Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Alimentos
TÍTULO: ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E QUANTIFICAÇÃO DE FENÓIS DE AMOSTRAS DE MÉIS DE Apis mellifera L. DOS ESTADOS DO CEARÁ E RIO GRANDE SO SUL.
AUTORES: Feitoza da Costa, E. (UECE) ; Tavares Cavalcanti Liberato, M.C. (UECE) ; de Oliveira Silva, M.M. (UECE) ; dos Santos Silva, N.B. (UECE)
RESUMO: As abelhas usam néctar das flores, das secreções das plantas ou de excreções de
insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas das plantas para
produzir o mel. Elas recolhem, transformam e combinam com substancias
específicas próprias, armazenam e deixam amadurecer nos favos da colmeia. A
composição do mel depende do néctar da planta e da espécie de abelha que o
produz, conferindo-lhe características específicas, enquanto as condições
climáticas e o manejo do apicultor têm menor influência. O mel é rico em
compostos antioxidantes enzimáticos e não-enzimáticos, como ácidos orgânicos,
flavonoides, ácidos fenólicos, etc. O objetivo deste trabalho foi determinar a
atividade antioxidante e o teor de fenóis totais em méis da abelha Apis
mellifera L do Ceará e do Rio Grande do Sul.
PALAVRAS CHAVES: atividade antioxidante,; fenóis totais, ; mel.
INTRODUÇÃO: : A composição do mel é variável dependendo do tipo de planta, do clima e
condições ambientais. A sua elaboração resulta de duas modificações principais
sofridas pelo néctar, uma física pela desidratação, através da evaporação na
colmeia e absorção no papo, e a outra uma reação química que atua sobre o
néctar, transformando a sacarose, através da enzima invertase, em glucose e
frutose (LENGLER, 2000). O mel contém uma mistura complexa de metabólitos
secundários responsáveis por suas atividades como os aldeídos aromáticos, ácidos
carboxílicos aromáticos e seus ésteres, derivados de carotenoides, terpenoides,
flavonoides e outros aparecem em menores proporções. Muitos desta ampla gama de
constituintes menores presentes no mel apresentam propriedades antioxidantes e
antimicrobianas, destacando-se, entre estes, os compostos fenólicos que também
contribuem para exaltar as suas qualidades sensoriais. Diversos estudos vêm
comprovando a sua ação terapêutica, através de atividades biológicas como
antibacteriana, antiviral, antiinflamatória, antioxidante (GÓMEZ-CARAVACA et
al., 2006). A aroeira (Myracrodruon urundeuva) é um arbusto nativo do semiárido
nordestino, muito usado na medicina tradicional. Ensaios farmacológicos
comprovaram suas ações adstringente, anti-inflamatória, antialérgica e
cicatrizante, além de ação antibacteriana contra Staphylococcus, especialmente
em uso local. O eucalipto (Eucalyptus globulus) é cultivado em regiões de clima
tropical e subtropical. Na medicina caseira é usado no tratamento da gripe e
seus sintomas (MATOS, 2004). O objetivo desse trabalho foi avaliar a atividade
antioxidante e quantificar os compostos fenólicos de méis de Apis mellifera
provenientes das floradas de aroeira (caatinga cearense) e do eucalipto
(Tramandaí – RS).
MATERIAL E MÉTODOS: Amostras de méis de Apis mellifera, de origens geográficas e botânicas
diferentes, oriundos da Caatinga cearense (florada: Aroeira) e de Tramandaí - RS
(florada: Eucalipto) foram adquiridas através de apicultores em cada local de
coleta. As análises foram realizadas em triplicata. O método Folin-Ciocalteau
(SINGLETON, 1999) foi usado para determinar o teor de fenóis totais dos méis. A
amostra de mel (5 g) foi diluída a 50 mL de água destilada. Uma alíquota de
0,5mL dessa solução foi misturada com 2,5 mL do reagente por 5 minutos e 2 mL de
carbonato de sódio (75 g/L) foi adicionado. Depois de 2 horas, a absorbância da
mistura foi medida a 760 nm contra um branco. O ácido gálico foi usado como
padrão. O conteúdo total de fenóis foi expresso em mg EAG/100g de mel. Para a
atividade antioxidante foi usado o método do DPPH (BRAND WILLIAMS, 1995). Uma
alíquota de 1,25 mL de uma solução de mel foi misturada com 1,5 mL de uma
solução de DPPH em metanol (90 mg/L). Após 15 min a absorbância foi lida a 517
nm contra um branco de metanol. O ácido ascórbico foi usado como padrão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados mostraram um teor de fenóis totais maior para o mel do Ceará,
185,17±0,04 mg EAG/100 g de mel enquanto o mel oriundo de Tramandaí - RS
apresentou 78,37±0,55 mg EAG/100g de mel. As variações são dependentes das fontes
botânicas e geográficas. Segundo Gheldof et al. (2002) a capacidade antioxidante
nas amostras de méis é o resultado da atividade combinada de larga faixa de
substancias que inclui compostos fenólicos, ácidos orgânicos, enzimas, etc.. A
atividade antioxidante do mel de aroeira apresentou o valor de 10,13±0,03 mg/mL,
enquanto o mel de eucalipto apresentou o valor 42,54±0,30 mg/mL. Liberato et al
(2011) estudando amostras de mel de aroeira de locais diferentes do Ceará
encontrou valores relevantes para fenóis totais e atividade antioxidante.
Tabela 1-
Fenóis Totais, Atividade Antioxidante, Teor de
Flavonoides dos méis de Apis mellifera L. oriundos
de distintas cidades.
CONCLUSÕES: O mel não é apenas um alimento energético,ele também é conhecido por possuir
algumas propriedades biológicas.Os resultados encontrados para fenóis totais e
atividade antioxidante,mostram que os méis de Apis mellifera analisados podem
apresentar um potencial terapêutico.O mel de Aroeira apresentou um valor de teor
de fenóis superior ao mel de Eucalipto.Ambas as plantas são conhecidas como
plantas medicinais, daí porque os valores para as atividades antioxidantes também
são significativos.Os resultados mostram a perspectiva do uso do mel da Caatinga
cearense por sua atividade antioxidante.
AGRADECIMENTOS: A Universidade Estadual do Ceará e ao Laboratório de Química de Produtos Naturais
pelo espaço concedido para a realização da pesquisa
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