53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS ESFERAS DE QUITOSANA

AUTORES: Maria Batista Chagas, P. (UFLA) ; Esteves Nogueira, G. (USP) ; Arriel Torres, J. (UFLA) ; Cristina Silva, M. (CEFET) ; Correa Duarte, A. (UFLA)

RESUMO: A fixação ou encerramento das enzimas em suportes sólidos proporciona diversas vantagens sobre as enzimas livres. Consequentemente, muitos suportes têm sido utilizados para a imobilização de enzimas de interesse, entre estes destaca-se a quitosana, que possuiu várias propriedades físicas, químicas e biológicas que a tornam muito versátil quimicamente, sendo considerada um suporte ideal para imobilização de enzimas. neste trabalho, caracterizou-se o pó e as esferas de quitosana quanto ao grau de desacetilação (GD), bem como a análise estrutural dos materiais por microscopia eletrônica de varredura (MEV) e difração de Raios X (DRX) para posterior uso deste material na imobilização de enzimas.

PALAVRAS CHAVES: Imobilização; enzima; quitosana

INTRODUÇÃO: As enzimas apresentam várias propriedades que as tornam atrativas como catalisadores para biotransformações. Um grande número de enzimas, provenientes de uma variedade de vegetais e microrganismos, vem sendo apresentadas como capaz de desempenhar importantes papéis em diferentes aplicações nas indústrias alimentícia, têxtil, de papel e na agricultura, resultando em significativas reduções de custos (CARDOSO et al., 2009). Em reações químicas e bioquímicas, o uso de enzimas puras pode ser dispendioso e seu descarte após o uso é economicamente inviável. Além disso, muitas enzimas não são suficientemente estáveis dentro das condições operacionais, e elas podem perder a atividade catalítica. O desenvolvimento de técnicas de imobilização tem sido importante por proporcionar a reutilização das enzimas, facilitar a separação dos produtos e aumentar a estabilidade em solventes orgânicos (DALLA-VECCHIA et al., 2004). A utilização de formas enzimáticas imobilizadas é de fundamental importância para aumentar a potencialidade dos sistemas enzimáticos no tratamento de resíduos industriais. Consequentemente, muitos suportes têm sido utilizados para a imobilização de enzimas de interesse, entre estes destaca-se a quitosana, que possuiu várias propriedades físicas, químicas e biológicas que a tornam muito versátil quimicamente, sendo considerada um suporte ideal para imobilização de enzimas. Dentro deste contexto, objetivou-se neste trabalho, caracterizar o pó e as esferas de quitosana quanto ao grau de desacetilação (GD), bem como a análise estrutural dos materiais por microscopia eletrônica de varredura (MEV) e difração de Raios X (DRX) para posterior uso deste material na imobilização de enzimas.

MATERIAL E MÉTODOS: Obtenção das esferas de quitosana Amostras contendo 1,5 g de quitosana foram diluídas em 40 mL de solução de ácido acético 2% (m/v). A solução obtida foi gotejada sobre solução de hidróxido de sódio 2,0 mol L-1, o que provoca imediatamente a coagulação do gel em formato esférico (3). As esferas foram divididas em duas porções e submetidas aos tratamentos: a) a 1a porção das esferas foi reticulada (ativada) com glutaraldeído 2,5% e secas à temperatura ambiente e b) a 2a porção foi seca à temperatura ambiente (sem reticulação). Determinação do grau de desacetilação da quitosana A percentagem GD do pó da quitosana, das esferas reticuladas e não reticuladas foi determinada por titulação potenciométrica (BROUSSIGNAC, 1972). 20,0 mL de solução de ácido clorídrico 0,1 mol L-1 foram adicionados em 0,2 g de pó de quitosana e também em 0,2 g das esferas. Em seguida, as soluções foram tituladas com hidróxido de sódio 0,1 mol L-1 até o volume final de 25 mL, com adições de 0,2 mL de titulante a cada medida. Análise das esferas por microscopia eletrônica de varredura As micrografias foram obtidas em um equipamento ZEISS LEO 440 (Cambridge, England) com detector OXFORD, operando com feixe de elétrons de 15kV. Análise de difração de Raios X Os materiais foram caracterizados por DRX, utilizando um difratômetro de raios X da Rigaku Geigerflex, equipado com um monocromador de grafite e radiação CuKα (= 1,5406 Å), a corrente de 30 mA e tensão de 45 kV. A velocidade de varredura utilizada foi de 2° min-1, usando a contagem de tempo de cinco segundos por incremento e empregando-se uma variação angular de 5 a 50°.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O GD médio é definido como o número de grupos amino em relação aos grupos amida da cadeia polimérica (RAYMOND, 1993. O GD calculado no pó de quitosana e nas esferas sem a reticulação foi de 77,02% e 80,7%. As esferas reticuladas com glutaraldeído não apresentaram quantidade de grupos amino protonáveis mensuráveis pelo método. Este resultado sugere que a ligação do glutaraldeído ocorreu pelos grupos amino da quitosana. Os resultados obtidos por MEV mostraram a formação de pequenos grânulos com tamanhos irregulares para o pó de quitosana (Figura 1a). Após o procedimento para obtenção das esferas de quitosana (Figura 1b e 1c), nota-se que a esfera sem o tratamento com glutaraldeído (Figura 1b) apresentou rugosidades na sua superfície, enquanto que na esfera reticulada com glutaraldeído houve uma alteração significativa na superfície tornando-a mais uniforme. Constatou-se, contudo, que a reticulação não gerou poros na superfície, preservando praticamente as dimensões originais das esferas antes da reticulação .A estrutura cristalina dos materiais foi estudada por difratometria de raios X. Todos os materiais apresentaram picos de difração em 2θ = 20o referentes a quitosana (Figura 2). Na Figura 2a e 2b, além do pico em 2θ = 20o observou-se um halo de difração em 2θ =10o também referente a quitosana. Segundo Uragami (2006), as fortes interações intra e intermolecular devido as ligações de hidrogênio entre os grupos amina, álcool e amida presentes na molécula de quitosana, faz com que esse material apresente certa cristalinidade. Na Figura 3c observou-se o completo desaparecimento do pico de difração em 2θ =10o bem como uma diminuição significativa na cristalinidade do material após a ativação com glutaraldeído.

Figura 1

Micrografias do pó de quitosana (a); esfera sem reticulação (b); esfera reticulada com glutaraldeído 2,5 % (c)

Figura 2

DRX do pó de quitosana (a) esferas de quitosana sem reticulação (b) e esferas reticuladas com glutaraldeído (c)

CONCLUSÕES: Os resultados das análises realizadas neste trabalho apresentaram características importantes sobre a estrutura da quitosana que será utilizada como suporte na imobilização de enzimas.

AGRADECIMENTOS: Capes, Cnpq, FAPEMIG

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BROUSSIGNAC, J. Un hault polymere natural per connum dans I’industrie le chitosan, Chimie et Industrie-Genie Chimique, Paris, v.99, p.1241-1249, 1972.
CARDOSO et al. Imobilização de enzimas em suportes cromatográficos: uma ferramenta na busca por substâncias bioativas. Química Nova, São Paulo, v.32, n.1, p. 175-187, 2009.
DALLA-VECCHIA, R.; NASCIMENTO, M. G.; SOLDI, V. Aplicação de lipases imobilizadas em polímeros. Química Nova, v.27, n. 4, p. 623-630, 2004.
RAYMOND, L.; MORIN, F. G.; MARCHESSAULT, R. H. Degree of deacetylation of chitosan using conductometric titration and solid-state NMR. Carbohydrate Research v. 246, p. 331 – 336, 1993.
URAGAMI T.; TOKURA S., (eds.) Material Science of Chitin and Chitosan, Japan: Kodansha Ltd., Springer, 2006.