ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE AMOSTRAS DE MÉIS DE Apis mellifera L. DO ESTADO DO CEARÁ E DE SANTA CATARINA.
AUTORES: Silva, M.M.O. (UECE) ; Liberato, M.C.T.C. (UECE) ; Cordeiro, S.A. (UECE) ; Oliveira, D.V. (UECE)
RESUMO: O mel é uma substância natural, elaborada pelas abelhas a partir do néctar das
flores. Características físico-químicas são utilizadas para o controle de
qualidade do mel. Através dessas análises é possível identificar alguns
adulterantes como xaropes, açúcares, resíduos insolúveis. O objetivo deste
trabalho foi determinar características físico-químicas de amostras de méis da
abelha Apis mellífera L. proveniente de diferentes cidades dos Estados de Santa
Catarina e do Ceará e posteriormente comparar os resultados obtidos com padrões
ditados por órgãos oficiais estabelecidos no Brasil.
PALAVRAS CHAVES: mel; análises físico-químicas; Apis mellifera L.
INTRODUÇÃO: A composição do mel depende, basicamente, da composição do néctar da espécie
vegetal produtora e da espécie de abelha que o produz, conferindo-lhe
características específicas enquanto que as condições climáticas e o manejo do
apicultor têm menor influência nesta composição (WHITE JÚNIOR, 1978). É um
alimento de fácil digestão e assimilação, constituindo- se numa fonte de energia
que contribui para o equilíbrio dos processos biológicos por conter em
proporções adequadas, fermentos, vitaminas, ácidos, aminoácidos, substâncias
bactericidas e aromáticas. Além de sua qualidade como alimento, esse produto
único é dotado de inúmeras propriedades terapêuticas, sendo utilizado pela
medicina popular sob diversas formas e associações como fitoterápicos (PEREIRA,
et al.,2003). A composição físico-química e características sensoriais como
sabor e cor do mel podem sofrer variações de acordo com a sua origem floral e
manipulação por parte do apicultor. Por tal motivo, para fins de
comercialização, o mel pode ser classificado de acordo com a sua origem botânica
e procedimento de obtenção (CRANE, 1983; BRASIL 2000). No mercado são
encontrados méis de diferentes origens florais, sendo os mais frequentes os de
eucalipto, laranjeira e silvestre. O objetivo desse trabalho foi a determinação
e comparação das propriedades físico-químicas dos méis oriundos do Ceará e de
Santa Catarina. A relevância científica do mesmo encontra-se na pesquisa de
qualidade do mel colocado para consumo nesses dois estados do Brasil, levando-se
em conta a Legislação Vigente no país.
MATERIAL E MÉTODOS: Amostras de mel de Apis mellifera de localidades e origens botânicas diferentes,
foram obtidos em Santa Catarina, nas cidades de Gravatal, Içara, São Joaquim e
Florianópolis e no Ceará, nas cidades de Limoeiro de Norte, Umirim, Guaramiranga
e Acopiara. A Umidade foi determinada por refratometria a 20 °C, sendo utilizado
um refratômetro manual. Para a interpretação dos dados, foi utilizada a tabela
de Chataway disponibilizada pela Legislação. Para a determinação dos Sólidos
Insolúveis em mel por gravimetria, também foi indicado pela Legislação
Brasileira. Na pesquisa de adulterantes, a Prova de Lund baseia-se na
precipitação de proteínas naturais do mel pelo ácido tânico, onde na presença de
mel natural esse precipitado formará um depósito de 0,6 a 3,0 mL no fundo da
proveta. Ele indica a presença de substâncias albuminoides, componentes normais
no mel. A análise qualitativa de HMF ou Prova de Fiehe detecta a presença de
Hidroximetilfurfural no mel e indica a adulteração por xaropes e glicose
comercial. A cor vermelha indica positividade ou presença elevada de HMF na
amostra (LEAL, et al. 2001). A Reação de Lugol é outro teste realizado para a
detecção de fraude em mel por adição de glicose comercial, que é uma reação
colorimétrica qualitativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As condições geográficas dos estados brasileiros do Ceará e de Santa Catarina
são bastante diferentes, influenciando diretamente nas propriedades físico-
químicas dos méis oriundos dessas regiões. O ineditismo da pesquisa é justamente
a observação da influência dos fatores como solo, clima vegetação e manipulação
do apicultor das duas localidades nas características físico-química dos méis.
Os resultados das análises físico-químicas para as amostras de méis de Apis
mellifera L. para amostras de méis do Estado do Ceará e de Santa Catarina podem
ser verificados na Tabela 1.
Tabela 1. Resultados obtidos para os caracteres umidade, sólidos insolúveis,
lund, HMF e lugol em amostras de méis de Apis mellifera do Estado do Ceará e de
Santa Catarina.
As porcentagens de umidade, observadas na Tabela 1, variam de 18,00 a 19,8%,
portanto todos os valores obtidos nas amostras estão validados dentro do
permitido pela Legislação vigente (BRASIL, 2000). Analisando méis da Chapada do
Araripe no Estado do Ceará, Arruda (2003) encontrou um valor médio de 15,74%,
variando de 14,97 a 17,23%. Almeida (2002) pesquisando méis produzidos em áreas
de cerrado do município de Pirassununga, São Paulo, registrou uma variação de
16,6 a 20,8%, com média de 18,01%. Para sólidos insolúveis os resultados
encontrados foram muito próximos. Os resultados, em porcentagem, variam de 0,01
a 0,12 onde o maior valor encontrado pertence a uma amostra do Estado de Santa
Catarina. Na reação de Lund, os dois Estados apresentaram as mesmas variações,
onde a precipitação de proteínas encontrada apresentou-se abaixo de 1mL, entre
1mL e 2mL e acima de 3mL. A prova de Fiehe e a reação de Lugol, para
identificação da presença de adulterantes, apresentaram resultados negativos
para ambos os testes.
Tabela 1.
Resultados obtidos para os caracteres
umidade,sólidos insolúveis,lund,HMF e lugol em
amostras de méis de Apis do Estado do Ceará e de
Santa Catarina
CONCLUSÕES: As amostras analisadas apresentaram um índice de 75% de aprovação quando
comparadas aos parâmetros recomendados pela legislação. Assim fica clara não só
uma preocupação com a qualidade do mel produzido internamente, como também,
sugere-se a fiscalização de méis importados com relação às suas alterações
(CARVALHO et al., 2005) fazendo-se necessária a análise das características
físico-químicas através das técnicas indicadas pela Legislação Brasileira. Dessa
forma o consumidor terá a certeza de estar usando um produto de qualidade.
AGRADECIMENTOS: A Universidade Estadual do Ceará, ao Laboratório de Química de Produtos Naturais
pelo espaço concedido para a realização da pesquisa e a FUNCAP.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, D. de. Espécies de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) e tipificação dos méis por elas produzidos em área de cerrado do município de Pirassununga, Estado de São Paulo. Piracicaba: USP, 2002. 103 f. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de Sâo Paulo, Piracicaba, 2002.
ARRUDA, 2003 ARRUDA, C. M. F. de Características Físico-Químicas e Polínicas de Amostras de Méis de Apis mellifera L., 1758 (Hymenoptera, Apidae) da Região da Chapada do Araripe, Município de Santana do Cariri, Estado do Ceará. Piracicaba: USP, 2003. 86 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.
BRASIL. Leis, Decretos, etc. Instrução Normativa 11. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel. Diário Oficial, 20 de outubro de 2000. Disponível em:http://www.engetecno.com.br/legislacao/mel_mel_rtfiq.htm. Acesso em: 24 Abril 2007.
CARVALHO, C. A. L. de et al. Mel de abelha sem ferrão: contribuição para a caracterização físico-química. Cruz das Almas: Universidade Federal da Bahia/SEAGRI-BA, 2005.
CRANE, E, O livro do mel. São Paulo: Noel, 1983
LEAL, V. M; SILVA, M. H; JESUS, N. M. Aspecto físico-químico do mel de abelhas comercializado no município de Salvador,2001 Revista Brasil Saúde
PEREIRA, F. de M.; LOPES, M.T.R.; CAMARGO,R.C.R; VILETA,S.L.O. Produção de mel. Embrapa Meio-Norte, versão virtual. 2003
WHITE JÚNIOR, J. W. Honey. Advances in Food Research, v. 22, p. 287-374, 1978.