53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Alimentos

TÍTULO: INCIDÊNCIA DE COLIFORMES TERMOTOLERANTES EM SORVETE EXPRESSO COMERCIALIZADO EM UM BAIRRO DE SÃO LUIS – MA

AUTORES: Ferreira, M.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Nascimento, A.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Castro, A.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Costa, S.R.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Moreno, M.L.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Martins, A.G.L.A. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Serra, J.L. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Mendes Filho, N.E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Teles, A.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)

RESUMO: As condições higiênico-sanitárias dos sorvetes expresso à base de leite comercializados na cidade de São Luís-MA foram avaliadas através da quantificação de coliformes termotolerantes, utilizando-se a técnica dos tubos múltiplos. Os resultados forneceram valores variando entre 93 e 2400 para o número mais provável de coliformes a 45ºC por grama de alimento, em 90% das trinta amostras analisadas. Tais valores evidenciaram condições higiênico-sanitárias insatisfatórias, ou seja, NMP/g acima dos limites tolerados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

PALAVRAS CHAVES: Sorvete; Contaminação; Processamento

INTRODUÇÃO: O sorvete é um produto alimentício classificado como gelado comestível. Basicamente é uma mistura de gorduras e proteínas, com ou sem adição de outros ingredientes. Adicionam-se, também, substâncias que tenham sido submetidas ao congelamento. Isto pode ocorrer somente quando há garantias de que o produto será conservado e mantido no estado congelado ou parcialmente congelado, nas etapas de armazenamento, transporte e entrega ao consumidor. (HOFFMANN et al., 2000). O consumidor não associa que o sorvete ingerido em momentos de lazer e descontração possa apresentar riscos de natureza microbiológica, pois este julga que a baixa temperatura assegure sua inocuidade. Como a resistência ao congelamento é muito variável, uma possível contaminação da matéria-prima ou do produto final pode ocasionar, ainda assim, o desenvolvimento de microrganismos resistentes que podem causar toxinfecções ao serem ingeridos pelos consumidores (PINTO et al., 2000). Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica de sorvetes a base de leite, comercializados em um bairro de São Luis-MA, através de análises microbiológicas de coliformes a 45ºC, verificando se os produtos estariam de acordo com os padrões microbiológicos exigidos pela legislação nacional vigente (ANVISA).

MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisadas 30 amostras de sorvete tipo expresso à base de leite, de diversos sabores, coletadas em um bairro do município de São Luís-MA no período de novembro a dezembro de 2012. Após as coletas, as amostras foram transportadas em caixas isotérmicas ao Laboratório de Microbiologia de Alimentos do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos e Água da Universidade Federal do Maranhão (PCQA/UFMA), onde foram analisadas. No laboratório, foram realizadas análises para determinação do Número Mais Provável de Coliformes a 45°C (NMP/g), através da técnica dos tubos múltiplos (APHA, 2001). Para tanto, diluiu-se 25 mL do alimento em 225 mL de solução de NaCl 0,85% previamente esterilizada e, a partir desta solução (10-1), procedeu-se com as diluições 10-2 e 10-3. A inoculação foi feita em tubos contendo caldo lauril sulfato e tubos de Durhan invertidos, sendo incubado em estufa a 35ºC por 24 horas. A partir dos tubos onde foi verificado consumo do meio – evidenciado por turvação e aprisionamento de gás no tubo de Durhan -, procedeu-se com o teste confirmativo para coliformes a 45ºC, utilizando-se caldo EC, posteriormente incubados em banho-maria a esta temperatura por 24 horas. Os valores para o NMP/g foram determinados com o auxílio de uma tabela de Hoskins e comparados com a RDC n° 12, da ANVISA (2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Das 30 amostras de Sorvete analisadas, 27 (90%) apresentaram valores de coliformes a 45ºC superiores aos tolerados pelo o padrão microbiológico para gelados comestíveis, estabelecidos pela atual legislação da ANVISA (BRASIL, 2001) para coliformes a 45ºC é de 5 x 10 NMP/g. Por tratar-se de um alimento pasteurizado, os níveis de coliformes termotolerantes (45ºC) encontrados nas amostras analisadas foram elevados, apresentando valores entre 93 a 2,4 x 103 NMP/g de sorvete. Isto pode ser indicativo de falhas no processamento, como manipulação incorreta nas operações de fabricação, equipamentos desregulados quanto as temperaturas necessárias exigidas, má sanitização dos equipamentos e/ou alta contaminação das matérias-primas. Outras pesquisas realizadas por Warke et al. (2000) e Richards et al. (2002) analisando coliformes termotolerantes em sorvetes, encontraram níveis de contaminação que variaram de 102 a 104 NMP/g, valores estes, que ultrapassaram os limites de segurança prescritos pela legislação e os encontrados nessa pesquisa. Tamsut e García (1989) detectaram coliformes termotolerantes em 23% das amostras de sorvetes analisadas; Coelho (2001) e Hoffmann et al. (2000) confirmaram contaminação por coliformes de origem fecal em 45,16% e 58,3%, respectivamente.

CONCLUSÕES: Os resultados revelam que, das 30 amostras de sorvete analisadas, 90% estavam em condições higiênico-sanitárias insatisfatórias, ou seja, acima dos limites tolerados pela legislação da ANVISA (Brasil, 2001). Sendo que estes valores elevados de coliformes termotolerantes indicam um processamento incorreto, podendo resultar em um alimento de alto risco à saúde pública. Diante disto, esta pesquisa serve de alerta aos órgãos competentes, para que haja a implantação de uma fiscalização mais rígida, a fim de diminuir os índices de toxinfecções ocasionadas pelo consumo de alimentos contaminados.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: APHA. American Public Health Association. Compendium of methods for the microbiological of foods. 4th ed. Washington, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Resolução RDC Nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, n.7-E, 10 jan. 2001.

HOFFMANN, F.L.; PENNA, A.L.B.; COELHO, A.R. Qualidade higiênico-sanitária de sorvetes comercializados na cidade de São José do Rio Preto-SP-Brasil. Higiene Alimentar, v.11, n.76, p.62-68, set. 2000.

PINTO, M.F.; PONSANO, E.H.G.; DELBEM, A.C.B. et al. Condição higiênico sanitária de sorvetes fabricados por indústrias artesanais no município de Araçatuba– S.P. Higiene Alimentar, v.14, n.72, p.50-52, 2000.

WARKE, R.; KAMAT, A; KAMAT, M. Incidence of pathogenic psychrotrophs in ice creams sold in some retail outlets in Mumbai, Índia. Food Control, v.11, p.77-83, 2000.

RICHARDS, N.S.P.S.; SILVA, M.E. da; PEREIRA, D. et al. Avaliação das condições higiênico-sanitárias de sorvetes tipo italiano (soft), comercializados na cidade de São Leopoldo, RS. Higiene Alimentar, v.16, n.92/93, p.57-62, jan./fev. 2002

TAMSUT, L.S. de; GARCÍA, C.E. Calidad microbiológica de los helados de crema elaborados en Caracas, Venezuela. Archivos Latinoamericanos de Nutricion, v.39, n.1, p.47-56, Mar. 1989.

COELHO, A.R. Qualidade microbiológica e ocorrência de leveduras em diferentes tipos de sorvete. São José do Rio Preto, 2001. 106p. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.