53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: QUÍMICA DA CACHAÇA: UMA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10639/03 NO ENSINO DE QUÍMICA

AUTORES: Silva, J.C. (IFMT) ; Souza, K.C. (IFMT) ; Garcês, B.P. (IFMT)

RESUMO: Este trabalho apresenta uma possibilidade de aplicação da Lei 10.639/03 no ensino de química através da Química da Cachaça. A cachaça é um produto tipicamente brasileiro, criada por escravos. A aplicação deste tema no ensino de química nos leva a meados de 1500 com o início da cultura afro-brasileira no país devido à expansão do cultivo de cana-de-açúcar. Deste modo, vários conteúdos podem ser trabalhados utilizando a química da cachaça e, juntamente com estes conteúdos, a história e cultura afro-brasileira pode ser inserida. Conteúdos como processos de separação de misturas, funções orgânicas, fermentação, efeitos no etanol no organismo dentre outros.

PALAVRAS CHAVES: ensino de química; química da cachaça; cultura afro-brasileira

INTRODUÇÃO: A Lei 10.639/03 inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-brasileira”. Assim, torna-se obrigatório o ensino de vários aspectos deste tema como a História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e a importância do negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil. Esta lei menciona que estes conteúdos devem ser trabalhados principalmente nos conteúdos de Educação Artística, Literatura e História. Porém é de extrema importância trabalhar este tema em todos os conteúdos e, para isto, precisa-se desenvolver metodologias para aplicações desta lei. A cachaça que é o terceiro destilado mais consumido do mundo tendo uma produção de aproximadamente 1,3 bilhões de litros por ano é uma bebida tipicamente brasileira, desenvolvida por escravos que trabalhavam na produção de açúcar. O resíduo de melado que ficava nos tachos muitas vezes se fermentava e produzia um líquido de sabor agradável e que deixava os escravos mais felizes, a cachaça. Dentro do contexto da química da cachaça vários temas podem ser trabalhados para as três séries do ensino médio. Temas como processos de separação de misturas, fermentação, funções orgânicas, efeitos do álcool no organismo entre outros. O principal objetivo deste trabalho é avaliar como a história e cultura afro-brasileira pode ser inserida no contexto da química da cachaça em aulas de química para o ensino médio.

MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a cachaça, sua história, composição, processo de produção e dados econômicos. A partir destes dados foram analisados quais conteúdos podem ser estudados dentro do tema “Química da Cachaça”. Os temas foram divididos por série do ensino médio e, assim, foram feitos planos de aula onde foi inserida a história e cultura afro- brasileira, principalmente demonstrando a importância do negro na formação da sociedade nacional e resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política. Os planos de aula serão aplicados durante o ano letivo de 2013 para alunos das três séries do ensino médio no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Confresa, e será elaborada uma pequena apostila para distribuir para os alunos do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza com Habilitação em Química da mesma instituição com o intuito de informar os alunos sobre a Lei 10.639/03 e também fornecer amparo didático para uma possível aplicação da mesma em sala de aula. Além disto a “Química da Cachaça” se encaixa como um tema transversal para o ensino de química, e estes temas são bastante frequentes em avaliações como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: “Química da Cachaça” é um tema muito amplo que pode ser utilizado para trabalhar muitos conteúdos de química no ensino médio. A tabela 1 mostra os temas que podem ser trabalhados em química da cachaça e a série do ensino médio em que esses conteúdos podem ser trabalhados. Na temática Química da Cachaça, o docente deverá trabalhar de forma transdisciplinar, contextualizando a história dos negros nos engenhos açucareiros e a origem da cachaça com os conceitos que envolvem sua composição e seu processo de fabricação. Nessa perspectiva o docente poderá propor uma discussão sobre o conhecimento dos escravos com relação à origem desse produto e as contribuições dessa descoberta para a sociedade brasileira. Dentro dos conteúdos citados na tabela 1, uma introdução sobre a história da cachaça, mencionando os escravos e toda a história e cultura afro-brasileira pode ser inserida de modo a valorizar esta cultura em nosso país, além de estar atendendo a Lei 10.639/03.

Tabela 1

Conteúdos que podem ser trabalhados na temática “Química da Cachaça”

CONCLUSÕES: A Química da Cachaça pode ser um tema bastante interessante para a aplicação da Lei 10.639/03 no ensino de química. Há vários momentos distintos no ensino médio em que este tema pode ser trabalhado e, além de poder trabalhar a história e cultura afro-brasileira dentro deste tema, ele é um tema transversal que auxilia no processo de ensino aprendizagem. A História e Cultura Afro-Brasileira devem ser respeitada e amplamente trabalhadas nas escolas, de modo a valorizar esta cultura e diminuir o (ainda presente) racismo na sociedade.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos ao IFMT e a CAPES.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Presidência da República. Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm>. Acesso em: 26 mar. 2013.
CAVALCANTE, M. S.; A verdadeira história da cachaça. São Paulo: Sá Editora, 2011. 608p.