ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDO QUÍMICO, FÍSICO E BIOLÓGICO DO MEL SILVESTRE DE Apis Mellifera ORIUNDO DE FORTALEZA-CE

AUTORES: Vieira Neto, A.E. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Gondim, N.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Félix, J.E.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Silva, D.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, A.O.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

RESUMO: O estudo visa analisar as características químicas, biológicas e físicas do mel silvestre de Apis Mellifera oriundo de Fortaleza-CE visando possível aplicação em fins medicinais e nutricionais. As análises foram: Fenóis Totais, Atividade Antioxidante, Refração e Adsorção. Para Fenóis Totais foi utilizado o método de Folin-Ciocalteau e o resultado foi comparado a uma curva padrão de Ácido Gálico. Para a atividade antioxidante usou-se o método do DPPH por métodos espectrofotométricos que indica as características de açúcares, proteínas e de princípios ativos e utilizando um refratômetro obtêm-se as características físicas do mel. Assim, foi quantificada a ação antioxidante, os fenóis e a sua adsorção de outros componentes. Resulta-se que esse mel pode ser utilizado para os fins propostos.

PALAVRAS CHAVES: Mel Silvestre; Análise; Nutricional

INTRODUÇÃO: O mel é uma complexa mistura de carboidratos e de compostos minoritários, produzidos na natureza. Sua composição química é dependente em grande parte dos tipos de flores utilizadas pelas abelhas, assim como também, pelas condições regionais e climáticas. Os açúcares representam a porção maior da composição do mel (95-99% de sólidos do mel) enquanto que as proteínas, aldeídos aromáticos, ácidos carboxílicos aromáticos e seus ésteres, derivados de carotenóides, terpenóides, flavonóides e outros aparecem em menores proporções. Muitos, desta ampla gama de constituintes menores presentes no mel, apresentam propriedades antioxidantes, destacando-se entre estes os compostos fenólicos que também contribuem para exaltar as suas qualidades sensoriais. O mel é conhecido por ser rico em antioxidantes enzimáticos e não-enzimáticos, incluindo glucose oxidase, catalase, ácido ascórbico, flavonóides, ácidos fenólicos, derivados de carotenóides, ácidos orgânicos, produtos da reação de Maillard, aminoácidos e proteínas. O Ceará, com clima quente, temperaturas médias de 27°C e variações em precipitação pluviométrica, tipos de solo e altitude, possui 11 formações vegetais distintas distribuídas em quatro regiões apícolas principais: litoral, sertão, serras e Cariri (FIGUEIREDO). Alguns méis monoflorais têm propriedades químicas e físicas específicas daí a importância das suas análises. A abelha encontra nas flores o néctar e o pólen indispensáveis a sua sobrevivência; por sua vez, uma parte do pólen adere ao seu corpo e é transportada para longe, onde irá fecundar outra flor, promovendo o que se chama de polinização cruzada. (CRANE)

MATERIAL E MÉTODOS: Para a obtenção do teor de fenóis totais, foi usado o método de Folin- Ciocalteau: A amostra de mel (5g) é diluída em 50 mL de água destilada, após filtração, a 0,5 mL de cada solução são adicionados 2,5 mL do reagente Folin– Ciocalteau 0,2 N (Sigma-Aldrich Chemie, Steinheim, Germany). Após 5min são adicionados 2mL de uma solução de Carbonato de Sódio (75g/L) (Na2CO3) e depois de duas horas, a absorbância é determinada a 760 nm, contra um branco de metanol (Biomate Spectrophotometer). Uma curva de calibração de Ácido Gálico (Sigma- Aldrich Chemie, Steinheim, Germany) é determinada para que se obtenha o resultado em equivalentes de Ácido Gálico. São realizadas triplicatas e sua média é expressa em mg(EAG)/100g de mel (Singleton, 1999). A atividade antioxidante das amostras de méis será determinada usando-se o método do DPPH. A atividade seqüestradora de radicais livres do mel na presença do radical livre estável DPPH 95%, (Sigma-Aldrich Chemie, Steinheim, Germany) será determinada espectrofotometricamente (Biomate Spectrophotometer). Uma alíquota de 1,25 mL de uma solução de mel (0,025g/mL) será adicionada a 1,5 mL de uma solução de DPPH (90 mg/L) em metanol. Depois de 15 min de incubação, a absorbância será lida a 517 nm contra um branco de água/metanol (1:1). Ácido Ascórbico será usado como controle positivo. A atividade seqüestradora de radical livre será calculada como % Inibição = [(absorbância do branco – absorbância da amostra)/absorbância do branco] x 100. Para refração e adsorção: Separou-se duas amostras de 10g de mel em tubos de ensaio, a uma delas foi acrescentado NaCl até a formação de precipitado. As amostras foram passadas no refratrômetro (Atago 3820 PAL-2) e analisadas a contribuição do sal no desvio da luz do mel e a quantidade adsorvida pelo mel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na análise de fenóis totais, a amostra de 5g do mel apresentou 15% de atividade antioxidante, ou seja, aproximadamente 0,75g da massa total do mel possui características de fenóis isolados ou ligados a algum tipo de proteína, sendo este resultado conclusivo de que possivelmente esses fenóis também possuem ações antioxidantes, referidos à taninos, proteínas e alguns açúcares. Na análise de atividade antioxidante por DPPH, foi possível obter um resultado de 75% (+ 5%) de atividade antioxidante, provavelmente relacionada aos taninos, proteínas e enzimas presentes no mel (como já reportado na literatura) e principalmente aos açúcares redutores (unidades glicosídicas) que compõem boa parte do mel. Em relação à refração e adsorção, foi possível concluir que a qualidade do mel em estudo é boa por ter uma ótima saturação de proteínas e açúcares, tendo a adição do sal sem contribuições significativas no desvio da luz pelo mel (n=√2,25), consequentemente o sal não foi adsorvido e precipitou em maiores proporções.

CONCLUSÕES: Este mel se mostrou de excelente qualidade nutritiva, por conter um alto nível de açúcares, proteínas e antioxidantes, baixa umidade e baixa retenção de impurezas (adsorção). Com esses resultados estima-se que esse mel possa ser usado para tratamento de queimaduras, problemas gastrointestinais, asma, feridas infectadas, úlceras da pele, ainda podendo ser usado como complemento alimentar.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FIGUEIREDO, M. A. A Cobertura Vegetal do Estado do Ceará e as Condições Ambientais. UFC. 1991.
CRANE, Eva. O livro do Mel. 2ed. São Paulo: Nobel, 1983.
MORAIS, S. M. Antioxidantes Naturais. In Produtos Naturais – Estudos Químicos e Biológicos. / Selene Maia de Morais, Raimundo Braz-Filho (Organizadores). Fortaleza. EdUECE, 2007.