53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: Caracterização termo-gravimétrica de casca de arroz submetida ao branqueamento com ácido peracético

AUTORES: Nascimento, P.H.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA) ; Marim, R.G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA) ; Marim, B.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA) ; Carvalho, G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA) ; Oliveira, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA)

RESUMO: A agroindústria gera muita biomassa que não é devidamente aproveitada, sendo descartada sob a forma de resíduo, principalmente material lignocelulósico que apresenta grande capacidade de transformação e aplicação biotecnológica. Dentre estes resíduos destaca-se a casca de arroz, que apresenta uma quantidade de celulose considerável e de potencial aplicação. O objetivo deste trabalho foi caracterizar por termogravimetria a casca de arroz submetida ao branqueamento com ácido peracético. Os resultados indicaram que dentre os tratamentos o mais eficaz foi o realizado à 80°C, apresentando menor quantidade de resíduo à 600°C e temperatura de início de degradação térmica (Tonset) em temperatura menor quando comparado aos demais. Novas análises devem ser realizadas para comprovação dos resultados.

PALAVRAS CHAVES: Material lignocelulósico; deslignificação; casca de arroz

INTRODUÇÃO: Material lignocelulósico é descartado pela agroindústria diariamente às toneladas, sendo destinadas à produção de ração animal ou combustão em caldeiras (SILVA et. al, 2009). Devido ao alto teor de celulose destes materiais, a extração da mesma, por diferentes métodos de branqueamento, se torna importante para então aplicação na produção de novos materiais sob a forma de compósitos e nanocompósitos biodegradáveis, principalmente embalagens. A purificação do material lignocelulósico é um processo complexo, compreendendo métodos físicos, químicos e enzimáticos no desmembramento do complexo lignina- celulose-hemicelulose, preservando seletivamente (SILVA et. al, 2009). O processo de branqueamento requer a utilização de agentes oxidantes fortes como reagentes clorados ou peróxidos, A utilização de peróxido em meio ácido para formação de ácido peracético demonstrou-se eficaz para remoção de ligninas e hemiceluloses, resultando em fibras celulósicas intactas (BRASILEIRO et. al, 2001), mostrando-se uma alternativa aos reagentes clorados. O objetivo deste trabalho foi caracterizar por termogravimetria a casca de arroz submetida ao branqueamento com ácido peracético.

MATERIAL E MÉTODOS: As cascas de arroz utilizadas foram fornecidas pela empresa HT-Nutri (Camaquã – RS), sendo lavadas com água destilada, secas em estufa e trituradas. Realizou-se o processo de branqueamento de acordo com método descrito por Brasileiro (2001), com modificações. A amostra (20g de casca triturada) foi imersa em uma solução de ácido acético glacial, peróxido de hidrogênio e água (50% de ácido acético glacial, 38% de peróxido de hidrogênio 120 volumes e 12% de água), com volume final de 250 mL, por 24 h com agitação contínua a 60ºC. Após este processo as amostras foram lavadas em água corrente até pH próximo de 7. Em seguida, foram secas em estufa a 40ºC por 24 h. Seguindo este método foram preparadas quatro amostras: amostra 1, onde o processo foi realizado apenas uma vez; amostra 2, onde o branqueamento foi realizado duas vezes seguidas sobre a mesma amostra; amostra 3 e 4, onde variou- se a temperatura da reação, 70°C e 80°C, respectivamente. A análise termo-gravimétrica (TG) foi realizada em equipamento TGA 50, Shimadzu no laboratório de Espectroscopia UEL, em atmosfera de Nitrogênio, com taxa de aquecimento de 30°C/min, de 20 à 600°C. As temperaturas Tonset, T90 e Tmax assim como o resíduo (à 600°C) foram calculados e analisados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Aplicando-se o método de branqueamento utilizando ácido peracético, observou-se um clareamento da casca de arroz, indicando uma retirada de ligninas e hemiceluloses, que conferem a coloração escura nas cascas vegetais. Pelos gráfios de TG e DTG foi possível observar as temperaturas Tonset, T90 e Tmax. Estes valores assim como os resíduos estão indicados na Tabela 1. A casca in natura inicia sua degradação (Tonset) muito antes das demais, devido à presença de outros compostos orgânicos na amostra. As demais amostras apresentam Tonset semelhantes, indicando um padrão de início de degradação. A amostra 5 (perácido 80°C) apresenta um início de degradação em temperatura menor, indicando que o tratamento acido diminui a estabilidade térmica. As temperaturas T90 e Tmax são muito semelhantes entre as amostras e a casca in natura. A porcentagem de massa residual também é semelhante entre as amostras, com exceção da amostra 5, que apresentou menor resíduo, novamente indicando ser o tratamento estudado mais eficaz para branqueamento da casca de arroz (Tabela 1). A casca in natura apresenta dois eventos de degradação característicos sendo o primeiro em 340°C referente a degradação de hemicelulose e celulose, e o segundo em 380°C referente a degradação da lignina (MARTIN et. al, 2009; SANTOS et. al, 2011). Esta distinção não é verificada nas demais curcas DTG devido à retirada de hemicelulose e lignina pelo método de branqueamento com perácidos.

Gráfico 1: Curvas DTG das amostras estudadas.



Tabela 1

Temperaturas observadas nos gráficos de TG e DTG das quatro amostras analisadas, assim como o resíduo restante.

CONCLUSÕES: A análise termo-gravimétrica mostrou que o branqueamento mais eficaz foi o realizado à 80°C. Porém, mais analises devem ser realizadas para confirmação dos resultados, assim como análises de FT-IR e teores de lignina residual.

AGRADECIMENTOS: Ao laboratório de Espectroscopia da UEL, CAPES, CNPq, Fundação Araucária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASILEIRO, Lilian Borges; COLODETTE, Jorge Luiz; PILÓ-VELOSO, Dorilal. A utilização de perácidos na deslignificação e no branqueamento de polpas celulósicas. Química Nova, v. 24, n. 6, p. 819-829, 2001.

MARTIN, Adriana R.; MATTOSO, Maria A. Martins; MATTOSO, Luiz H.; SILVA, Odilon R. R. F. Caracterização química e estrutural de fibra de sisal da variedade Agave sisalana. Polímeros: Ciência e Tecnologia. v. 19, n. 1, p. 40-46. 2009.

SANTOS, Moacyr L dos; LIMA, Omar J. de, NASSAR, Eduardo J., CIUFFI, Katia J., CALEFI, Paulo S. Estudo das condições de estocagem do bagaço de cana-de-açúcar por análise térmica. Química Nova. v. 34, n. 3, p. 507-511. 2011.

SILVA, Rafael; HARAGUCHI, Shirani K.; MUNIZ, Edvani C.; RUBIRA, Adley F. Aplicações de fibras lignocelulósicas na química de polímeros e em compósitos. Química Nova.v. 32, n. 3, p. 661-671, 2009.