Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia
TÍTULO: EFEITO DE EXTRATOS DE GEOPRÓPOLIS DAS ESPÉCIES DE ABELHAS SEM FERRÃO Mellipona seminigra, Mellipona flavolineata e Mellipona fasciculata SOBRE O CRESCIMENTO DE Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae.
AUTORES: Oliveira, H.A. (UFPA) ; Oliveira, M.S. (UFPA) ; Pacheco, L.C. (UFPA) ; Ishida, A.K.N. (EMBRAPA) ; Venturieri, G.C. (EMBRAPA) ; Souza-filho, A.P.S. (EMBRAPA) ; Vasconcelos, M.A.M. (EMBRAPA) ; Lima, C.N. (UEPA)
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo verificar o efeito dos extratos aquosos de
geoprópolis de Mellipona seminigra, Mellipona flavolineata e Mellipona fasciculata
sobre o crescimento de Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae. Os extratos foram
incorporados ao meio de cultura na concentração de 1%. Após a solidificação deste
com os extratos, foram depositadas alíquotas de 100 μL da suspensão bacteriana. A
testemunha utilizada foi o meio de cultura sem adição de extrato. Após a incubação
por 48h a 28ºC, a avaliação foi realizada através da contagem de UFC das placas. A
geoprópolis de Mellipona seminigra apresentou uma inibição de 90,38%. Enquanto as
amostras de Melipona fasciculata e Mellipona flavolineata, apresentaram 35,86% e
17,06% de inibição, respectivamente.
PALAVRAS CHAVES: inibição; extrato aquoso; geoprópolis
INTRODUÇÃO: A própolis é um material resinoso coletado pelas abelhas de diversas partes da
planta como broto, botões florais e exsudatos resinosos. Enquanto que o
geoprópolis foi definido por Nogueira Neto 1962b, apud Nogueira Neto 1997, como
uma mistura de barro e própolis e, é somente produzida por espécies de abelhas
sem ferrão. Tem sido sugerido que a atividade antibacteriana de extratos da
própolis possa estar associada ao alto conteúdo de substâncias do tipo
flavonóides presentes (GRANGE & DAVEY, 1990, apud BIANCHINNI & BEDENDO, 1998).
Fatores associados à técnica de extração, metodologia de condução de ensaios,
local de origem e época do ano em que foi produzido podem ter influência sobre o
maior ou menor grau de inibição do produto em relação às diferentes espécies
bacterianas (SHUB et al., 1978; MERESTA & MERESTA, 1985; VALDES et al., 1989;
FUENTES & HERNANDEZ, 1990, apud BIANCHINNI & BEDENDO, 1998). Xanthomonas
axonopodis pv. passiflorae (Pereira) Dye é causadora de bacteriose no
maracujazeiro. Segundo afirma P. Brancaglione et al, 2009, é uma doença que vem
crescendo na sua importância em regiões quentes e úmidas, causando prejuízos na
cultura. Buscando alternativas para o controle da bacteriose o presente trabalho
se propõe a avaliar os extratos aquosos brutos de geoprópolis das abelhas sem
ferrão nativas da Amazônia (Mellipona seminigra, Mellipona flavolineata e
Mellipona fasciculata).
MATERIAL E MÉTODOS: Utilizou-se 2 gramas de cada amostra bruta de geoprópolis macerada em água
destilada, adicionou-se 3 mL de Tween e solubilizou-se. O extrato foi
incorporado ao meio de cultura 523 (KADO & HESKETT, 1970) na concentração de 1%.
Após a solidificação do meio, foram depositadas alíquotas de 100 μL da suspensão
bacteriana ajustada à Abs540= 0,1 em diluição 10-6 e espalhadas com alça de
Drigalski. Como testemunha utilizou-se o meio de cultura sem adição de nenhum
extrato. Após a incubação por 48h a 28ºC, a avaliação foi realizada através da
contagem de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) das placas. O delineamento
experimental foi realizado utilizando-se quatro repetições. Realizou-se análise
de variância e comparação das médias pelo teste de Scott & Knott a 5% de
probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Como mostra a Tabela 1, a maior percentagem de inibição do crescimento de
Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae foi a partir da geoprópolis de Mellipona
seminigra, com controle de 90,38% em relação à testemunha. Enquanto o extrato de
geoprópolis de Mellipona fasciculata obteve controle de 35,86% de inibição,
seguido pelo extrato de Mellipona flavolineata com 17,06% de inibição. Esses
resultados sugerem que a geoprópolis de Mellipona seminigra apresenta como
principais inibidores do crescimento da bactéria substâncias de alta polaridade,
já que foram utilizados extratos aquosos das três amostras para a análise
(apesar da utilização de tween para solubilizar a parte não solúvel em água,
esta foi a responsável pela extração dos compostos bioativos). Sugerem ainda,
que as substâncias de mais alta polaridade têm pouco efeito na inibição de X.
axonopodis pv. Passiflorae pelas geoprópolis de Mellipona fasciculata e
Mellipona flavolineata. Outros testes devem ser realizados em bactérias
fitopatogênicas para comparar e verificar como o grau de inibição destas está
relacionado às classes de compostos de polaridade mais baixa ou mais alta em
própolis e geoprópolis.
Tabela 1.
Tabela do efeito de geoprópolis sobre X. axonopodis
pv. passiflorae.
CONCLUSÕES: A avaliação bacteriostática dos extratos permitiu concluir que apenas a amostra de
geoprópolis de Mellipona seminigra apresentou uma inibição satisfatória de X.
axonopodis pv. passiflorae, sendo de 90,38%. Um valor bem alto em relação às
amostras de Melipona fasciculata e Mellipona flavolineata, com controle em relação
à testemunha de 35,86% e 17,06%, respectivamente.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq, UFPa e Embrapa Amazônia Oriental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BIANCHINNI, L.; BEDENDO, I. P. Efeito antibiótico da própolis sobre bactérias fitopatogênicas. Scientia Agricola. v.55, n.1, p.149-152. Piracicaba, 1998.
BRANCAGLIONE, P. et al. Eficiência de argila silicatada no controle de Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae, in vitro e em mudas de maracujazeiro-amarelo. Revista Brasileira de Fruticultura. v. 31, n. 3, p. 718-724. Jaboticabal, SP. 2009.
ISHIDA, A. K. N.; HALFELD-VIEIRA, B. A. Mancha-bacteriana do maracujazeiro (Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae): etiologia e estratégias de controle. 1 ed. Belém: Embrapa Amazônia Oriental. 2009. 23p.
KADO, C. I. ; HESKETT, M. G. Selective media for isolation of Agrobacterium, Corynebacterium, Erwinia, Pseudomonas and Xanthomonas. Phytopathology. v. 60, n.6, p.969-976, 1970.
NOGUEIRA-NETO, P. Vida e Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão. São Paulo, Brasil: Editora Nogueirapis. 1997. 446 pp. 1997. 445 p. ISBN: 85-86525-01-4.