53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Alimentos

TÍTULO: Separação das classes de lipídios por cromatografia clássica e análise por CG do licuri, caxandó e coco.

AUTORES: Florenco Filho, D. (UESB) ; Barreto, P.K.C. (UESB) ; Novais, C.S. (UESB) ; Santos, M.F. (UESB) ; Damasio, J.M.A. (UESB) ; Lacerda, E.C.Q. (UFRJ) ; Santana, D.A. (UESB) ; Simionato, J.I. (UTFPR)

RESUMO: As oleaginosas são ricas em muitos nutrientes, sendo fonte de proteína, lipídios, vitamina E e apresentam potencial atividade antioxidante, dentre outros componentes. A classe dos lipídios pode ser subdividida em lipídios neutros, glicolipídios e fosfolipídios. Dessa forma, objetivou-se com o presente estudo a separação das classes de lipídios do licuri, caxandó e côco através de cromatografia clássica, além de análise de ácidos graxos por cromatografia gasosa de cada classe obtida. A classe de lipídio predominante nas amostras foram os lipídios neutros e o ácido láurico (12:0) foi ácido graxo predominante em todas as classes.

PALAVRAS CHAVES: ácidos graxos; cromatografia; oleaginosas

INTRODUÇÃO: O licuri, coco e caxandó são frutos bastante conhecidos e consumidos na região nordeste do Brasil. A amêndoa do licuri (Syagrus coronata) é consumida in natura, sendo também utilizada para fabricação de cocadas, licores, e o leite de licuri, muito utilizado na culinária baiana. O côco, bastante conhecido por fazer parte da dieta de uma grande maioria, principalmente em regiões litorâneas, é um fruto cuja massa é rica em gordura e o seu óleo tem sido utilizado como redutor de medidas. Quanto ao caxandó, ainda existem poucos estudos sobre sua composição e características, este fruto é uma espécie da região praieira e assim como o licuri possui uma amêndoa rica em óleo. Apesar da multiplicidade de uso, esses frutos são utilizados em sua grande maioria de forma regional e são pouco valorizados. Estudos recentes têm demonstrado que os constituintes majoritários, em destaque ácidos graxos insaturados e compostos antioxidantes, concentram-se nas cascas e sementes das frutas em geral (MELO et al., 2008; ABRAHÃO et al., 2010). O aproveitamento dessas oleaginosas na obtenção de óleo pode ser uma alternativa para valorização e melhor uso de suas propriedades na alimentação, além de possível emprego na indústria de alimentos, porém existem poucos estudos quanto à caracterização desses frutos, principalmente o licuri e caxandó. Dessa forma, a partir da extração de óleo da amêndoa de frutos foi possível separar e quantificar as classes de lipídios presentes nesses óleos, assim como quantificar o teor de ácidos graxos (AG) presentes em cada uma das classes de lipídios fracionados através de cromatografia gasosa.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisadas amostras de coco seco, caxandó e azeite da amêndoa do Licuri provenientes de diferentes regiões do estado Bahia. O azeite de licuri foi doado por uma cooperativa de extração de óleo e as demais amostras adquiridas em mercado municipal. Os lipídios das amostras foram extraídos de acordo com metodologia proposta por Bligh e Dyer (1959) com clorofórmio, metanol e água. A separação das classes de lipídeos foi realizada por cromatografia em coluna como descrito por Johnston et al. (1983) com modificações, utilizando-se sílica gel 60 (70-230 mesh, Merck®) como adsorvente e os solventes clorofórmio, acetona e metanol para eluição das três frações, lipídios neutros (LN), glicolipídios (GL) e fosfolipídios (FL), respectivamente. Para análise dos ácidos graxos nas diferentes classes, os lipídios extraídos foram submetidos à preparo de ésteres metílicos de ácidos graxos, conforme procedimento descrito por Bannon et al. (1982) com modificações descritas por Simionato et al. (2010), a quantificação dos ácidos graxos em mg/g de lipídios totais foi feita por padronização interna com padrão de tricosanoato de metila (Sigma, EUA) de acordo com Joseph & Ackman (1992). Os ésteres metílicos obtidos foram analisados por um cromatógrafo à gás Thermo Finnigan, com as condições otimizadas por Costa et al. (2011). As áreas dos picos foram determinadas através do software ChromQuest 4.1 e a identificação realizada após verificação do comprimento equivalente de cadeia dos picos (Visentainer & Franco, 2006) e comparação dos tempos de retenção de padrões de ésteres metílicos de ácidos graxos (189-19, Sigma, EUA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir dos resultados pode-se observar teor de lipídios totais de 52,67% para o licuri, 20,13% para o coco e 15,66% para o caxandó, evidenciando o alto teor lipídico dessas espécies. Quanto as classes de lipídios, os lipídios neutros apresentaram-se em maior quantidade para o licuri (90,8), caxandó (90,6%) e coco (98,4%), seguido de fosfolipídios com 4,70%, 9,24% e 1,23%, respectivamente. Valores mais baixos foram encontrados para a classe de glicolipídios com 4,50% para o licuri, 0,19% para o caxándo e 0,41% para o óleo de coco. Ao analisar cada classe de lipídios, por cromatografia gasosa, foi possível quantificar as massas dos ácidos graxos presentes em cada classe (Tabela 1). O ácido graxo predominante entre as classes de lipídios foi o ácido láurico (12:0), este funciona como um ativo antioxidante similar à vitamina E, também presente nos óleos. O acido láurico encontra-se presente em gorduras tropicais pouco empregadas na alimentação, e é principalmente utilizado na produção de sabões, plásticos e emborrachados (Laureles et al., 2002).

Tabela 1.

Quantificação de ácidos graxos (mg/g) nas diferentes classes de lipídios obtidas para o óleo de licuri, caxandó e coco.

CONCLUSÕES: Com a utilização das metodologias descritas, e também dos conhecimentos prévios sobre a cromatografia em coluna como método de separação, observou-se que o óleo teve as suas classes de lipídios devidamente separadas, sendo os lipídios neutros a classe predominante de lipídios em todos os óleos obtidos. Em relação a composição de ácidos graxos observou-se uma grande concentração, em todas as classes para todas as amostras, de ácido láurico (12:0) e ácidos graxos da família ômega-9.

AGRADECIMENTOS:

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