53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Alimentos

TÍTULO: ANÁLISE SENSORIAL: ACEITAÇÃO DE GEL ENERGÉTICO ADICIONADO DE Spirulina

AUTORES: Botelho Moreira, J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE) ; Souza de Oliveira, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE) ; Duarte Santos, T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE) ; Fernandes de Carvalho, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE) ; Vieira Costa, J.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE)

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar a aceitação de géis energéticos, sabor banana com açaí. Duas amostras foram desenvolvidas, sendo amostra A (0,35 % de Spirulina, 0,25 % de pectina) e B (0,5 % de Spirulina, 0,5 % de pectina). A amostra C foi adquirida no comércio local da cidade de Rio Grande - RS. O teste de aceitação foi realizado utilizando escala hedônica de 9 pontos. Juntamente à análise sensorial foi aplicado um questionário para avaliar o consumo de suplementos alimentares pelos provadores e a familiaridade dos mesmos com repositores energéticos em gel. Constatou-se que a amostra A foi a única aceita pelos provadores, apresentando índice de aceitação de 71 %.

PALAVRAS CHAVES: Aceitação; Carboidrato; Microalga

INTRODUÇÃO: Para suprir as necessidades nutricionais e em busca de melhor desempenho esportivo, o uso de suplementos alimentares é prática frequente entre atletas. Os repositores energéticos apresentam elevada concentração de carboidratos, garantindo aporte calórico para realização de exercícios físicos através da manutenção dos níveis glicêmicos. Suplementos a base de carboidratos em estado líquido ou sólido não apresentam diferenças na recuperação do glicogênio (PEREIRA e SOUZA JÚNIOR, 2004). Contudo, o suplemento energético em forma de gel, é alternativa prática para consumo e transporte (ALVES et al., 2009). A Spirulina é uma microalga com reconhecido valor nutricional devido ao seu alto teor de proteínas (60 – 70%) e à presença de ácidos graxos essenciais (γ- linolênico) em seu conteúdo lipídico (VONSHAK, 1997). Para uso de Spirulina como suplemento alimentar, é importante ressaltar que está microalga é legalmente autorizada na Europa, Japão e Estados Unidos pelo FDA (Food and Drug Administration), sem efeitos tóxicos ao organismo humano (BELAY et. al., 1993; VON DER WEID et. al., 2000). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) permite sua comercialização desde que o produto final esteja devidamente registrado (BRASIL, 2008). A análise sensorial apresenta técnicas que encontram aplicações em várias etapas da elaboração de produtos alimentícios, contribuindo para determinação da qualidade e aceitação destes produtos. Os métodos subjetivos objetivam avaliar a opinião do consumidor através de sua preferência e/ou aceitação de um produto (QUEIROZ e TREPTOW, 2006). Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi avaliar a aceitação de géis energéticos, sabor banana com açaí, desenvolvidos com adição de microalga Spirulina.

MATERIAL E MÉTODOS: Amostras e local utilizado para Análise Sensorial Para o teste de aceitação foram utilizadas três amostras de gel energético sabor banana com açaí. Duas amostras foram desenvolvidas: amostra A (0,35 % de Spirulina, 0,25 % de pectina) e B (0,5 % de Spirulina, 0,5 % de pectina). A amostra C (sem Spirulina em sua composição) foi adquirida no comércio local da cidade de Rio Grande - RS. As amostras desenvolvidas continham os ingredientes: maltodextrina, água, frutose, cloreto de sódio, cloreto de magnésio, citrato de sódio, ácido cítrico, ácido fumárico, pectina, aromas, citrato de potássio, benzoato de sódio, sorbato de potássio e corantes. A microalga adicionada ao gel foi Spirulina sp. LEB-18 (MORAIS et al., 2008). A análise sensorial foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial da Universidade Federal do Rio Grande. Teste de aceitação e questionário Para avaliar a aceitação das amostras de gel energético sabor banana com açaí, as mesmas foram apresentadas aos provadores em copos plásticos codificados com números de três dígitos. A apresentação foi realizada de forma monádica. Foi solicitado aos provadores que avaliassem as amostras de forma global utilizando escala hedônica estruturada em nove pontos variando entre os extremos (9) gostei extremamente e (1) desgostei extremamente segundo STONE e SIDEL (1993). Juntamente à análise de aceitação foi realizado um questionário para avaliar o consumo de suplementos alimentares pelos provadores e a familiaridade dos mesmos com repositores energéticos em gel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O teste de aceitação foi realizado com 34 provadores de ambos os gêneros, entre 19 e 39 anos. A amostra A apresentou índice de aceitação de 71%. As amostras B e C apresentaram índices de aceitação 66,9% e 65,4% respectivamente. Índice de aceitação igual ou superior a 70% indica que o produto foi sensorialmente aceito (TEIXEIRA et. al., 1987). Deste modo apenas a amostra A foi aceita. Desenvolvimento de produtos adicionados de Spirulina tem sido estudado. FIGUEIRA et al. (2011) elaboraram pães sem glúten enriquecidos com Spirulina e verificaram que não houve diferença significativa quanto à preferência entre os pães adicionados com 3 e 5% de Spirulina na formulação. MORAIS et al. (2006) desenvolveram quatro tipos de biscoitos: controle (sem adição de Spirulina) e biscoitos contendo 1,0; 3,0 e 5,0% de biomassa seca de Spirulina em relação a quantidade de farinha adicionada. Esses autores comprovaram que, na análise sensorial em relação à aparência, as amostras contendo 1,0 e 3,0% de Spirulina não diferiram significativamente (p > 0,071) do biscoito controle. Com relação à cor, os julgadores não observaram diferença (p > 0,163) entre as quatro amostras estudadas. O questionário realizado revelou que dos 34 provadores 44% já haviam consumido algum tipo de suplemento alimentar, entretanto apenas 2 provadores declararam uso regular deste tipo de produto. Com relação ao consumo de suplementos energéticos em gel, 79% dos provadores nunca haviam consumido este tipo de produto, fato que pode ter influenciado na aceitação do produto.

CONCLUSÕES: Através da análise sensorial foi possível observar que a amostra A (0,35 % de Spirulina, 0,25 % de pectina) foi aceita pelos provadores, apresentando índice de aceitação de 71 %. Além disso, o fato de 79 % dos julgadores nunca terem consumido repositores energéticos em forma de gel, pode ter influenciado na aceitação desse tipo de produto.

AGRADECIMENTOS: À CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro e à Ethika Suplementos Alimentares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALVES, J. P. ; MACALOSSI, A. L.; NAVARRO, F.; NUNES, R. B. 2009. Efeitos da suplementação de carboidrato em gel sobre o desempenho físico e a resposta glicêmica em teste de natação de 12 minutos. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 3 (15): 182-188.

BELAY, A.; OTA, Y.; MIYAKAWA, K.; SHIMAMATSU, H. 1993. Current knowledge on potential health benefits of Spirulina. Journal of Applied Phycology; 5: 235-241.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. VII Lista dos novos ingredientes aprovados – Comissões Tecnocientíficas de Assessoramento em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos. Disponível em <http://www.anvisa.gov.br/> Acesso em junho de 2013.

FIGUEIRA, F. S.; CRIZEL. T. M.; SILVA, C. R.; SALAS-MELLADO, M. M. 2011. Pão sem gluten nriquecido com a microalga Spirulina platensis. Brazilian Journal of Food Technology, 14(4): 308-316.

MORAIS, M. G.; MIRANDA, M. Z.; COSTA, J. A. V. 2006. Biscoitos de chocolate enriquecidos com Spirulina platensis: Características físico-químicas, sensoriais e digestibilidade. Alimentos e Nutrição, 17: 323-328.

MORAIS, M. G.; REICHERT, C. C.; DALCANTON, F.; DURANTE, A. J.; MARINS, L.F.; COSTA, J. A. V. 2008. Isolation and characterization of a newArthrospira strain. Zeitschrift fur Naturforschung. 63:144-150.

PEREIRA, B. E SOUZA JÚNIOR, T. P. 2004. Metabolismo celular e do exercício físico: aspectos bioquímicos e nutricionais. Ed: Phorte, São Paulo, 103 - 116.

QUEIROZ, M. I.; TREPTOW, R. O. 2006. Análise sensorial para avaliação da qualidade dos alimentos. Rio Grande: Editora da FURG, 268p.

STONE, H. E SIDEL, J. L. 1993. Sensory evaluation practices. Ed: Academic, New York, pp 338.

TEIXEIRA, E.; MEINERT, E. M.; BARBETTA, P. A. 1987. Análise sensorial de alimentos.: Ed:Editora da UFSC, Florianópolis, 180p.

VON DER WEID, D.; DILLON J. C.; FALQUET, J. 2000. Malnutrition: a silent massacre. Geneve: Antenna Technology, 13p.

VONSHAK, A. 1997. Spirulina platensis (Arthrospira): physiology, cell-biology and biotechnology. London: Taylor & Francis.