Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: Produtos Naturais como inibidores de corrosão: avaliação do chá branco
AUTORES: Oliveira, T.M. (IFRJ) ; Alves, P.H.X. (IFRJ) ; Cardoso, S.P. (IFRJ)
RESUMO: A corrosão representa elevado gasto para as indústrias tornando necessário a
busca de métodos de inibição com custos aceitáveis (econômico e ambiental).
Extratos de produtos naturais estão em teste, pois apresentam baixo custo, bom
desempenho e baixa toxicidade. Este trabalho investigou o uso do extrato de chá
branco como inibidor de corrosão do aço-carbono P110 em ácido clorídrico 1
mol.L-1. A eficiência na prevenção da corrosão foi obtida em ensaios de perda de
massa com o produto proveniente da extração do chá branco com metanol, nas
concentrações de 100, 200 e 300 ppm. Observou-se redução na taxa de corrosão em
todas as concentrações testadas, com eficiência de 92,51% a 300 ppm. Ensaios
fitoquímicos revelaram a presença de flavonóides do tipo flavanas, flavonóis e
xantonas
PALAVRAS CHAVES: Inibidor de corrosão; Produtos naturais; Acidificação
INTRODUÇÃO: A corrosão ou deterioração de um material devido à sua interação com o meio
ambiente representa grande gastos para muitas indústrias, como a química,
petrolífera e naval, tornando necessário estudo constante visado seu
controle. Atualmente existe uma preocupação no sentindo de tentar minimizar a
utilização de produtos tóxicos ao ambiente, evitando assim futuros impactos
ambientais. Nos últimos anos o uso de algumas substâncias empregadas como
inibidores de corrosão vem sendo proibida em muitos países, como por exemplo os
cromatos, por suas características tóxicas e danosas ao meio ambiente. Desta
forma, a preocupação com esses fenômenos e a importância de conhecer novas
maneiras de preveni-los vem sendo assunto de estudos extensos, especialmente com objetivo de inibição da corrosão com custos aceitáveis tanto do ponto de vista econômico como ambiental. Os inibidores naturais de corrosão, que são obtidos a partir de extratos de plantas ou de material biodegradável, acarretam na redução da dissolução dos metais, diminuindo assim sua corrosão. Estudos realizados nos últimos anos relatam que muitos vegetais apresentam em sua composição compostos com ação antioxidante como os flavonóides que atuam como agentes quelantes de metais de transição, principalmente Fe+2 e Cu+2. O que leva a acreditar que muitas plantas apresentam potenciais para novos inibidores de corrosão. Esse estudo teve como objetivo investigar o uso de extrato de produtos naturais, no caso o extrato de chá branco, como potencial inibidor de corrosão para o aço carbono P110 na presença de ácido clorídrico 1 mol/L, como uma possibilidade de ser obter um inibidor eficiente e ambientalmente seguro.
MATERIAL E MÉTODOS: Para a obtenção do extrato foram utilizadas 10 gramas de chá Branco ( folhas e
talos de Camellia Sinensis), sendo realizadas extrações com solventes de
diferentes polaridades ( Hexano < Acetato de Etila < Metanol) no aparelho do
tipo Soxhlet. Para cada solvente a extração foi realizada durante cinco dias com duração diária de 8 horas. A cada mudança de solvente o extrato do chá branco (folhas e talos) foi colocado para secar ao ar livre durante 48 horas. Ensaios fitoquimico foram realizados a fim de detectar a presença de agentes
antioxidantes como os flavonóides. Foram realizados ensaios de perda de massa
utilizando o produto proveniente da extração do chá branco com o metanol nas
concentrações 100, 200 e 300 ppm, com imersão de 24 horas a 25 °C, para obtenção das taxas de corrosão (em mm/ano) e eficiência do produto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ensaios de perda de massa utilizando o produto proveniente da extração do chá
branco com o metanol nas concentrações de 100, 200 e 300 ppm, apresentaram em
todas as concentrações redução na taxa de corrosão, em relação ao ensaio em branco, como apresentado na tabela 1. O extrato de chá branco com concentração de 300 ppm apresentou melhor eficiência, em um valor de 92,51%, com a taxa de corrosão reduzindo de 4,5 mm/ano, no ensaio em branco, para 0,34 mm/ano na presença do extrato. Ensaios de perda massa realizados com o extrato de chá branco na ausência de metanol, não apresentaram diferenças significativas na eficiência em comparação ao extrato metanólico. Testes fitoquímicos realizados detectaram a presença de flavonoide do tipo: flavonas, flavonóis e xantonas, em concordância com estudos encontrados na literatura que apontam os flavanoides como principais agentes no processo de inibição. Alguns autores sugerem que a atividade quelante destes fitoquímicos seja devida à sua ligação ao metal (M n+ ) em dois pontos da molécula: no
grupamento orto-difenólico do anel B e no anel C, como mostra a figura 1, facilitando sua adsorção sobre a superfície metálica.
Tabela 1
Valores de taxa de corrosão e eficiência do inibidor
Figura 1
Sítios de ligação nos flavonóides para os metais de
transição.
CONCLUSÕES: Os resultados apontam para a possibilidade do uso do extrato do chá branco como matéria ativa na formulação de inibidores de corrosão para o aço carbono P110 em meio ácido. Os testes realizados confirmaram a ação inibidora do extrato, apresentando em todas as concentrações testadas alta eficiência. Testes eletroquímicos devem ser realizados afim de identificar o mecanismo do processo de inibição do chá branco, assim como a otimização no processo de extração, de modo a permitir o uso do extrato sem a presença do solvente, reduzindo custos e garantindo um processo ambientalmente seguro.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq pela bolsa e IFRJ pelo financiamento
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1]GENTIL, V., Corrosão. 3ª ed. Rio de Janeiro, LTC-Livros Técnicos e Científico S.A., 1996.
[2] SIMÕES, C.M.O., Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre- Florianópolis: ed. Universitária/ UFRGS/ Ed. da UFSC, 1999. 817 p.
[3] TORRES, V.V., extrato de produtos naturais como inibidor de corrosão para aço-carbono 1020. Dissertação de mestrado, UFRJ, Rio de Janeiro, 2008.
[4] SILVA, Paulo Furtado da, Introdução à corrosão e proteção das superfícies metálicas. Imprensa Universitária da UFMG, Belo Horizonte 1981.