ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: TRIAGEM FITOQUÍMICA DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMO AUXILIARES NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

AUTORES: Simão, A.A. (UFLA) ; Marques, T.R. (UFLA) ; Corrêa, A.D. (UFLA) ; Ramos, V.O. (UFLA) ; Alves, A.P.C. (UFLA) ; Duarte, M.H. (UFLA)

RESUMO: Objetivou-se nesse trabalho realizar a triagem fitoquímica das plantas medicinais babosa, calunga, carqueja, Garcinia cambogia e marmelinho, utilizadas como auxiliares no tratamento da obesidade, com a finalidade de se encontrar substâncias de interesse farmacológico e que justifiquem o uso dessas plantas no tratamento da obesidade. Os resultados indicam a presença de diferentes grupos metabólicos de interesse farmacológico nas plantas estudadas, como os taninos e saponinas, que podem auxiliar no tratamento da obesidade, justificando assim seu uso na medicina popular e indicando ainda o potencial para uso em outras áreas.

PALAVRAS CHAVES: metabólicos secundários; farmacologia; perda de peso.

INTRODUÇÃO: A prevalência da obesidade tem aumentado progressivamente sendo considerado um importante problema de saúde publica em países desenvolvidos e uma epidemia global pela organização mundial de saúde (WHO, 2010). Apesar de ser uma das doenças mais antigas da humanidade, as opções farmacológicas para tratamento ainda são limitadas e apresentam muitos efeitos colaterais. Diante disto, muitos indivíduos passaram a procurar tratamentos com plantas medicinais por acreditarem na crença de que essas plantas possuem os efeitos desejados sem apresentarem efeitos colaterais, além de baixo custo. Porém, a grande maioria das plantas utilizadas para tratamento da obesidade, é usada sem orientação médica, o que é motivo de preocupação já que, para muitas delas, há poucos estudos científicos ou estes são até mesmo inexistentes, o que demonstra a necessidade de estudos com essas plantas, para verificação de sua eficácia e segurança. Estudos fitoquímicos têm por finalidade conhecer os constituintes químicos de espécies vegetais ou avaliar a sua presença. Quando não se dispõe de estudos químicos sobre a espécie de interesse, a análise fitoquímica qualitativa pode indicar a presença de grupos de metabólitos secundários relevantes na mesma. Se o interesse for por apenas uma classe específica de constituinte ou às substâncias responsáveis por certa atividade biológica, a pesquisa deverá ser direcionada para isolar e elucidar a estrutura das mesmas. Diante do exposto, objetivou-se nesse trabalho, realizar a triagem fitoquímica nas plantas medicinais babosa, calunga, carqueja, Garcinia cambogia e marmelinho, com a finalidade de se encontrar substâncias de interesse farmacológico e que justifiquem o uso dessas plantas no tratamento da obesidade.

MATERIAL E MÉTODOS: Obtenção e preparo das amostras As plantas, Simaba ferruginea St. Hil. (calunga), Baccharis trimera (Less.) DC carqueja) e Tournefortia paniculata Cham. (marmelinho) foram adquiridas no mercado municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais, e transportadas para o Laboratório de Bioquímica, no Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras. As folhas de marmelinho e carqueja foram lavadas em água corrente e água destilada e, em seguida, colocadas juntamente com as cascas obtidas do tronco da calunga em estufas com circulação de ar para secagem, por 48 horas, à temperatura de 30°C a 35°C. Após secagem, as folhas e as cascas foram moídas em moinho tipo Willy e as farinhas armazenadas em frascos hermeticamente fechados até as análises. O pó comercial da Aloe vera (L.) Burm. (babosa) (mucilagem) e o da Garcinia cambogia Desr. (fruto) foram adquiridos da distribuidora de insumos farmacêuticos FLORIEN. Triagem fitoquímica As farinhas das plantas medicinais (FPM) foram submetidas à triagem fitoquímica, empregando-se reagentes específicos para cada grupo químico com a utilização de reações químicas que resultem no desenvolvimento de coloração e/ou precipitado, característico para cada classe de substâncias (MATOS, 1997). Foram pesquisados ácidos orgânicos, alcaloides, antraquinonas, azulenos, carotenoides, catequinas, depsídios e depsidonas, derivados de cumarinas, esteroides e triterpenoides, flavonoides, glicosídeos cardiotônicos, lactonas sesquiterpênicas e outras lactonas, saponinas e taninos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados (Tabela 1) indicam a presença de diferentes grupos metabólicos de interesse farmacológico nas plantas estudadas, como os taninos, que previnem a peroxidação de lipídios, degradação de nucleotídeos e aceleram o processo de cicatrização (PIETTA et al., 2000), inibem certas enzimas digestivas, como a amilase e tripsina, podendo acarretar perda de peso, auxiliando no tratamento da obesidade (SGARBIERI, 1996); os depsídeos e depsidonas, com propriedades antioxidantes, antivirais, antitumorais, analgésicas e antipiréticas (HIDALGO et al., 1994; NEAMATI et al., 1997; OKUYAMA et al., 1995); os carotenoides, com propriedades antioxidantes, cardiovasculares, além de precursores da vitamina A (SIMÕES et al., 2007). Também foram identificados triterpenoides, com propriedades medicinais como anti-inflamatórias, bacterianas, fungicidas, antivirais, analgésicas, cardiovasculares, antitumorais, etc. (SIMÕES et al., 2007); as saponinas, as quais tem sido associada atividades hemolítica, antiviral e antiinflamatória (SIMÕES et al., 2007), podendo essas atuarem no tratamento da obesidade, pois tem ação sobre a redução do colesterol do plasma humano (STARK; MADAR, 1993); além de outros compostos como as catequinas e o azuleno. Ácidos orgânicos, antraquinonas e lactonas sesquiterpênicas e outras lactonas foram registradas apenas no marmelinho, sendo esta planta a que mostrou o maior numero de metabólicos em sua constituição. Não se detectou alcaloides, derivados de cumarina, glicosídeos cardíacos e flavonoides em nenhuma das plantas analisadas. A triagem fitoquímica preliminar permite uma visão geral dos grupos químicos das plantas mas, estudos mais aprofundados são necessários para a determinação da concentração dessas substâncias.

Tabela triagem fitoquímica

Tabela triagem fitoquímica de plantas medicinais

CONCLUSÕES: Pela triagem fitoquímica infere-se que as plantas analisadas apresentam alta diversidade de compostos químicos, como, por exemplo, os taninos e as saponinas que podem acarretar perda de peso, auxiliando no tratamento da obesidade, justificando assim seu uso na medicina popular e indicando ainda o potencial para uso em outras áreas.

AGRADECIMENTOS: Nossos agradecimentos à CAPES, pela bolsa de doutorado, e à FAPEMIG, pelo apoio financeiro e bolsa de iniciação científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: HIDALGO, M. E.; FERNÁNDEZ, E.; QUILHOT, W.; LISSI, E. 1994. Antioxidant activity of depsides and depsidones. Phytochemistry, 37: 1585-1587.
MATOS, F. J. A. 1997. Introdução à fitoquímica experimental. 2.ed. Fortaleza: UFC, 141p.
NEAMATI, N.; HONG, H.; MAZUMDER, A.; WANG, S.; SUNDER, S.; NICKLAUS, M. C.; MILNE, G. W. A.; PROKSA, B.; POMMIER, Y. 1997. Depsides and Depsidones as Inhibitors of HIV-1 Integrase: Discovery of Novel Inhibitors through 3D Database Searching. Journal of Medicinal Chemistry, 40: 942–951.
OKUYAMA, E.; UMEYAMA, K.; YAMAZAKI, M.; KINOSHITA Y.; YAMAMOTO, Y. 1995. Usnic acid and diffractic acid ass analgesic and antipyretic components of Usnea diffracta. Planta Med, 61: 113–115.
PIETTA, P.G. 2000. Flavonoids as antioxidants. Journal of Natural Products. 63: 1035-1042.
SGARBIERI, V. C. 1996. Proteínas em alimentos proteicos: propriedades – degradações – modificações. São Paulo: Varela, 517 p.
SIMÕES, C. M.; SHENKEL, E. P.; GOSMAN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. 2007. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: Ed. Da UFRGS; Florianópolis: Ed.5 Da UFSC. 1102p.
STARK, A.; MADAR, Z. 1993. The effect of an ethanol extract derived from fenugreek (Trigonella foenum – graecum) on bile acid absorption an cholesterol levels in rat. British Journal Nutrition, 69: 277-287.
WORLD HEALTH ORGANISATION. 2010. WHO Global database on Body Mass Index. WHO: Geneva.