Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Alimentos
TÍTULO: CONSTITUINTES VOLÁTEIS DE MÉIS DE ABELHAS DE SÃO MIGUEL DO GUAMÀ-PARÀ
AUTORES: Gomes, P.W.P. (UEPA) ; Souza, R.F. (UEPA) ; Souza, S.D. (UEPA) ; Barbosa, W.C. (UEPA)
RESUMO: Diversos trabalhos têm sido publicados sobre a composição do aroma de méis de abelha buscando correlação com sua origem botânica. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar o perfil das substâncias voláteis de três amostras de méis produzidos por abelhas Apis Mellifera de São Miguel do Guamá (Estado do Pará) por Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas (CG/EM). Os aromas das três amostras apresentaram como substâncias majoritárias o oleato de etila e o linoleato de metila, sendo mais abundante o oleato de etila, variando de 48,64% a 61,72% nas três amostras analisadas. Os resultados obtidos foram significativos, mostrando que a composição do aroma dos méis está diretamente relacionada com a vegetação do local de coleta.
PALAVRAS CHAVES: Apis melífera; Composição volátil; Estado do Pará
INTRODUÇÃO: No Brasil, uma série de trabalhos científicos têm relatado estudos da composição do aroma do mel procurando relação com sua origem botânica, partindo da dependência dos compostos orgânicos voláteis e não voláteis presentes nas matrizes orgânicas estudadas (ODEH et al., 2007). As substâncias voláteis presentes nos méis podem ser utilizadas como marcadores químicos florais (botânicos). Recentemente, várias pesquisas têm sido realizadas na análise de compostos voláteis em mel na busca de caracterizar os constituintes químicos do aroma do mel e correlacioná-los com sua origem botânica, uma vez que sua composição varia de acordo com a origem apícola de cada região (ODEH et al., 2007). Neste Sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar o perfil das substâncias voláteis dos méis produzidos por abelhas Apis Mellifera de São Miguel do Guamá (Estado do Pará) por Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas (CG/EM).
MATERIAL E MÉTODOS: A técnica empregada foi de extração seletiva por solvente orgânico, nesta técnica foi utilizado 2 mL do mel de abelha, ao qual foi adicionado 1 mL de água desionizada e 2 mL de hexano grau HPLC. Esta mistura foi agitada por 10 minutos e deixada em repouso durante 15 min para separação das fases. Em seguida, foi retirado o sobrenadante e centrifugado a 5000 RPM por 10 minutos, por duas vezes. A fração com os voláteis foram transferidos para um eppendorf de 2 mL e, enviados para análise em CG/EM. Os voláteis foram analisados em cromatógrafo de fase gasosa (Focus) acoplado com espectrômetro de massas (Thermo, modelo DSG II). Alíquotas de 0,1 µL da amostra foram injetadas, nas seguintes condições:
Temperatura do injetor: 250 °C; Fonte de íon: 200 °C; Injeção tipo Splitless; coluna DB5-MS 30 m x 0,25 μm x 0,25 mm DI; programação de temperatura iniciado em 60 °C com acréscimo de 3 °C/min. até 240 °C. A velocidade do gás de arraste foi de 32 cm/s. O espectro de massa operou pela técnica de impacto eletrônico a 70 eV (IE) com varredura de 39-400 U.M.A. Os espectros de massas obtidos para os compostos voláteis foram comparados com a biblioteca de dados e os índices de Kovats obtidos experimentalmente confrontados com os descritos na literatura. Para obtenção dos índices de retenção (relativo aos Índices de Kovats), uma mistura de padrões de alcanos (C9-C20) foi preparada usando-se hexano como solvente. Co-injeções da amostra e da mistura dos padrões forneceram os valores experimentais dos índices de retenção nas condições cromatográficas (ADAMS, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O perfil do aroma das três amostras de mel do município de São Miguel do Guamá (Figura 1) foram detectadas 41 substâncias diferentes (Tabela 01). Entre as substâncias detectadas 9 não foram identificadas. Dezoito substâncias detectadas são comuns nas três amostras (M1, M2 e M3). Os aromas das três amostras apresentaram como substâncias majoritárias o oleato de etila (pico 1) e o linoleato de metila (pico 2), sendo mais abundante o oleato de etila, nas concentrações 48,64%, 54,76% e 61,72% para M1, M2 e M3, respectivamente. Nesta amostra observam-se substâncias consideradas como impurezas do solvente, tais como naftaleno, pentadecano, hexadecano e outros. Pereira (2007) em seu estudo sobre aromas do mel de amostras da cidade de Tracuateua, nordeste paraense, relatou a presença de substâncias como o limoneno (55%), orto-guaiacol (10,31%), óxido de cis-linalol (9,81%) e óxido de trans-linalol (10,41%). Perfil diferente ao apresentado nas amostras de São Miguel do Guamá está diferença pode está relacionado com o tipo de vegetação apresentado nos diferentes locais de coleta.
Figura 01:
Perfil cromatográfico das substâncias voláteis presentes nas amostras de méis da região de São Miguel do Guamá.
Tabela 01:
Identificação das substâncias voláteis presentes no mel de abelha do município de São Miguel do Guamá.
CONCLUSÕES: Ressalta-se a técnica utilizada neste trabalho, pois extraiu os componentes representativos do aroma, obtendo-se substâncias nos mesmos concentrados relativos ao bouquet do aroma do mel. Sugere-se que estudos sejam realizados com o proposito de se conhecer a composição dos méis das diferentes regiões do Estado do Pará, a fim de relacionar com a origem botânica do estado.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ADAMS, R. P.; Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/Mass Spectrometry, Allured Publishing Corporation: Carol Stream, 2007.
PEREIRA, E. O. L.; Adaptação de métodos fisico, químico e bioquímicos no controle de qualidade de méis de abelha sem ferrão produzidas no Nordeste paraense. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). 96f. ITEC/UFPA, 2007.
ODEH, I. et al.; A variety of volatile compounds as markers in Palestinian honey from Thymus capitatus, Thymelaea hirsut, and Tolpis virgata. Food Chemistry 101, 1393–1397, 2007.