53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA versus HISTÓRIA DA QUÍMICA

AUTORES: Mota, G.C. (UNIVASF/CAMPUS SÃO RAIMUNDO NONATO - PI) ; Mota, T.C. (UNIVASF/CAMPUS SÃO RAIMUNDO NONATO - PI) ; Cleophas, M.G.P. (UNIVASF/CAMPUS SÃO RAIMUNDO NONATO - PI)

RESUMO: Este trabalho visa demonstrar a importância da inserção da História da Ciência nos livros didáticos de Química selecionados pelo PNLEM. Atualmente, é fundamental que o professor de Química possa inserir a História dessa Ciência em sala de aula, durante a aplicação dos conteúdos didáticos. Desta forma, espera-se conscientizar os alunos sobre os fatores sociais, econômicos e políticos que influenciaram as descobertas científicas. Nesta pesquisa foi realizada uma varredura bibliográfica acerca de trabalhos que apresentavam a História da Ciência nos conteúdos de Química, e logo em sequência foi realizada uma análise de quatro livros didáticos utilizados no ensino médio em todo o Brasil, ambos de volume único, visando averiguar esses livros quanto à presença do teor Histórico sobre a Química.

PALAVRAS CHAVES: História da Química; Conteúdos de Química; Livros Didáticos

INTRODUÇÃO: A História das Ciências se caracteriza como elemento fundamental perante todo o processo de desenvolvimento do homem, desde a antiguidade até os dias atuais. A mesma nos permite um conhecimento teórico a respeito das principais descobertas que existiram no decorrer de vários anos, que notadamente, foram de suma importância para o desenvolvimento da humanidade, mostrando todo o contexto histórico que sobreveio em vários períodos e os principais motivos que levaram os cientistas da época a elaborar uma determinada teoria científica ou até mesmo a refutá-la, mudando todo o rumo de uma visão de mundo (até então aceita pela sociedade), mudanças essas que recebe o nome de revolução científica. Segundo (OKI, 2004) “a existência de mudança acompanhada de muitas controvérsias é indício que define as Revoluções Científicas...”. A História da Ciência é muitas vezes deturpada na visão dos alunos e professores, é preciso propiciar oportunidades que favoreçam aos alunos noção sobre a natureza do conhecimento científico. Segundo Porto (2010), o estudo e a discussão de episódios históricos podem propiciar aos estudantes a superação dessas visões inadequadas sobre a natureza do conhecimento científico. Para Westphal et al (2005), o conhecimento histórico está sujeito a inúmeras influências, uma vez que é produto de construção humana, e, por isso, tem um caráter subjetivo. A História da Química representa uma grande notoriedade dentro dos aspectos que tangem a construção do conhecimento químico. Desta forma, inseri-la no contexto educacional pode vir a garantir aos alunos aspectos que facilitem a compreensão acerca do pensamento científico, sendo este, lapidado ao longo da própria construção da humanidade, onde são atrelados, não apenas o processo histórico, mas também, o social.

MATERIAL E MÉTODOS: Para a realização desta pesquisa, foram escolhidos quatro livros didáticos de Química de volume único, que estão entre os livros aprovados pelo Plano Nacional do Livro Didático do Ensino Médio – PNLEM (BRASIL, 2009). Os resultados desta análise são considerados significativos e expressivos, pois os quatro livros selecionados são bastante importantes para o ensino de Química no Ensino Médio, sendo dois deles de autores renomados e amplamente utilizados em todo o território nacional. Os livros selecionados para a análise estão exibidos na Tabela 1. Foi realizada uma análise minuciosa sobre a o teor da História da Ciência apresentada nos quatro livros didáticos de Química selecionados para esta pesquisa, visando desta forma, verificar quais os critérios metodológicos utilizados pelos quatro autores para inserir a História da Ciência em seus respectivos livros. O objetivo foi levantar quais os capítulos e conteúdos que mais foram utilizados para que os autores inserissem a História da Ciência (Química), além de averiguar a padronização utilizada pelos mesmos, observando qual das três subáreas da Química (Química Geral e Inorgânica, Físico-Química e Química Orgânica), apresentou um maior número de recortes históricos. Como aporte metodológico para esta pesquisa, que se enquadra como qualitativa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986), do tipo análise de Conteúdo, tal como proposta por (BARDIN, 2002 apud SLONGO et al., 2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Por meio da análise dos livros pode-se perceber que o livro L3 apresentou uma diferença muito grande em relação aos demais livros, com quase o dobro de recortes históricos apresentados em relação aos demais. Os livros L2 e L4 apresentaram certa equidade, quanto ao número de recortes históricos encontrados, porém, o livro L1 apresentou uma quantidade bastante inferior, quando comparado aos demais livros. Com a análise dos livros, foi possível denotar que a subárea da Química que apresentou maior número de recortes históricos foi a Química Geral e Inorgânica. Isto revela que, fatidicamente, esta subárea é mais fácil de inserir a História da Ciência no formato de recortes, interligando-os aos conteúdos didáticos apresentados por ela. Em contrapartida, percebe-se que a Química Orgânica é a subárea da Química que os quatro autores apresentaram a menor quantidade de recortes históricos, comprovando assim que, esta é a subárea que os autores apresentaram a maior dificuldade em inserir a História da Química atrelada aos conteúdos. Apenas o L3 apresentou uma quantidade significativa de recortes ligados a História da Química, no que tange a Química Orgânica, quando comparado aos demais livros analisados, conforme a Tabela 2. Os quatro livros didáticos (L1, L2, L3 e L4) se preocuparam em revelar a História da Ciência dentro dos conteúdos da Química em praticamente 90% de seus recortes históricos, fazendo uso de fotografias dos cientistas ou imagens que estivessem atreladas a História. Porém, os livros L1 e L4 utilizaram uma metodologia pobre, com poucos recursos e informações, em compensação, os livros L2 e L3 utilizaram uma metodologia rica, com muitas informações, e uma padronização única, facilitando a sua identificação do aluno, com maior destaque para o livro L3.

Tabela 1

Livros selecionados para análise.

Tabela 2

Recortes Históricos encontrados por subárea da Química.

CONCLUSÕES: Pode-se denotar que os quatro autores utilizaram metodologias totalmente distintas para inserir a História da Ciência (Química) nos quatro livros de Química analisados. Por meio da análise quantitativas, observadas nos livros L1, L2, L3 e L4, observou-se que o livro que apresenta a maior contribuição para os alunos em relação à História da Ciência foi o livro L3, seguido de muito longe, pelo livro L2. Os livros L1 e L4 apresentaram muitas dificuldades quanto as suas inserções sobre a História da Química, dando uma abordagem relativamente fraca, quando comparada com os livros L3 e L2.

AGRADECIMENTOS: PIBIC/PIVIC-UNIVASF e ao POPEQUIM (Popularizando o ensino e a História da Química), e-mail: popehquim@gmail.com.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: OKI, M. C. C. Química Nova na Escola; SBQ. Paradigmas, Crises e Revoluções: A História da Química na PerpectivaKunhniana. São Paulo, no 20, p. 03, 2004.
PORTO, P. A. História e Filosofia da Ciência no Ensino de Química: Em busca dos objetivos educacionais da atualidade. Ensino de química em foco. Editora Unijuí, p.160-180, 2010.

WESTPHAL, M. et al, A História e a Filosofia da Ciência no ensino de Ciências à luz das idéias de Mario Bunge: O exemplo do eletromagnetismo, In: XVI SNEF - Simpósio Nacional de Ensino de Física, Rio de Janeiro, 2005.
BRASIL, (2009). Apresentação do PNLEM. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/index.php?id=13608&option=com_content&view=article. Acesso em: 17 de dezembro de 2012.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2002.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Editora Pedagógica e Universidade de São Paulo, 99 p., 1986.