53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Alimentos

TÍTULO: Caracterização físico-química do leite cru comercializado na cidade de São Luís - MA

AUTORES: Castro, A.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Nascimento, A.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Moraes, T.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Teles, A.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Moreno, M.L.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Santos, W.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)

RESUMO: A qualidade do leite cru comercializado de maneira informal na cidade de São Luís do Maranhão foi estudada através da análise dos teores percentuais de gordura, extrato seco, água adicionada e proteínas presentes no produto. Os resultados verificados indicaram que todas as dez amostras de leite estavam fora dos padrões estabelecidos Instrução Normativa nº 51, de 9 de outubro de 2012.

PALAVRAS CHAVES: Comércio informal; Leite; Adulteração

INTRODUÇÃO: O sistema agro-industrial do leite é um dos mais importantes do país devido a sua enorme importância social, sendo a atividade praticada em grande parte do território nacional. Apenas no setor primário, a produção de leite gera acima de três milhões de empregos, agregando mais de seis bilhões ao valor da produção agropecuária nacional em mais de um milhão de propriedades rurais (VILELA et al., 2002). Com base na sua composição, os nutricionistas consideram o leite como o mais nobre dos alimentos, apresentando altos teores de proteínas, gordura, carboidratos, sais minerais e vitaminas. Além de suas propriedades nutricionais, o leite também oferece elementos anticarcinogênicos, presentes na gordura, como o ácido linoléico conjugado, esfingomielina, ácido butírico, β caroteno, vitaminas A e D. Do ponto de vista tecnológico, o desenvolvimento e consolidação da indústria de laticínios no Brasil apresenta como um dos maiores entraves a qualidade da matéria prima. O controle da qualidade do leite, nas últimas décadas, tem restringido-se à prevenção de adulterações do produto in natura com base na determinação da acidez, índice crioscópico, densidade, percentual de gordura e extrato seco desengordurado (OLIVEIRA et al., 1999).A ocorrência de amostras de leite pasteurizado fora dos padrões legais vigentes têm sido verificados em inúmeras pesquisas, o que acarreta risco à saúde do consumidor (CORDEIRO et al., 2002). Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo identificar o percentual de gordura, proteínas, extrato seco desengordurado, água adicionada e densidade do leite cru comercializado na cidade de São Luís - MA.

MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa foi realizada mediante a coleta de dez amostras de leite cru comercializado na cidade de São Luís - MA entre setembro de 2012 e fevereiro de 2013. As amostras coletadas foram acondicionadas em caixas térmicas, sendo então encaminhadas ao Laboratório de Controle de Qualidade de Água e Alimentos da Universidade Federal do Maranhão, onde foram avaliadas. As análises foram realizadas em duplicata utilizando-se um Analisador de Leite EKOMILK/Cap-Lab portátil. O aparelho realiza, através da sucção de uma alíquota do leite, análises dos teores percentuais de gordura, extrato seco desengordurado, água e proteína, além da densidade da amostra.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através da análise das dez amostras de leite cru, pôde-se verificar que as mesmas apresentaram valores de teor de gordura compreendidos entre 2,52 e 3,59%, extrato seco desengordurado (ESD) com valores entre 7,19 e 9,02%, teor de água entre 0 e 16,7% e teor de proteínas entre 2,44 e 3,11%. Os valores de densidade medidos a 15ºC estavam entre 1,025 e 1,033 g/mL. No intuito de preservar a qualidade do leite comercializado, foi criado o Regulamento Industrial de Inspeção Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), proíbindo a adição de qualquer substância química no leite destinado à alimentação humana (BRASIL, 2007). Com base nos resultados obtidos e na Instrução Normativa nº 51, de 18 de setembro de 2002, constatou-se que apenas três das amostras analisadas estavam dentro do padrão estabelecido para o teor mínimo de 3% de gordura. Ainda, apenas três amostras estão em acordo com a legislação vigente no que diz respeito ao ESD mínimo de 8,4%. Quanto ao teor de proteínas, apenas duas amostras enquadraram-se no valor previsto pela norma, que exige mínimo de 2,9%. Apenas seis amostras estavam dentro dos limites estabelecidos para a densidade, cujos valores devem estar compreendidos entre 1,028 e 1,034 g/mL a 15ºC. Considerando os teores verificados para água adicionada ao leite cru, apenas duas amostras estavam de acordo com a Instrução Normativa nº 51, que não tolera adição água ao produto.

CONCLUSÕES: Considerando os resultados verificados, pode-se concluir que nenhuma das amostras analisadas atende simultaneamente a todos os parâmetros avaliados, estando fora dos padrões estabelecidos pela Instrução Normativa nº 51. Ainda, os valores de densidade abaixo dos números determinados pela norma, podem ser ocasionados pela adição de água ao produto, verificada em quantidades relativamente altas na maioria das amostras, caracterizando fraude do produto.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Departamento Nacional de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal - RIISPOA. Brasília: MAPA, 1952. 154 p. Aprovado pelo Decreto nº 30.691, de 29 de março de 1952.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n. 51, de 18 de set. 2002. Regulamento técnico de produção, identidade e qualidade do leite tipo a, do leite tipo b, do leite tipo c, do leite pasteurizado e do leite cru refrigerado e regulamento técnico da coleta de leite cru refrigerado e seu transporte a granel, em conformidade com anexos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 set. 2002. Seção 1, n. 183, p. 55.

CORDEIRO, C.A.M.; CARLOS, L.A.; MARTINS, M.L. Qualidade microbiológica de leite pasteurizado tipo C, proveniente de micro-usinas de Campos dos Goytacazes, RJ. Higiene Alimentar 2002; 16 (92/93): 41-44.

OLIVEIRA, C. A. F.; FONSECA, L. F. L.; GERMANO, P. M. L. Aspectos relacionados à produção, que influenciam a qualidade do leite. Higiene Alimentar, v.13, n.62, p.10-13, 1999.

VILELA, D.; LEITE, J. L. B.; RESENDE, J. C. Políticas para o leite no Brasil: passado presente e futuro. In: Santos, G. T.; Jobim, C. C.; Damasceno, J. C. Sul-Leite Simpósio sobre Sustentabilidade da Pecuária Leiteira na Região Sul do Brasil, 2002, Maringá. Anais. Maringá: UEM/CCA/DZO-NUPEL, 2002.