53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE POR Pseudomonas aeruginosa UTILIZANDO MEIO MINERAL ACRESCIDO DE ÓLEO DIESEL

AUTORES: Ribeiro, D.L.R. (UFPE) ; Campos-takaki, G.M. (UFPE) ; Palha, M.L.A.P. (UFPE)

RESUMO: Os biossurfactantes são compostos produzidos por micro-organismos, que apresentam propriedades biológicas aplicáveis a várias indústrias, são elas, indústrias de alimentos, cosméticos, farmacêuticas, têxteis, papel, metais e petrolífera. O presente trabalho apresenta resultados referentes à produção de biossurfactante por Pseudomonas aeruginosa em meio mineral acrescido de 5% de óleo Diesel por um período de 72 horas, sob agitação de 150 rpm e temperatura de 30ºC. A avaliação do biossurfactante produzido foi determinada pelo valor da tensão superficial, onde obteve-se o valor de 30,2 mN/m e através do índice de emulsificação, onde os resultado obtidos corresponderam a 96,30% para óleo de motor queimado, 84% para óleo de motor e 68,18% óleo pós fritura.

PALAVRAS CHAVES: Biossurfactante; Emulsificação; Pseudomonas aeruginosa

INTRODUÇÃO: Surfactantes são moléculas anfipáticas constituídas de uma porção hidrofóbica e outra hidrofílica (MULLIGAN, 2005). São amplamente utilizados nos diversos setores industriais, constituindo assim uma classe importante de compostos químicos, uma vez que atuam como dispersantes e/ou solubilizantes de compostos orgânicos. A maioria dos surfactantes disponíveis é derivada do petróleo. Entretanto, a nova legislação de proteção ao meio ambiente bem como a proteção ambiental têm levado os consumidores a buscar os surfactantes naturais como alternativa aos produtos existentes (SARUBBO et al., 2006). Os biossurfactantes são compostos com atividade tensoativa, produzidos por microrganismos, estes compostos possuem vantagens adicionais sobre surfactantes químicos, tais como baixa toxicidade, biodegradabilidade, produção a partir de substratos renováveis, aceitabilidade ecológica, estabilidade em valores extremos de pH e temperatura. Outra vantagem reside no fato de serem compostos que não são derivados de petróleo, despertando assim grande interesse da comunidade científica devido as suas vantagens (RUFINO et al., 2007). O desenvolvimento de surfactantes biodegradáveis e menos tóxicos, como os microbianos, torna-se uma estratégia importante na obtenção de compostos compatíveis com o meio ambiente. Neste sentido, o presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de investigar a produção de biossurfactantes por Pseudomonas aeruginosa em meio mineral.

MATERIAL E MÉTODOS: A linhagem de Pseudomonas aeruginosa UCP(0099) utilizada foi obtida do banco de cultura do Núcleo de Pesquisa em Ciências Ambientais (NPCIAMB) da Universidade Católica de Pernambuco, que é cadastrado no World Federation Culture Collection (WFCC). A linhagem foi mantida em Luria Bertani (LB), temperatura de 5ºC, sendo repicada a cada 30 dias, para manter a cultura jovem. Utilizou-se meio mineral constituído de Nitrato de Amônio (NH4NO3) 0,1g, Fosfato Monopotássio (KH2PO4) 0,02g, Sulfato de Magnésio (MgSO4) 0,02g, Asparagina 0,005g, 100 mL água destilada e acrescido com 5 mL de óleo diesel como meio de produção. A P. aeruginosa foi repicada em tubo de ensaio contendo o meio de LB e incubada a temperatura de 30ºC por 24 horas. Após este período, a cepa foi transferida para Erlenmeyer com 250 mL de capacidade contendo 50 mL do Caldo Nutritivo, mantidos sob agitação orbital de 150 rpm, a temperatura de 30ºC por um período de 24 horas. A produção do biossurfactante foi realizada em Erlenmeyer com capacidade de 250 mL contendo 100 mL do meio de produção. A esterilização foi realizada em autoclave, por vapor fluente durante 15 minutos, posteriormente, resfriados e adicionados 5,0 mL do pré-inóculo, crescidos em caldo de Luria Bertani na concentração de 107 UFC/ mL, e mantido sob agitação orbital de 150 rpm, à temperatura de 30ºC, por um período de 72 horas. Após esse período, o líquido metabólico livre de células foi obtido por centrifugação a 4000 rpm, por 15 minutos, e posterior filtração em papel de filtro Wathmann nº1. O líquido metabólico foi então submetido à determinação de tensão superficial e emulsificação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados demonstraram que o meio de produção testado obteve uma redução da tensão supercial de 72mN/m para 30,2mN/m e índices de emulsificação de 96,3%; 84% e 68,18%, para os substratos hidrofóbicos: óleo de motor queimado, óleo de motor e óleo pós fritura, respectivamente (Figura 1). De acordo com Mulligan, um bom surfactante deve diminuir a tensão superficial da água de 72Mn/m para 35mN/m, enquanto que de acordo com Willumsen e Karlson percentuais acima de 50% de emulsificação são considerados significativos.

Resultados do índice de emulsificação do biossurfactante produzido.



CONCLUSÕES: Com os resultados obtidos a partir da produção do biossurfactante por Pseudomonas aeruginosa pode-se comprovar que a cepa possui um excelente potencial biotecnológico, apresentando bons resultados tanto para tensão superficial como para emulsificação, classificando-se assim como um bom tensoativo e emulsificante. Os resultados demonstram que a P. aeruginosa apresenta-se como uma alternativa promissora e viável para produção de biossurfactantes.

AGRADECIMENTOS: PRH-28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MULLIGAN, C. N. Environmental applications for biosurfactants. Environmental Pollution. 2005, vol.133, pp.183-198.

RUFINO, R. D.; SARUBBO, L. A.; CAMPOS-TAKAKI, G. M. Enhancement of Stability of biosurfactant produced by Candida lipolytica using industrial residue as substrate. World Journal of Microbiology and Biotechnology. 2008, vol.23, pp.729-734.

SARUBBO, L. A.; LUNA, J. M.; CAMPOS-TAKAKI, G. M. Production and stability studies of bioemulsifier obtained from a new strain of Candida glabrata UCP 1002. Eletronic Journal Biotechnology. 2006, vol.9, pp. 400-406.