ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: ANÁLISE QUÍMICA DO COPRODUTO GERADO DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE Mabea fistulifera Mart.
AUTORES: Gontijo, C. (UFVJM) ; Fidêncio, P. (UFVJM)
RESUMO: A Mabea fistulifera Mart.conhecida como Canudo de pito teve suas sementes como
objeto de estudo, neste contexto foram avaliados rendimento de óleo, teor de
proteínas e minerais, para tal fez-se uso de extração contínua; destilação de
nitrogênio e espectrofotometria de absorção atômica, respectivamente. O canudo de
pito apresentou rendimento de óleo de 63,19%; 26,28% P.B. e presença significativa
de minerais como Ca, Mn, Cu, Fe e Zn. Desta forma o Canudo de Pito apresenta valor
nutritivo tanto proteico bem como teores aceitáveis de metais e com bom rendimento
de óleo na extração.
PALAVRAS CHAVES: Proteínas; Minerais; Mabea fistulifera Mart.
INTRODUÇÃO: O Biodiesel surgiu no Brasil com grande motivação social, pois várias
oleaginosas são encontradas facilmente no país oferecendo uma excelente
alternativa econômica. O surgimento do Biodiesel trouxe consigo vários
benefícios, porém alguns problemas, principalmente quando se trata da finalidade
dos subprodutos após a extração do óleo.
ABDALLA et al (2008) ressalta que adubação orgânica, geração de energia e
especialmente nutrição de ruminantes são ultimamente os fundamentais empregos
dos subprodutos das oleaginosas. Como a alimentação animal é o principal caminho
para os subprodutos das oleaginosas deve-se visar, o seu valor nutricional. Um
dos benefícios provenientes desses subprodutos é a presença de proteínas e
minerais. Pesquisas realizadas por MOSSE & BAUDET (1983), garantem que o teor de
proteínas em oleaginosas varia de acordo com o genótipo e condições ambientais
as quais foram submetidas, o mesmo deve acontecer para teor de metais e
rendimento de óleo, portanto há a necessidade de pesquisa para averiguar a
quantidade desses é compensatória como utilização para fins alimentícios e
matéria-prima para biodiesel.
Considera-se que há diversos fins para os subprodutos das oleaginosas usadas na
produção de biodiesel, porém necessita-se de mais pesquisas tecnológicas
objetivando aperfeiçoar essas soluções e também descoberta de novos meios de
reaproveitamento desses subprodutos. Neste sentido a referente este trabalho
teve como objetivo analisar o teor proteico e de metais nos resíduos gerados da
extração de óleo das sementes de Canudo de Pito, bem como, encontrar o
rendimento de óleo, não só prevendo uma diminuição de impactos ambientais
causados pelos subprodutos após a extração de óleo mas também agregar valor
econômico na produção de biodiesel pelo Canudo de Pito.
MATERIAL E MÉTODOS: Na extração de óleo utilizou-se extrator soxhlet com auxílio do Hexano como
solvente pelo método (AOCS Bc 3-49, 1993) para a extração contínua do óleo das
sementes de Canudo de Pito e então o evaporador rotativo para destilação do
mesmo, com valores de peso inicial e final da amostra calculou-se os rendimentos
de óleo. As análises de proteínas e minerais foram feitas em triplicatas de
sementes retiradas de dois lugares distintos da cidade de Viçosa-MG.
Na análise de teor de proteínas, pelo método Kjeldhal, foi feita a digestão das
amostras com ácido sulfúrico P.A., posteriormente utilizou-se o destilador de
nitrogênio para destilação das amostras nas quais foram introduzidas 2,5×10-5 m3
de ácido bórico 4%, duas gostas vermelho metila 0,1% e NaOH 50%. Após esse
processo, com auxílio de um destilador digital titulou-se as amostras,
procedendo aos cálculos do teor de proteína das amostras.
Na análise de teor de minerais procedeu-se a digestão nitroperclórica (Úmida)
das amostras, nas quais foram introduzidas para esse processo 6×10-6 m3 de Ácido
perclórico e Ácido nítrico, após tal procedimento obteve-se os valores de
absorbância das amostras para Ca, Mg, Cu, Mn, Fe, Cr, Zn, Na e K usando um
Espectrofotômetro de Absorção Atômica com os valores obtidos e utilizando curvas
analíticas calculou-se os teores dos metais nas amostras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após seleção das sementes e levando em consideração massa inicial (sementes) e
final (coproduto), o rendimento de óleo do Canudo de pito no primeiro local foi
de 59,8% (σ=4,05%) e 66,6% (σ=2,39%) no segundo local, chegando-se a uma média
total de 63,2%(σ=4,61%) que é um valor alto comparado a outras oleaginosas do
cenário dos biocombustíveis, como o Girassol e Mamona; Milho e Soja que segundo
a Abiove possuem rendimentos de 45 a 55%;30 a 36%; 18 a 21%, respectivamente.
Na análise do teor de Proteína Bruta (P.B.) obtiveram-se as médias de 28,0% P.B.
(σ=0,37%) nas amostras do primeiro local e 24,5% P.B. (σ=0,48%) no segundo
local. Sendo a média de 26,3% P.B. (σ=1,83%) nas duas amostras. O teor de
proteína da Mabea fistulifera Mart. é considerado aceitável relacionado ao do
Algodão que segundo CARNEIRO et al. (2009) possui cerca de 31,08% P.B. e pelo
Girassol, em que, VINCENT et al. (1990) afirma que o seu farelo possui valor
nutricional análogo ao da soja e algodão.
Comparando o Canudo de Pito com Pinhão-manso, Tremoço e Mamona pela pesquisa de
GOTT et al. (2010), nota-se que a semente em estudo possui Cu (0,025 ppm), Mn
(0,009 ppm), Fe (0,181 ppm) e Zn (0,098 ppm) em teores consideráveis e Ca (1,034
ppm) e Mg (0,646 ppm) aceitáveis, porém observou-se a ausência de Na e Cr.
Realizando a análise multivariada das amostras observou-se através do
Dendrograma na Figura 1 que no primeiro local os teores de K e Mn são bem
semelhantes diferindo nos teores de Zn, já entre Ca e Mg há pequena semelhança
em seus teores, formando um grupo de variáveis diferentes dos demais metais. Nas
amostras do segundo local, os teores de K e Fe formam um grupo denotando certa
semelhança, os teores de Mn e Cu também foram semelhantes, porém Mg e Ca,
apresentaram pouca semelhas.
Figura 1. Análise Hierárquica de Agrupamento.
Análise Multivariada comparando os teores de
minerais encontrados nas amostras de Canudo de
Pito nas amostras do local 1 (A) e local 2 (B).
CONCLUSÕES: O Canudo de pito apresenta excelente rendimento de óleo sendo promissor seu uso,
como matéria-prima para a produção de biodiesel, além de possuir grande valor
nutritivo tanto proteico bem como teores considerados aceitáveis de metais os
quais tiveram comparações feitas por aplicação de Análise Hierarquia por
Agrupamento, que mostrou as semelhanças dos teores dos diferentes metais das
amostras dos locais 1 e 2.
AGRADECIMENTOS: UFVJM e FAPEMIG
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABDALLA, A. L et al. Utilizaçãode subprodutos da indústria de biodiesel na alimentação de ruminantes. Revistaon-line Brasileira de Zootecnia – Sociedade Brasileira de Zootecnia –, v. 37, suplemento especial, p.260-258, 2008.
CARNEIRO, H. et al. Potencialidade do uso da torta gorda de algodão na alimentação animal. Anaisdo VI Congresso Brasileiro de plantas oleaginosas, óleos, gorduras e biodiesel. Universidade Federal de Lavras (UFLA) – Lavras/MG, 08/2009.
GOTT,R. M. et al. Composição química das tortas de mamona (Ricinuscommunis), pinhão-manso (Jatrophacurcas) e tremoço (Lupinusalbus): resíduos da produção de biodiesel. Anaisdo IV Congresso da rede brasileira de tecnologia de biodiesel VII Congresso brasileiro de plantas oleaginosas, óleos, gorduras e biodiesel. Belo Horizonte/MG, 09/2010.
MOSSE, J. & BAUDET, J. Crude protein content and aminoacid composition of seeds:
variability and correlations. Plant Foods for Human Nutrition, v.32, p.225-245, 1983.
RENDIMENTO EM ÓLEO DE DIVERSAS OLEAGINOSAS. Disponível em: http://www.abiove.com.br/. Acessadoem 23/05/2012
VINCENT, I. C. et al.A note on the use of rapeseed, sunflower and soybean meals as protein sources in compound foods for milking cattle. Animal Production, v. 50, n 3, p. 541-543, 1990.