ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DOS EXTRATOS DA VAGEM DE Moringa ovalifolia Dinter & Berge. SOBRE Biomphalaria glabrata EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO.

AUTORES: Santos, J.A.A. (INSTITUTO OSWALDO CRUZ/FIOCRUZ) ; Gomes, A.M.B. (UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA) ; Cavalcante, V.P. (UNIVERSIDADE UNIGRANRIO)

RESUMO: O objetivo do trabalho foi testar a atividade dos extratos da vagem de Moringa ovalifolia sobre Biomphalaria glabrata transmissor da esquistossomose, criados em laboratório. As doses com extrato etanólico e metanólico, variaram de 0,1 mg/L a 200 mg/L e foram usados controles positivo e negativos, contendo 10 animais por becher, que ficaram expostos nas doses por 24 h. Foram realizadas as análises químicas das soluções e os resultados foram analisados por média aritmética, desvio padrão e análise de variância ANOVA. A mortalidade variou no extrato etanólico de 2,5 % a 15% e no metanólico, de 5% a 40 %, apresentando p > 0,05. As análises químicas apresentaram p > 0,05. Esses resultados indicam que os extratos da vagem da planta sejam inadequados para esse tipo de estudo.

PALAVRAS CHAVES: Atividade biológica; Biomphalaria glabrata; Moringa ovalifolia

INTRODUÇÃO: Moringa oleifera Lam. (sinônimo Moringa ovalifolia Dinter & Berger e M. ptreygosperma Gaertn) é uma das mais conhecidas e amplamente distribuídas e espécies naturalizadas de uma família monogenerica Moringaceae. As folhas, frutos, flores e vagens imaturas desta árvore são utilizadas como um vegetal muito nutritivo em muitos países, particularmente na Índia, Paquistão, Filipinas, Havaí e muitas locais da África (ANWAR e BHANGER, 2003; ANWAR et al., 2005). Folhas de Moringa são ricas em fonte de β-caroteno, proteínas, vitamina C, cálcio e potássio e age como antioxidantes naturais, como ácido ascórbico, flavonóides, fenólicos e carotenóides (DILLARD e GERMAN, 2000; SIDDHURAJU e BECKER, 2003). Em estudos prévios, verificamos a atividade das sementes de Moringa contra Biomphalaria glabrata, Physa marmorata e Melanoides tuberculata. No Brasil, a esquistossomose mansônica põe sob risco de infecção cerca de 30 milhões de pessoas e estima-se que 2,5 milhões de indivíduos estejam parasitados principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste (REY, 2002). Certo número de propriedades medicinais tem sido atribuído a várias partes da planta: raízes, cascas, gomas, folhas, frutos, flores, sementes e óleo de sementes têm sido utilizados para várias doenças na medicina indígena do sul da Ásia, incluindo o tratamento da inflamação e as doenças infecciosas, juntamente com doenças cardiovasculares, gastrointestinais, hematológicos e transtornos hepatorenal (MORIMITSU et al. 2000; SIDDHURAJU e BECKER, 2003). Os objetivos do trabalho foram: testar a atividade dos diferentes extratos da vagem de Moringa ovalifolia sobre Biomphalaria glabrata, avaliar as variações físico-químicas das soluções teste; verificar as doses letais (DL50 e DL90) para os extratos da vagem de Moringa ovalifolia.

MATERIAL E MÉTODOS: A vagem de M. ovalifolia, foi coletada no Campus da FIOCRUZ/RJ, seca a temperatura de 45 ºC, moída e extraída por exaustão em extrator Sxhotlet com solventes orgânicos polares (etanol e/ou metanol). Para os testes foram utilizados planorbídeos da espécie B. glabrata, transmissores da esquistossomose, criados e mantidos, no Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental/IOC/FIOCRUZ. Foram preparadas soluções com extratos da vagem, de M. ovalifolia, com doses que variaram de 0,1 mg/L a 200 mg/L; soluções de controle positivo (Niclosamida 1 mg/L) e negativos (DMSO 1% e Água destilada). As soluções preparadas acima foram colocadas em becher de 1000 mL para um volume final de 500 mL por frasco. Os testes foram realizados em quatro réplicas para o extrato etanólico e duas réplicas para o extrato metanólico, contendo 10 animais por becher que ficaram por um período de 24 h de exposição. Nesse período, nenhum alimento foi fornecido aos animais. Após esse período foram coletadas amostras para análises químicas e realizada a recuperação dos animais por mais 24 h, usando o diluente. Após o período de recuperação foram verificados os animais mortos. As análises químicas foram realizadas para os parâmetros de dureza, cloretos, pH, condutividade, salinidade, sólidos totais dissolvidos (STD), alcalinidade, amônia e nitrito.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados foram analisados por média aritmética, desvio padrão e análise de variância ANOVA, utilizando o pós-teste de comparações múltiplas de Dunnett com o programa GrafPed Prism 4. para os parâmetros químicos, quantidade de animais mortos e determinação da curva de absorbância das doses. Bioensaios anteriormente realizados para testar a atividade moluscicida da planta apresentou 100% de mortalidade, para a mesma espécie de molusco, a partir da dose de 1,0 g/L de pó triturado da semente de Moringa. No presente trabalho, a mortalidade variou no extrato etanólico de 2,5 % a 15%, utilizando doses que variaram de 0,1 mg/L a 200 mg/L (Tabela 1) e no extrato metanólico, de 5% a 40 %, também, utilizando doses variando de 0,1 mg/L a 200 mg/L (Tabela 2), apresentando p > 0,05. Portanto, apresentando baixa mortalidade, talvez devido a baixa dose de extrato empregado. Os valores máximos da análise química foram: no extrato etanólico, dureza = 50,25 mg/L CaCO3; pH, de 6,34; cloretos = 7,91 mg/L Cl-; condutividade = 60,87 µS/cm; alcalinidade = 95,75 mg/L CaCO3; STD = 17,6 mg/L; salinidade = 0,03 mg/L; amônia = 0,636 mg/L; nitrito = 0,39 mg/L. No extrato metanólico, dureza = 34,17 mg/L CaCO3; pH = 5,97; cloretos = 46,54 mg/L Cl-; condutividade = 54,80 µS/cm; alcalinidade = 26,09 mg/L CaCO3; STD = 55,05 mg/L; salinidade = 0,08; amônia = 2,089 mg/L e nitrito = 0,265 mg/L, todos apresentaram p > 0,05. As avaliações físico-químicas foram mais uma forma para controle dos testes, que não mostraram variações significativas.

Tabela 1

Atividade moluscicida com extrato etanólico da vagem de Moringa oleifera sobre Biomphalaria glabrata

Tabela 2

Atividade moluscicida com extrato metanólico da vagem de Moringa oleifera sobre Biomphalaria glabrata

CONCLUSÕES: Os extratos etanólico e metanólico da vagem de Moringa ovalifolia indicam que sejam inadequados para a espécie utilizada no estudo.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ pela infra-estrutura

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANWAR F, ASHRAF M, BHANGER MI. 2005. Interprovenance variation in the composition of Moringa oleifera oil seeds from Pakistan. J Am Oil Chem Soc 82: 45–51.
ANWAR F, BHANGER M.I. 2003. Analytical characterization of Moringa oleifera seed oil grown in temperate regions of Pakistan. J Agric Food Chem 51: 6558–6563.
DILLARD C.J, GERMAN J.B. 2000. Phytochemicals: nutraceuticals and human health: A review. J Sci Food Agric 80: 1744–1756.
MORIMITSU Y, HAYASHI K, NAKAGAMA Y, HORIO F, UCHIDA K, OSAWA T. 2000. Antiplatelet and anticancer isothiocyanates in Japanese horseradish, wasabi. BioFactors 13: 271–276.
OLIVEIRA, R.B.; COSTA, E.A.; VALADARES, M.C.; CUNHA, L.C. 2005. Avaliação das Atividades Anti-Inflamatória e Analgésica de Extrato de Synaderium umbellatum. Revista Eletrônica de Farmácia 2 (2): 137-139.
REY, L., 2002. Parasitologia Médica, Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan.
SIDDHURAJU, P., BECKER K. 2003. Antioxidant properties of various solvent extracts of total phenolic constituints from three different agroclimatic origins of drumsticks tree (Moringa oleifera Lam.) leaves. J Agric Food Chem 51: 44-55.
VARGAS, T.S; SILVA, C.L.P.A.C.; BAPTISTA, D.F. 2008. Estudo da ação moluscicida de Moringa oleifera Lam em três espécies de moluscos: Biomphalaria glabrata (Say, 1818), Physa marmorata (Guilding, 1828) e Melanoides tuberculata (Muller, 1774), Monografia, Rio de Janeiro, RJ, 25 p.