Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Química Orgânica
TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ALELOPÁTICA DAS FOLHAS DE NONI SOBRE A GERMINAÇÃO DE LACTUCA SATIVA
AUTORES: Cardoso, P.H.F. (IFMT) ; Silva, P.C.L. (IFMT) ; Silva, R.A. (IFMT) ; Correia, A.P. (IFMT) ; Aragão, J.F. (IFMT) ; Soares, G.R. (IFMT)
RESUMO: Usualmente a Morinda citrifolia Linm (Noni) é utilizado como planta fitoterápica
para controle de diversos males, isso ocorre pela presença de moléculas
sintetizadas em seu metabolismo secundário. Essas substâncias podem ter efeitos
sobre outros vegetais, podendo inibir ou estimulara seu desenvolvimento
(Alelopatia). Neste contexto objetivou se o presente trabalho em avaliar o
extrato aquoso, água de cocção e hidrolato da folha de Noni sobre a germinação
de L. sativa. O resultado estatístico indica uma inibição significativa da
germinação de alface sob o hidrolato de Noni, embora não estatisticamente o
extrato aquoso teve efeito de estimulo na germinação. É necessário o
fracionamento destes compostos, a fim de identificar as principais classes
responsáveis pela alelopatia.
PALAVRAS CHAVES: alface; alelopatia; Morinda citrifolia
INTRODUÇÃO: Morinda citrifolia Linm vulgarmente é conhecida como Noni, nos últimos anos foi
espécie de grande destaque como planta fitoterápica, seu fruto é objeto
principal, entretanto é utilizadas diversas partes do vegetal, assim como folhas
e sementes para os possíveis tratamentos, entre estes alergia, hipertensão
arterial, diabetes, câncer dentre outros. O preparo desses “medicamentos”
naturais consistem de variadas formas dês do consumo imaturo, garrafadas e chás.
Estudos feitos por Lima et al. (2009), sobre a avaliação de substâncias voláteis
em Noni (Morinda citrifolia L.) por cromatografia gasosa espectrometria de
massas, realizado com três diferentes solventes (acetona, hexano e
diclorometano), identificaram 37 compostos, a classe química majoritária foi
álcool (63,3%), seguida de ésteres (26,9%), cetonas (7,4%) e ácidos (1,2%).
Enquanto ALVES, M.C.S., et al. (2004) conseguiu identificar 51 compostos
voláteis, com a predominância de ácidos (83%), alcoóis (5%) e ésteres (3%),
usando extração direta com o solvente diclorometano.
Os compostos fitoquímicos usualmente utilizado para fins medicinais também podem
ter efeitos em vegetais, de estimular ou inibir o desenvolvimento de uma planta
sobre outra, quando liberados no ambiente, esse fenômeno e conhecido como
alelopatia (HARDT et al., 2010). De forma mais abrangente, o conceito se refere
às interações químicas que ocorrem entre as plantas.
Este trabalho difere das demais pesquisas realizadas até então sobre o Noni, uma
vez que tem o objetivo avaliar o potencial alelopático do Hidrolato, Água de
Cocção e Extrato Aquoso da folha Noni, sob germinação de sementes de alface
(Lactuca sativa L.), em condições controladas de temperatura e luminosidade.
MATERIAL E MÉTODOS: O presente trabalho foi realizado no laboratório de química do Instituto Federal
de Mato Groso Campus Confresa. Foram coletadas folhas verdes de Morinda
citrifolia L. (Noni), para o preparo dos extratos foi utilizado o método de
extração por arraste a vapor (Clevenger) para obtenção do Hidrolato e Água de
Cocção no qual foi realizado os testes de potencial alelopático. Paro o preparo
do extrato aquoso, as folhas foram cortadas emersas por 3 horas em água
destilada, logo após filtrada, a mantida sob refrigeração até o momento do uso.
A água destilada foi o tratamento testemunha para as comparações com os
tratamentos.
A ação da atividade alelopática foi avaliada mediante a germinação de sementes
de L. sativa, planta padrão para testes de atividade alelopática. Os testes
foram conduzidos em estufa de climatizada do tipo B.O.D sob condições
controladas de temperatura, umidade e fotoperíodo, dentro de caixas do tipo
gerbox, com 25 sementes cada e adicionado 5 ml dos extratos em estudo. A
avaliação da germinação das sementes foi realizada mediante duas contagens, a
primeira no terceiro dia depois do início do teste e a última ao sétimo dia. Na
primeira contagem foi avaliada somente a emissão de radícola e na última
contagem foram contados somente as sementes normais germinadas conforme a Regra
para Análise de Sementes (RAS, 2009).
Para efeitos de análise de variância, análise primária dos dados
consistiu na avaliação da normalidade da distribuição amostral do nível de
homogeneidade das variâncias residuais, o delineamento experimental foi
inteiramente casualizado, as médias dos dados foram comparadas pelo teste de
Tukey (5%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O extrato aquoso da folha de Morinda citrifolia L. (Noni), assim como a água de
cocção indicaram não existir diferenças significativas desses tratamentos em
relação ao controle, na inibição ou estimulo da germinação de Lactuca sativa
(Tabela 1). Entretanto o hidrolato tenha inibido quase toda a germinação das
sementes de alface.
Em trabalhos realizados por Komai et al. (1991), observaram que a utilização de
extratos contendo óleos essenciais afetam negativamente a germinação de outras
plantas, principalmente, pela presença de sesquiterpenos hidroxila que dificulta
o desenvolvimento radicular em outros vegetais, sendo está uma possível
explicação para inibição quase total (0,03%) da germinação de Lactuca satica
sobre a aplicação de hidrolato da folha de Noni.
Entretanto ho uve uma elevada resposta na germinativa nos tratamento de extrato
aquoso (94%), contra 87% do controle, tomando se como resposta máxima na
germinação em relação ao tratamento controle (Figura 1). Observa se que existe
uma leve tendência de estímulo na germinação pela aplicação do tratamento
extrato aquoso, embora não seja estatisticamente significativa. Essa resposta,
apesar de não ter valia em termos estatísticos, dentro da complexidade de
avaliações de sistemas biológicos, deve ser considerada e servir como base para
as conseguintes pesquisas. Nesse sentido, essa resposta agrega outra
importância, uma vez que os estudos alelopáticos se dão a cerca de respostas,
tanto na inibição, como na estimulação da germinação de espécies receptoras. A
partir desse dado, é possível supor que a fração com maior polaridade pode atuar
estimulando a germinação, e os extratos de hidrolato inibem a germinação. No
entanto é necessário novos estudos para confirmações dos resultados.
Tabela 1:
Efeito de extratos da folha de Morinda citrifolia
L. (Noni) sobre a germinação de sementes de Lactuca
sativa L. (alface).
Figura 1:
Efeito de extratos da folha de Morinda citrifolia
L. (Noni) sobre a germinação de sementes de Lactuca
sativa L. (alface).
CONCLUSÕES: O hidrolato da folha de Noni apresenta efeito inibitório significativo na
germinação de Lactuca sativa, por sua vez o extrato aquoso estimula a geminação,
embora não seja estatisticamente significativo. É possível acreditar que em uma
mesma planta os efeitos alelopáticos possam ser de estimulo e inibição. Existe a
necessidade de realizar o fracionamento destes compostos tanto por prospecção
fitoquímica, ressonância magnética nuclear H¹ e C13 e espectrometria de massa, a
fim de identificar as principais classes responsável pela alelopatia.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao IFMT campus Confresa pelo apoio, ao PROIC/IFMT pela a
concessão da bolsa de Iniciação Científica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Brasil, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, p.365, 2009.
HARDT, F.F; DERETTI, G.D.; CUNHA, J.F. Avaliação dos efeitos alelopaticos no consorcio de alface (Lactuca sativa) e cenoura (Daucus carota) na cultura do rabanete (Raphanus sativus). CASCGO, 2010.
‘qer
KOMAI, K.; TANG, C.S.; NISHIMOTO, R.K. Chemotypes of Cyperus ritundus in Pacific Rim and inhibition of their essential oils. J. Chem. Ecol., v. 17, n. 1, p. 1-11, 1991.
LIMA, J.C.; SOUSA, A.D.; NETO, M.A.S.; GARRUTI, D. DOS S.; SOUSA, J.A.; BRITO E.S. Avaliação de voláteis em Noni (Morinda citrifolia) por cromatografia gasosa-espectrometria de massas. 32ª REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA. Anais/2009.
YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. 2001. Plantas Medicinais: sob a ótica da Química Medicinal Moderna. Chapecó: Argos editora Universitária.