53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Materiais

TÍTULO: Pilarização de esmectita maranhense com alumínio por irradiação de micro-ondas

AUTORES: Nascimento, A.S. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Bertochi, M.A.Z. (UNESP) ; Vasconcelos, N.S.L.S. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Carvalho, M.M.B. ()

RESUMO: A pilarização de argilas esmectitas por meio de processos tradicionais tem potencializado as propriedades de adsorção e catálise destas argilas. Contudo, o custo de obtenção destes sólidos pilarizados ainda é industrialmente questionável devido ao elevado tempo requerido. Dessa forma, com o objetivo de diminuir o tempo de obtenção da argila pilarizada, neste trabalho fez a etapa de pilarização da argila esmectita com alumínio por irradiação de micro-ondas a partir de um micro-ondas doméstico adaptado. Os sólidos pilarizados e não pilarizados foram caracterizados por DRX e ASE por B.E.T.

PALAVRAS CHAVES: esmectita; pilarização; micro-ondas

INTRODUÇÃO: As argilas esmectitas diferenciam-se das demais argilas por serem constituídas predominantemente por argilominerais do grupo esmectita, dos quais o montmorilonita é a espécie de maior concentração, e minerais acessórios como quartzo, ortoclásio, mica, carbonatos, cristobalita, feldspalto e outros (SOUZA SANTOS, 1989). Essas argilas possuem estrutura cristalina lamelar 2:1 e são conhecidas por sua elevada capacidade de troca do cátion (CTC) presente entre suas lamelas por outro presente no meio, o que possibilita o aumento do espaço entre as lamelas (d001) e da área superficial específica (PERGHER, 2005). A troca do cátion entre as camadas é realizada por uma metodologia amplamente conhecida como pilarização, a qual ocorre em duas etapas: a intercalação e a pilarização. Na intercalação ocorre a troca do cátion interlamelar por outro do meio. Na pilarização o novo cátion sofre uma desidratação e desidroxilização para formação do pilar óxido. A etapa de pilarização tem sido tradicionalmente realizada com fornos tradicionais, o que requer tempos de até 24 horas. Contudo, neste trabalho a pilarização é realizada com forno de micro-ondas doméstico adaptado a fim de diminuir o tempo e o custo de obtenção da argila pilarizada.

MATERIAL E MÉTODOS: Para a realização desse trabalho foi utilizada uma amostra de argila coletada do município de Montes Altos – MA. Da amostra bruta (AB), trabalhou-se com sua fração argila (FA) em que foi medida sua CTC de 58 meq/100g pelo método azul de metileno. Para pilarização da amostra fez-se a solução pilarizante com NaOH e AlCl.6H2O na razão de OH/Al igual 2,0. Na etapa de intercalação, a suspensão de argila (1g/100mL H2O) previamente hidratada por 24 horas foi titulada lentamente(2 mL/1min) com a solução pilarizante até alcançar a proporção de 15 meq Al/g de argila, sob agitação por 3h (100°C/10 minutos). Após esse período, a suspensão(argila + solução pilarizante) foi lavada por centrifugação, para eliminação dos íons cloreto (Cl-), e seca a 60°C/12h em estufa. A negatividade da presença de cloretos no sólido intercalado foi comprovada com teste de nitrato de prata (AgNO3). O sólido obtido foi chamado de FAI (fração argila intercalada). Para o processo de pilarização, a FAI foi dividida em duas partes. Uma foi pilarizada em forno mufla a 400°C por 2 horas, em que o sólido obtido foi denominado de FAPCV (fração argila pilarizada por método convencional). A outra parte foi pilarizada por irradiação de micro-ondas a 400°C por tempos de 5 a 30 minutos. Os sólidos obtidos deste último processo foram chamados de FAPMWX (fração argila pilarizada por micro-ondas em tempo “X”), em que “X” corresponde ao tempo de irradiação. As amostras FA, FAI, FAPCV e FAPMWX foram caracterizadas por DRX e ASE por B.E.T.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Como se pode verificar pela Figura 1, com o processo de intercalação o d001 da FAI tornou-se superior ao observado na FA não modificada. Esse aumento indica que a intercalação foi bem sucedida. No entanto, com o processo de pilarização ocorreu a diminuição do d001 devido a desidratação e desidroxilização do pilar, como já era esperado. Para a pilarização com forno convencional a diminuição foi de 0,1 nm, o que conferiu um d001 de 1,73 nm para a FAPCV . Para a pilarização por irradiação de micro-ondas os pilares diminuíram para 1,72 nm na FAPMW5, 1,76 nm na FAPMW10, 1,73 nm na FAPMW15, 1,73 nm na FAPMW20, 1,69 nm na FAPMW25 e para 1,68 nm FAPMW30. Na Tabela 1, têm-se os resultados da ASE por B.E.T. da argila FA, FAPCV, FAPMW5, FAPMW10, FAPMW15, FAPMW20, FAPMW25 e FAPMW30. Como se pode observar, apesar de ter-se conseguido a formação de pilares com pouco tempo de irradiação por micro- ondas, verifica-se que a FAPCV apresenta maior ASE que a argila FA e as FAPMWX. Contudo, ainda sim, as argilas FAPMWX apresentam ASE até três vezes maiores que a FA não modificada. Além disso, para as argilas pilarizadas por micro-ondas (FAPMWX), percebe-se que a argila FAPMW15 apresenta maior ASE, se comparada com as outras argilas pilarizadas por micro-ondas (Tabela 1). Esse maior valor ASE para esta argila pode está relacionado a uma maior densidade de pilares entre suas camadas, pois como se pode verificar pela análise de DRX destas argilas, o valor do d001 destas argilas são bem próximos.

Figura 1.

DRX: FA, FAI, FAPMW5, FAPMW10, FAPMW15, FAPMW20, FAPMW25 e FAPMW30

Tabela 1.

Área Superficial Específica (ASE) por B.E.T. das FAPMWX

CONCLUSÕES: A pilarização por irradiação de micro-ondas permitiu obter um sólido pilarizado com propriedades comparáveis as encontradas em sólidos pilarizados por forno mufla convencional, e por um menor custo, pois o processo de irradiação de micro- ondas requer menos tempo e, consequentemente, menos energia.

AGRADECIMENTOS: A Dra. Maria Aparecida Zaghete Bertochi, ao Dr. Márcio Almeida, ao LIEC/UNESP- Araraquara e ao IFMA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: PERGHER, S. B. C.; SPRUNG, R. Pilarização de uma argila brasileira com poliidroxicátions de alumínio: preparação, caracterização e propriedades catalíticas. Química Nova, v. 28, n. 5, p. 777-782, 2005.

SOUZA SANTOS, P. Ciência e Tecnologia de Argilas, 2 ed, vol.I, São Paulo: Ed. Edgard Blücher Ltda, 1989.