Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Química Orgânica
TÍTULO: Avaliação da atividade antioxidante do café conilon produzido no norte do estado do Espírito Santo.
AUTORES: Santos, J.A.C. (IFES) ; Tavares, L.A. (UFES) ; Conte, M.Z. (UFES) ; Velloso, M.H.R. (UFES)
RESUMO: Compostos com atividade antioxidantes são substâncias que retardam a velocidade da oxidação, que é um processo normal do nosso organismo. Entretanto, uma disfunção nesse processo pode levar diversas patologias crônico-degenerativas, como arteriosclerose, câncer, doenças cardíacas, Alzheimer dentre outras. Nesse trabalho propõe-se avaliar o potencial antioxidante do café conilon, verde e torrado, cultivado no norte do estado do Espírito Santo. O método utilizado foi o do radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH•) que é reduzido pela espécie antioxidante presente, fazendo desaparecer, no decorrer da reação, a sua banda característica em 515 nm. Dessa forma, espera-se valorizar o produto agrícola local fornecendo informações sobre essa característica benéfica do café.
PALAVRAS CHAVES: Atividade antioxidante; Café conilon; DPPH
INTRODUÇÃO: O café é uma das bebidas mais consumidas do mundo, estimulando investimentos em pesquisas sobre a atividade biológica desse grão. Esses estudos possibilitaram verificar a existência de várias substâncias apontadas como fatores quimioprotetores em diferentes sistemas químicos e biológicos. Por definição, atividade antioxidante é a capacidade de um composto inibir a degradação oxidativa das células vivas¹. As alterações provocadas pela ação oxidativa são apontadas como fatores desencadeantes de determinadas patologias como Alzheimer, artrite disfunção cerebral, artrite disfunção cerebral, aterosclerose cardiopatias, diabetes enfisema, catarata, envelhecimento, esclerose múltipla câncer, inflamações crônicas e doenças do sistema imune. Os agentes antioxidantes podem ser sintéticos ou naturais e, para serem utilizados em alimentos, devem ser seguros para a saúde. O uso de antioxidantes sintéticos tem diminuído devido à suspeita de atividade como promotores de carcinogênese. Sendo assim, os antioxidantes naturais têm atraído grande atenção nos últimos anos, especialmente aqueles extraídos de plantas. Dessa forma, o presente trabalho tem como finalidade avaliar a atividade antioxidante do café conilon produzido na região de São Mateus, norte do estado do Espírito Santo.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram estudadas duas amostras de café conilon, uma de café cru e outra de café torrado (torra média). As medidas foram realizadas em triplicata e os resultados mostrados como uma média aritmética das réplicas. O extrato do café foi preparado utilizando-se cerca de 10,0 g de cada amostra (pó de café verde e torrado) e adicionados 100,0 mL de água fervente. As amostras foram deixadas 5 min em repouso e filtradas. A atividade antioxidante dos extratos de café foi determinada através da atividade seqüestrante do radical 2,2-difenil-1- picril-hidrazila (DPPH•), conforme metodologia descrita por MORAIS et al, com modificações. A partir do extrato de café foram efetuadas 4 diluições sucessivas (1,00; 2,50; 5,00 e 7,50 mL em 50,0 mL/água). Para cada diluição, foi tomada uma alíquota de 0,10 mL e adicionado 3,9 mL de solução de DPPH (cerca de 50 μg/mL em metanol) recentemente preparada. Após a adição do radical DPPH• aos extratos, as soluções de diferentes concentrações foram homogeneizadas e deixadas em repouso em tubos de ensaio envolvidos em papel alumínio para a proteção do efeito da luz. O decréscimo da absorbância, devido ao consumo de DPPH, foi registrado no comprimento de onda de 515 nm após 1 h. Como branco foi utilizado o metanol. A atividade antioxidante (AA) dos cafés foi calculada de acordo com a equação: ‰AA = {[Abscontrole –(Absamostra – Absbranco)]/Abscontrole} x 100. Onde Abs controle é a absorbância inicial da solução metanólica de DPPH e Abs amostra é a absorbância da mistura reacional (DPPH mais amostra). As medidas da concentração eficiente (CE50) foram calculadas conforme descrito por RUFINO et al e expressas em g de fruto/g de DPPH.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As atividades antioxidantes das amostras de café foram calculadas e seus valores expressos em porcentagem. As atividades apresentadas pelo café cru foram de 88,4; 89,0; 89,7 e 90,7 e pelo café torrado foram de 33,0; 83,9; 88,7 e 90,3 para as diluições dos extratos nas concentrações de 50,0; 125,1; 250,1 e 375 mg/L, respectivamente. Sendo as porcentagens de atividade antioxidantes mais elevados para o café cru. As medidas da concentração eficiente (CE50), que representa a concentração da amostra necessária para seqüestrar 50% dos radicais de DPPH, também foram calculadas. Os valores encontrados de CE50 foram de 3,5 e 1,0 para o café torrado e cru respectivamente. Observa-se que o café cru apresentou menor valor de CE50, o que significa que é necessário uma menor concentração de café cru para reduzir pela metade a concentração do radical DPPH•. Assim, o café cru apresentou maior atividade antioxidante comparado ao café torrado, corroborando com dados da literatura1 e confirmando que a torra provoca a degradação dos agentes antioxidantes. O butil-hidróxi-tolueno (BHT) é um potente antioxidante sintético bastante utilizado em alimentos. Sua atividade é utilizada como referencial para comparação com demais alimentos cuja atividade antioxidante está sob investigação. Nesse trabalho, a atividade do BHT também foi determinada. As concentrações das diluições utilizadas para esse composto foram 2,0x10-4; 5,0x10-4; 1,0x10-3 e 2,0x10-3 mg/L e as porcentagens da AA foram respectivamente: 69,3; 89,5; 95,0 e 96%. Considerando as concentrações utilizadas a atividade do BHT foi maior que das amostras de café estudadas. Os compostos responsáveis pela ação antioxidante serão estudados em posterior análise pelo bolsista PIC Jr.
CONCLUSÕES: Os extratos de café conilon estudados apresentaram altas atividades antioxidantes. Sendo esse efeito dependente da torra do grão. As amostras de café cru apresentaram maior porcentagem de atividade antioxidante frente ao radical DPPH•. O antioxidante sintético BHT demonstrou maior atividade que as amostras estudadas. O presente trabalho, além de promover o produto agrícola local por divulgar características benéficas deste vem contribuir para a inclusão de alunos do ensino médio em contato direto com a pesquisa despertando o seu interesse para o desenvolvimento científico do país.
AGRADECIMENTOS: À FAPES pelo apoio financeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. MORAIS, S. A. L.; AQUINO, F. J. T.; NASCIMENTO, P. M.; NASCIMENTO, E. A.; CHANG, R. Compostos bioativos e atividade antioxidante do Café Conilon submetido a diferentes graus de torra. Química. Nova, v. 32, n. 2, p. 327-331, 2009. 2. RUFINO, M. S. M.; ALVES, R. E.; BRITO, E. S.; MORAIS, S. M.; SAMPAIO, C. G.; PÉREZ-GIMÉNEZ, J.; SAURA-CALIXTO, F. D. Metodologia Científica: Determinação da atividade antioxidante total em frutas pela captura do radical livre DPPH. Comunicado técnico-Embrapa, julho, 2007.