ÁREA: Química Tecnológica

TÍTULO: Estudo da Distribuição de Temperatura em Creme Hidratante Corporal

AUTORES: Rodrigues Ferreira, L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Guimarães Isecke, B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Vieira da Silva, O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Silva da Costa, O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS)

RESUMO: O creme hidratante corporal é utilizado para aumentar a hidratação e manter o brilho natural da pele, combatendo o ressecamento da epiderme. Ensaios de transferência de calor, usando um sistema cilíndrico com isolamento térmico lateral, base circular metálica como área de troca térmica e 4 termopares instalados longitudinalmente, foram conduzidos para avaliação da variação espacial e temporal da temperatura. O creme hidratante, contido no cilindro, foi submetido ao transporte de calor unidimensional, por condução e em regime transiente. As curvas de distribuição de temperatura destacaram a discrepância do aquecimento próximo e distante à fonte de calor, evidenciando a resistência à transferência de calor e à capacidade de armazenamento de energia do creme hidratante corporal estudado.

PALAVRAS CHAVES: transferência; calor; hidratante

INTRODUÇÃO: Cremes são produtos para uso externo destinado à proteção, ou ao embelezamento das diferentes partes do corpo. Creme é a forma farmacêutica semissólida que consiste de uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apropriada. É utilizado, para aplicação externa na pele (FARMACOPEIA BRASILEIRA et al., 2010). A característica de isolante térmico do creme hidratante estudado neste trabalho talvez possa ser explicada por suas formulações que contêm emulsionantes, umectante e emoliente (OLIVEIRA et al., 2006). As propriedades termofísicas de um produto são importantes no controle da produção industrial, bem como na eficiência de sua utilização (BETTA et al., 2009). Essas propriedades variam de acordo com sua composição química, porosidade, umidade, entre outros. Podendo ser determinadas pelas leis de Fourier, que leva em consideração a condução, convecção e radiação em transferência de calor. Neste trabalho focou-se a condução de calor que é um processo de transferência de calor entre sistemas que estão em contato físico direto. Fundamentado em resultados empíricos, Jean B. Fourier determinou a equação que descreve a transferência de calor. Posteriormente a equação teve seus resultados reconhecidos e validados, assim ficou conhecida como Lei de Fourier. Esta lei é aplicada ao Princípio da Conservação de Energia no qual a energia gerada mais a que entra no sistema é igual à energia de saída mais a acumulada do sistema. Assim, o Princípio da Conservação de Energia para um modelo tridimensional levou à Equação de Distribuição da Temperatura. Este experimento apresenta somente propagação de calor longitudinal em regime transiente sem geração de calor interno (INCROPERA et al., 1992).

MATERIAL E MÉTODOS: Utilizou-se um cano de PVC com 15 cm de comprimento e 3,5 cm de diâmetro, com furos equidistantes ao longo do comprimento do cano, foi revestido na lateral com cortiça, de 4 mm de espessura, com a finalidade de isolá-lo termicamente, na base foi revestida com papel alumínio para proporcionar a transferência de calor. Em seguida, o tubo foi preenchido com o creme hidratante . Após, os termômetros (T1, T2, T3, T4) foram colocados nos orifícios localizados nas posições: 3, 6, 9, 12 cm, respectivamente, longitudinalmente ao tubo. Uma tampa de cortiça foi fixada ao topo. E por fim, revestiu-se todo o tubo com papel alumínio para evitar a transferência de calor por radiação. Em seguida, o teste de condução de calor no creme hidratante foi conduzido, colocando-se a base do tubo em contato com a superfície de um banho termostatizado, mantido a uma temperatura de 40 °C. As temperaturas foram registradas durante 50 minutos, em intervalos de 2 minutos, nos primeiros dez minutos cronometrados, e depois em intervalos de 5 minutos pelos termômetros. Os dados obtidos foram dispostos em gráfico de temperatura em função do tempo. A massa específica do creme hidratante corporal foi determinada, sem tratamento prévio, antes e depois do ensaio de transferência de calor. Inicialmente à temperatura ambiente, e em seguida à temperatura final do experimento, em aproximadamente 35 °C.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A distribuição longitudinal da temperatura em função do tempo do creme hidratante corporal, ilustrado na Figura 1, revelou um comportamento típico de material resistente à transferência de calor por condução. Este comportamento foi verificado pela dispersão da curva do T1, localizado próximo à fonte de calor, que atingiu as maiores temperaturas mais rapidamente que os demais termômetros. As temperaturas registradas nos termômetros T2, T3 e T4, posicionados mais distantes da fonte de calor, apresentaram um comportamento linear com o aumento da temperatura em função do tempo e tiveram uma variação de temperatura muito menor se comparados ao termômetro T1. Desse modo, observou-se que as primeiras camadas do creme funcionaram com uma barreira à condutividade térmica. A massa específica do creme hidratante corporal antes e depois do ensaio de transferência de calor diminuiu, passando de 1,0106 g.cm-3 (27 °C) para 0,9860 g.cm-3 (35,1 °C), o que era de se esperar, uma vez que o aumento da energia cinética aumenta, consequentemente, o nível de agitação das moléculas do creme hidratante e promove a dilatação do volume, diminuindo a massa específica. Esta redução da densidade absoluta pode conduzir à maior fluidez e provável diminuição da viscosidade.

Figura 1

Gráfico do aumento de temperatura do creme hidratante em função do tempo.

CONCLUSÕES: A avaliação da distribuição de temperatura do creme hidratante corporal, um cosmético de higiene pessoal, apontou um comportamento de um produto que retém calor, sendo também resistente à transferência de calor. A massa específica do creme hidratante foi outro parâmetro sensível à variação de temperatura. Observando-se que a massa específica à 27 °C era equivalente a 1,0106 g.cm-3, enquanto que após o aquecimento, a temperatura de 35,1 °C, a massa específica foi igual a 0,9860 g.cm-3.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BETTA, G.; RINALDI, M.; BARBANTI, D.; MASSANI, R; A quick method for thermal diffusivity estimation: Application to several foods. Journal of Food Engineering, USA, V. 91, n. 1, p. 34-41, março, 2009.

FARMACOPÉIA BRASILEIRA: 5ª. edição. Brasília, Volume 2, p. 41-42, 2010.

INCROPERA F. P. e WITT D. P.; Fundamentos da Transferência de Calor e de Massa; Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, 1992.

OLIVEIRA, R. M.; Informações para implantação de uma indústria de cosméticos. TECPAR – Instituto de Tecnologia do Paraná. Curitiba, Paraná, 2006.