de biodiesel no Brasil cada dia cresce mais, os pesquisadores e
industriais são impulsionados pela necessidade de cada vez mais procurar
alternativas aos combustíveis fósseis e buscar fontes de energias menos
poluentes. Por isso, no processo de obtenção de biodiesel, uma quantidade muito
grande de glicerina é produzida. Este produto advém da reação de
transesterificação dos óleos, que gera biodiesel e glicerina como os principais
produtos [1,2].
Muito se tem feito com a glicerina nas indústrias, principalmente na produção de
sabões, sabonetes e outros produtos na linha de bens de consumo para limpeza e
higienização. Porém, outra utilização nobre para a glicerina é a formação de
novos materiais poliméricos a partir da reação com diferentes diácidos.
Os polímeros obtidos a partir da glicerina podem apresentar diferentes
características térmicas, mecânicas e estruturais ao serem produzidos em
diferentes condições de reação e com diferentes catalisadores. Ou seja, novos
materiais formados a partir da glicerina que podem ser utilizados nos diferentes
segmentos industriais [1,2].
MATERIAL E MÉTODOS: Experimentais
- Secagem do óleo e medida de umidade
Adicionou-se 100 mL de óleo de babaçu in nature em um béquer (250 mL), levado à
chapa de aquecimento por 1 h em uma temperatura de 100 ºC. A medida de umidade
foi realizada baseada na massa do óleo seco pelo óleo úmido, de acordo com a
Equação 1.
Equação 1:
Umidade = (M2x100)/M1 x 100
Onde:
M1 = massa do óleo úmido
M2 = massa do óleo seco
- Formação do catalisador
Em um béquer de 50 mL, misturou-se a quantidade de hidróxido de potássio e
metanol determinada e agitou-se a TA (temperatura ambiente) por duas horas. Nos
casos em que o KOH não dissolveu rapidamente, utilizou-se um bastão de vidro
para macerar a base e então acrescentar ao metanol. O composto formado foi o
metóxido (Esquema 1). Este composto acelera a reação de transesterificação mais
que o metanol, pois o metóxido trata-se de um nucleófilo mais poderoso que o
metanol facilitando o ataque ao grupo éster dotriglicerídeo.
Esquema 1. Reação de formação do metóxido
CH3OH + KOH CH3OK + H2O
– Transesterificação
Adicionou-se o catalisador (metóxido) à massa do óleo contido em um béquer de
250 mL a TA. A mistura permaneceu em agitação pelo tempo determinado, então,
após o tempo da reação a mistura foi transferida para um funil de separação de
250 mL. Ficando em repouso por uma noite, após o tempo de repouso as fases
(biodiesel e glicerina) foram separadas e armazenadas.
Teóricos
Os cálculos teóricos foram realizados utilizado o programa Gaussian 03 [3]
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Observou-se variação de cerca de 6-10% de rendimento de glicerina em função das
variáveis de massa de KOH (catalisador) e volume de MeOH (solvente) a TA em 30
min de reação. Apresentando-se como melhor resultado a razão óleo/KOH = 66,6
m/m, e a razão óleo/MeOH = 6,66 m/m. A separação entre a glicerina e o biodiesel
aconteceu de forma diferenciada nos diferentes experimentos, houve melhor
separação nos ensaios com maior quantidade de catalisador (Figura 1B e 1D), além
de características físico-químicas aparentes diferentes. Em especial a glicerina
formada com 1,5 mg de KOH em 15 mL de solvente ficou na fase mais pesada, na
parte de baixo do funil de separação (Figura 1B).
Notou-se que a TA por 30 min, a quantidade de MeOH estudada não influenciou os
resultados para os experimentos realizados com 1,5 mg de KOH. Com esta massa de
base, mesmo em diferentes volumes de MeOH, observou-se mesmos resultados.
Quando a variável foi a quantidade de catalisador, houve variação no rendimento
de glicerina bruta nos experimentos realizados com 15 mL de MeOH.
Dentre as variáveis estudadas, pode-se propor uma condição mais adequada para
obtenção de glicerina com maior rendimento; maior quantidade de base e menor
quantidade de solvente. Dessa forma, existe economia de solvente nos processos.
Os cálculos teóricos foram realizados com o intuito da avaliação da viabilização
de procedimentos para obtenção de polímeros a partir da glicerina e diferentes
diácidos. O valor da variação da Energia Livre de Gibbs para as reações da
glicerina com ácido oxálico sem catalisador, succínico e teraftálico foram 39,7,
44,1 e 45,3 KJ/mol, respectivamente. Todos os resultados evidenciaram a
necessidade da utilização de catalisadores no processo, como proposto no âmbito
geral deste trabal
CONCLUSÕES: Conclui-se que os procedimentos utilizados para a obtenção de glicerina neste
trabalho foram eficientes, assim como os observados para outros óleos e mesmos
catalisadores na literatura. O evidencia a potencialidade do óleo do coco babaçu
para geração de combustíveis alternativos, e que a glicerina produzida nesse
processo pode ter uma utilização nobre dentro da indústria. Os resultados teóricos
foram bem claros em relação à necessidade da utilização de catalisadores no
processo de formação de polímeros, o que no âmbito geral deste trabalho é
proposto.
AGRADECIMENTOS: Ao professor Dr. Nouga Cardoso Batista, coordenador do projeto GERATEC da
Universidade Estadual do Piauí - UESPI
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. Pitt, F. D. Desenvolvimento de metodologia para polimerização do poliglicerol adípico a partir do glicerol residual oriundo da produção de biodiesel. Dissertação de Mestrado. Blumenal – SC, 2010.
2. Ferreira, M. O. Purificação da glicerina bruta obtida a partir da transesterificação do óleo de algodão. Dissertação de Mestrado. Natal – RN, 2009.
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