53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Alimentos

TÍTULO: Estudo comparativo da atividade antioxidante em alimentos

AUTORES: Facina, G. (IFRJ) ; Masson, L. (IFRJ)

RESUMO: O estresse oxidativo, gerado pelos radicais livres no organismo, é visto como uma das principais causas de envelhecimento, porém o seu efeito pode ser reduzido pelos antioxidantes presentes em alimentos. Com base nisso, foram analisadas cinco amostras: mel, morango, alface, limão e vinho pelo método do DPPH em espectrofotômetro a 517nm(e também em leitor de Elisa para o mel). Os resultados foram expressados em CE50, que é a quantidade necessária de amostra para reduzir em 50% a quantidade de DPPH e demonstraram que o morango obteve a maior atividade antioxidante (1,17X10-1 mg/mL). Pôde-se perceber também que os dois métodos para o mel obtiveram resultados semelhantes o que demonstra que o método na placa de 96 poços deve sim ser empregado para redução de gastos e desperdício.

PALAVRAS CHAVES: Antioxidantes; Mel; DPPH

INTRODUÇÃO: Radicais livres são espécies químicas altamente reativas devido a elétrons desemparelhados em sua camada de valência. Eles precisam sequestrar elétrons de nossas biomoléculas para se estabilizarem, causando assim danos e fazendo-as virarem radicais livres, em uma reação em cascata. Isso pode causar envelhecimento precoce das células e tecidos. Os antioxidantes são compostos que tem a capacidade de impedir que esse problema ocorra. Para isso eles se oxidam, doando elétrons para o radical livre ficar estável, sem se prejudicar, a curto prazo, pois apresentam vários elétrons na camada de valência.(JUNIOR, 2005) Os antioxidantes nos alimentos estão presentes, principalmente, em frutas e hortaliças e seus principais representantes são vitamina C, zinco, selênio e os compostos fenólicos, mas existem muitos outros. Quando a quantidade de radicais livres excede a de antioxidantes, pode-se chamar de estresse oxidativo, o que pode levar à degeneração das estruturas responsáveis pelo bom humor, como a amígdala, que fica no cérebro.(FERREIRA, 1997) Um dos métodos mais utilizados atualmente é o da atividade sequestrante do radical DPPH (2,2-Diphenyl-1-picrylhydrazyl), descrito por Brand-Williams e Berset. Esse método é muito eficiente, porém sua forma usual, em espectrofotômetro, gasta muito reagente e muito tempo. Por isso, também foi utilizado outro método em leitor de Elisa para poder verificar se um método mais barato e rápido poderia ser tão eficiente quanto o outro. Os objetivos foram avaliar a atividade antioxidante de alguns alimentos geralmente consumidos pelos brasileiros, demonstrando assim que não é complicado ter uma dieta rica em antioxidantes e avaliar os dois métodos com o mel para poder comparar os resultados e demonstrar que os dois métodos são válidos.

MATERIAL E MÉTODOS: O método quantitativo descrito por Brand-Willians e Berset, baseia-se no radical livre DPPH que apresenta coloração violácea e, na presença de antioxidantes coloração amarela clara. É um método espectrofotométrico e indica que quanto maior o valor da absorbância menor a atividade antioxidante do alimento, pois maior é a quantidade de DPPH que não foi estabilizada. Os reagentes utilizados foram DPPH (Sigma-Aldrich) e álcool metílico UV/HPLC espectroscópico (Merck). Foi utilizado no espectrofotômetro o comprimento de onda igual a 517 nm. Alimentos analisados: vinho tinto, mel de abelhas, alface, morango e limão. Foi preparada solução de DPPH na concentração de 6,09x10-4 mol/L. Para isso pesou-se o reagente sólido em balança analítica e solubilizou-se balão volumétrico de 100,00 mL com metanol. Preparou-se solução mãe adequada e, a partir dela, foram feitas diversas diluições em tubos de ensaio em triplicata:15μL de solução mãe+85μL de água destilada;25μL de solução mãe+75μL de água destilada;30μL de solução mãe+70μL de água destilada;35μL de solução mãe+65μL de água destilada;40μL de solução mãe+60μL de água destilada;45μL de solução mãe+55μL de água destilada e 50μL de solução mãe+50μL de água destilada. Adicionou-se a cada tubo 3 mL da solução de DPPH, preparou-se um branco,um controle e deixou-se na ausência de luz por 30 min antes de serem feitas as leituras de absorbância. Para o mel também foi utilizado o método descrito por LIANDA em 2012. O procedimento é bem parecido, porém as diferenças são: A concentração da solução de DPPH é 0,3mmol/L,as concentrações de mel foram de 5 a 50mg/mL,as diluições foram feitas com uma solução 1:1 água metanol,ao invés de tubos de ensaio e espectrofotômetro foram utilizados placas de 96 poços e leitor de Elisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados foram obtidos a partir da equação da reta do gráfico de Concentração versus Absorbância e expressos em CE50, que é a quantidade de amostra suficiente para reduzir em 50% a quantidade de radicais livres. Para o morango o valor foi de 1,17X10-1 +/- 0,15x10-1 mg/mL; para o vinho tinto o valor foi de 1,57X10-1 +/- 0,07x10-1 mg/mL; para o limão o valor foi de 4,37+/- 0,1 mg/mL e para a alface o valor foi de 2,22x10 +/- 1,3 mg/mL (todos obtidos pelo método convencional). Já para o mel tem-se o valor obtido pelo método convencional (1,76x10 +/- 1,5 mg/mL), pelo método do leitor de Elisa a 492nm (1,71x10 +/- 5,8 mg/mL), pelo método do leitor de Elisa a 517nm (1,94x10 +/- 9,8 mg/mL) e pela literatura (1,66X10 +/- 3.98 mg/mL). Também foi feito um experimento com o xarope de glicose para verificar se haveria atividade antioxidante, pois muitas famílias compram achando que é o mesmo que mel.Não foi encontrada nenhuma atividade antioxidante representativa.

Figura 1-

Exemplo de gráfico de concentração versus absorbância e de equação da reta utilizada nos cálculos.

CONCLUSÕES: A partir dos resultados já citados, pode-se conclui que é possível ter uma dieta simples e rica em antioxidantes. Também é possível concluir que dentre os alimentos analisados o morango, e não o vinho como era esperado, foi o que apresentou a maior atividade antioxidante. Por último, verifica-se que os valores obtidos nas análises do mel foram muito próximos, indicando que os dois métodos devem ser utilizados, porém o em leitor de Elisa pode ser visto como forma de diminuição no desperdício de reagentes, tempo e verba, e de aumento na reprodutibilidade e repetibilidade.

AGRADECIMENTOS: IFRJ e FAPERJ

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: JUNIOR, D.R.A.; SOUZA, R.B.; SANTOS, S.A.; ANDRADE, D.R. “Os radicais livres do oxigênio e as doenças”. Jornal Brasileiro de Pneumologia (2005) 31(1), 60-8. São Paulo.
FERREIRA, A.L.A.; MATSUBARA, L.S. “Radicais livres: doenças relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo.” Revista Ass. Brasileira de Medicina (1997). Butacatu-SP.
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C. Use of free radical method to evaluate antioxidant activity. Food Science and Technology-Leb.-Wis. & Technologie, London, v. 28, n.1, p. 25-30, 1995.
LIANDA, R.L.P.; SANT’ANA, L.D.; ECHEVARRIA, A.; CASTRO, R.N.; Antioxidant Activity and Phenolic Composition of Brazilian Honeys and their Extracts. J. Braz. Chem. Soc., Vol. 23, No. 4, 618-627, 2012.