53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Alimentos

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICA E QUÍMICA DO PEIXE SALGADO E SECO COMERCIALIZADO EM SÃO LUIS - MA

AUTORES: Campos Júnior, C.A. (IFMA) ; Lages, E.B. (IFMA) ; Rufino Filho, M. (IFMA) ; Freitas, A.S. (IFMA)

RESUMO: O pescado salgado e seco é um componente importantíssimo na dieta humana, por ser considerado um alimento de alto valor nutritivo, devido à alta concentração de proteína. As informações corretas sobre manejo, manipulação, conservação e processamento, todas pautadas em boas práticas, são pré-requisitos essenciais para minimizar desperdícios e custos, e maximizar produtividade e qualidade. O presente trabalho teve por objetivo analisar o peixe salgado e seco comercializado em São Luis quanto ao estado de frescor (gás sulfídrico), amônia, umidade, cloretos e pH como determinação do parâmetro de Qualidade. Observou-se que as amostras obtidas apresentaram resultados que determinam como inadequados para comercialização, pois não obedecem os limites estabelecidos pela legislação vigente.

PALAVRAS CHAVES: Pescado; processamento; qualidade

INTRODUÇÃO: A denominação genérica “pescado” compreende todo organismo aquático, como peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, quelônios, mamíferos e algas, quer sejam de água doce ou salgada (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994). Pode ser comercializado nas formas in natura ou industrializado. A forma in natura corresponde ao pescado recém-capturado, submetido ou não ao resfriamento ou congelamento, sendo adquirido em seu estado cru. A forma industrializada requer processo mais elaborado de transformação, como filetagem, salga, defumação, pescado embutido, evisceração seguida de refrigeração por período mais longo etc. (OGAWA e MAIA, 1999). Pescado é um alimento importante na dieta humana, como fonte de proteínas, lipídios e componentes bioativos, e conhecer as interelações pode ajudar a entender melhor as dependências entre as espécies e os constituintes químicos do pescado. A dieta alimentar do peixe tem grande influencia sobre a sua composição química (MACHADO, 1984). Segundo Brasil (1997) as determinações físicas e químicas para caracterização do pescado fresco são: Reação negativa de gás sulfídrico e indol (exceção dos crustáceos com limite máximo de indol de 4,0 g/100g); pH de carne externa inferior a 6,8 e da interna, inferior a 6,5 no peixe; Bases voláteis totais inferiores a 30mg de nitrogênio por 100g de carne; Bases voláteis terciárias inferiores a 40mg/100g de carne. Com o intuito de avaliar a qualidade do peixe salgado e seco comercializado em São Luis teve-se por objetivo no presente trabalho analisar quanto ao estado de frescor (gás sulfídrico), amônia, umidade, cloretos e pH como determinação do parâmetro de Qualidade.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras foram adquiridas nas feiras livre e municipal de São Luís do Maranhão. Fez-se um levantamento das espécies submetidas ao processo de salga e secagem. Foram coletadas espécies pescada (amostra 1), uritinga (amostra 2 e 3) e tainha (amostra 4), submetidas à salga e secagem, devido sua grande demanda e circulação. Depois de adquiridas foram armazenadas em caixa de isopor e levadas para o Laboratório de Análises e Pesquisas de Alimentos, Bebidas e Ambiental do Instituto Federal do Maranhão Campus São Luis – Monte Castelo para as análises da qualidade física e química. As análises utilizadas foram determinação de gás sulfídrico (Prova de Éber), Reação para amônia (Prova de Éber), cloretos (Método de Morh), umidade (Secagem direta em estufa a 105ºC) e pH, segundo o Instituto Adolfo Lutz (2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Conforme a Tabela 1 observa-se que houve presença para gás sulfídrico segundo o Método de Éber. Para Oetterer (2013), substâncias que geralmente não existem no pescado, mas surgem com o tempo de estocagem, como amônia e gás sulfídrico, podem ser detectadas pela Reação de Éber, porém, estes índices só informam o estágio mais avançado de deterioração. Os resultados encontrados nas amostras utilizando-se a Reação de Éber indicaram que todas as amostras encontravam-se em processo adiantado de deterioração, o que pode sugerir que os peixes foram submetidos à salga quando já estavam deteriorados, o que se comprovou com o teste para amônia (Tabela 2), que para as amostras analisadas, apresentaram resultados positivos para está análise. Ao final do rigor mortis observa-se a ocorrência da proteólise, ou seja, a ação de enzimas proteolíticas nas proteínas da carne com desprendimento de metabólitos voláteis de hidrólise protéica, como as bases nitrogenadas e a amônia, responsáveis pelo odor característico desta fase. Percebe-se que o peixe está deteriorado pelo odor ruim; a lisina, por exemplo, é hidrolisada à putrescina e aparecem os produtos voláteis da reação. As guelras escurecem as escamas se desprendem, a carne amolece, pois perde água ligada às proteínas e, os olhos se tornam côncavos e com manchas de sangue (OETTERER, 2013). Os resultados das análises para as amostras 1 e 4 apresentaram limites inferiores ao estabelecido pela legislação. O efeito preservativo da salga é devido principalmente ao declínio da atividade de água, que previne o crescimento de muitos microrganismos deteriorantes, adicionalmente ao efeito tóxico dos íons cloretos (ABEROUMAND, 2010; GOULAS e KONTOMINAS, 2005.

CONCLUSÕES: De acordo com os resultados obtidos a partir das análises realizadas, conclui-se que o pescado foi submetido ao processo de salga e secagem de forma inadequada, isso pode ter ocorrido pela baixa quantidade de sal empregada no processo ou pelo tempo de duração do processo, pois todos apresentaram grau de umidade acima do permitido, tornando-os propícios para proliferação de bactérias. As amostras apresentaram ainda resultado de pH próximo ao da neutralidade o que indica já uma deterioração da amostra em função da atividade enzimática tissular ou microbiana.

AGRADECIMENTOS: Ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABEROUMAND, A. The effect of water activity on preservation quality of fish, A review article. World Journal of Fish and Marine Sciences, v. 2, n. 3, p. 221 – 2252010.

CONTRERAS-GUZMÁN, E.S. Bioquímica de pescados e derivados. Jaboticabal: FUNEP, 1994.

GOULAS, A. E.; KONTOMINAS, M. G. Effect of salting and smoking-method on the keeping quality of chub mackerel (Scomber japonicus): biochemical and sensory attributes. Food Chemistry, n. 93, p. 511 – 520, 2005.

MACHADO, Z.L. Tecnologia de recursos pesqueiros: parâmetros, processos, produtos. Recife: SUDENE - DRN - Divisão de Recursos Pesqueiros, 1984.

OGAWA, M.; MAIA, E.L. Manual de Pesca: Ciência e Tecnologia do Pescado. Vol.1. São Paulo: Varela, pág. 429, 1999.

OETTERER, M. Tecnologia do Pescado. USP/ESALQ. LAN on line. Disponível em: http://www.esalq.usp.br/departamentos/lan/pdf/Tecnologia%20do%20Pescado.pdf. Acesso em 04/06/2013.