ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: AÇÃO DO EXTRATO AQUOSO DE FOLHAS DE INDIGOFERA SUFFRUTICOSA CONTRA FUNGOS PATOGÉNOS
AUTORES: Nascimento, W.M. (UFPE) ; Pereira, D.R. (UFPE) ; Santos, A.T.B. (UFPE) ; Neves, R.P. (UFPE) ; Lima, V.L.M. (UFPE)
RESUMO: Indigofera suffruticosa é uma planta da família Fabaceae conhecida como
anileira, comumente encontrada na região do Semi-Árido e Agreste do Estado de
Pernambuco e possui propriedades medicinais. O trabalho teve como objetivo
avaliar a ação do extrato aquoso de folhas de I. suffruticosa contra
diferentes espécies de fungos. O extrato (1024 μg/ml) foi testado contra os
micro-organismos segundo o método de microdiluição em caldo para avaliação de
atividade antifúngica. O extrato demonstrou atividade fungistática contra
Candida albicans, Candida tropicalis, Candida krusei,
Candida parapsilosis e resistência para fungos filamentosos dermatófitos
e não dermatófito. Estes resultados são relevantes na busca de novas
alternativas terapêuticas.
PALAVRAS CHAVES: atividade fungistática; fungos; Indigofera suffruticosa
INTRODUÇÃO: Indigofera suffruticosa é uma planta arbustiva, medindo de 1-2m de
altura, com folhas pinadas com 7-15 folíolos oblongos ou ovais (BRAGA, 1976)
inflorescências menores que as folhas e frutos numerosos (BORTOLUZZI et
al., 2004). Ela ocorre em quase todo o território brasileiro (MOREIRA et
al., 1997) e em outros países da América. Suas folhas têm propriedades
medicinais antiespamódicas, sedativas e diuréticas (BRAGA, 1985). Estudos
realizados com as partes aéreas demonstraram que o extrato aquoso de folhas de
I. suffruticosa possui ação contra os fungos dermatófitos Microsporium
canis e Trichophyton rubrum (LEITE et al., 2006). O objetivo
deste trabalho foi avaliar a ação do extrato aquoso de folhas de I.
suffruticosa contra diferentes espécies de fungos. Esta avaliação
possibilita o conhecimento a respeito de um produto natural contra micro-
organismos patógenos, podendo ser utilizado na síntese ou semi-síntese de novos
fármacos.
MATERIAL E MÉTODOS: As folhas de I. suffruticosa foram coletadas no município de São Caetano,
região Agreste do Estado de Pernambuco. Estas foram secas, trituradas e
utilizadas para preparo de extratos aquosos. Cerca de 50g de folha da I.
suffruticosa foram homogeneizadas em solução aquosa, sob agitação constante
durante 16 horas, filtradas e concentradas por liofilização. Para o ensaio de
susceptibilidade antifúngica foram utilizados fungos filamentosos dermatófitos
(Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton rubrum, Trichophyton
tonsurans e Epidermophyton flocossum), fungo filamentoso não
dermatófito (Fusarium solani) e diferentes cepas de leveduras (Candida
albicans, Candida tropicalis, Candida krusei e Candida
parapsilosis). O teste utilizando placas de microtitulação foi realizado em
meio RPMI-1640 (Sigma), tamponado com Ácido Sulfônico Propano Morfolino (MOPS)
0.165 M, à pH 7,0 e para o controle positivo foi utilizado a droga Cetoconazol.
Foi preparado inóculo das espécies fúngicas pela turbidez equivalente de uma
solução-padrão da escala de McFarland 0,5. Inicialmente 100 μL do meio RPMI-1640
foi colocado em todos os poços da placa, em seguida foi inserido em diferentes
poços da placa 100 μL de Cetoconazol e 100 μL do extrato (1024 μg/ml),
realizando diluições seriadas. A distribuição da suspensão fúngica foi realizada
em todos os poços, com exceção do poço destinado ao controle de esterilidade do
meio (fileira 12). A placa foi incubada em estufa à temperatura de 37°C,
realizada a leitura após 24 e 48 horas de incubação e determinada a Concentração
Mínima Inibitória (CMI) e a Concentração Mínima Fungicida (CMF).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados indicaram que os fungos T. mentagrophytes, T.
rubrum, T. tonsurans, E. flocossum e F. solani
conseguiram resistir a ação do extrato de I. suffruticosa. Dentre estas
espécies F. solani tem uma taxa elevada de resistência aos antifúngicos,
que dificulta o tratamento das infecções invasivas causadas por este micro-
organismo filamentoso (SELLESLAG et al., 2006). O extrato apresentou ação
fungistática contra diferentes cepas de C. albicans, C.
tropicalis, C. krusei e C. parapsilosis. O valor da CMI de
maior expressão para o extrato foi de 16 μg/ml para as cepas de C.
krusei. Para C. albicans a CMI foi de 256 μg/ml, C. tropicalis
a CMI foi de 512 μg/ml e C. parapsilosis CMI de 512 μg/ml. Os resultados
para ação fungicida do extrato não foram significativos para a concentração de
extrato inicialmente utilizada. Estudos com extratos de Eleutherine
plicata, Psidium guajava e Syzygium aromaticum também
apresentaram ação contra C. albicans (MENEZES et al., 2009).
CONCLUSÕES: Os resultados demonstram que extrato aquoso de folhas de I. suffruticosa
possui ação fungistática contra diferentes cepas de espécies do gênero Candida,
estas possuem grande importância pela alta frequência de infecções ao homem, sendo
a candidíase a mais comum. Este trabalho é importante para a busca de novas
alternativas terapêuticas em vista do grande aumento da resistência de micro-
organismos patogênicos a múltiplas drogas que em geral apresentam efeitos tóxicos.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq,Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnólogico, pelo
suporte financeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BORTOLUZZI, R.L.C.; GARCIA, F.C.P.; CARVALHO-OKANO, R.M.; TOZZI, A.M.G.A. 2004. Leguminosae-Papilionoideae no Parque Estadual do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil. II: árvores e arbustos escadentes. Acta Botanica Brasilica, 18(1):49-71
BRAGA, R. 1976. Plantas do Nordeste especialmente do Ceará. Mossoró Escola Superior de Agricultura.
BRAGA, R. 1985. Plantas do Nordeste especialmente do Ceará. Editora Universitária da UFRN. Natal.
LEITE, S.P.; VIEIRA, J.R.C.; MEDEIROS, P.L.; LEITE, R.M.P.; LIMA, V.L.M.; XAVIER, H.S.; LIMA, E.O. 2006. Antimicrobial activity of Indigofera suffruticosa. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, 3(2): 261-265.
MENEZES, T.O.A.; ALVES, A.C.B.A.; VIEIRA, J.M.S.; MENEZES, S.A.F.; ALVES,B.P.; MENDONÇA, L.C.V. 2009. Avaliação in vitro da atividade antifúngica de oléos essenciais e extratos de plantas da região amazônica sobre cepa de Candida albicans. Revista de Odontologia da UNESP, 38(3): 184-191.
MOREIRA, J.L.A.; TOZZI, A.M.G.A. 1997. Indigofera L.(Leguminosae, Papilionoideae) no Estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, 20:97-117.
SELLESLAG, D. 2006. A case of fusariosis in an immunocompromised patient successfully treated with liposomal amphotericin. Acta Biomedical, 77:32-35