ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: Atividade antibacteriana do extrato metanólico de Cleome spinosa Jacq. contra cepas de Staphylococcus aureus de isolados clínicos.
AUTORES: Silva, A.P.S. (U.F.P.E.) ; Ribeiro, I.A.T.A. (U.F.P.E.) ; Santos, I.P. (U.F.P.E.) ; Araújo, D.R.C. (U.F.P.E.) ; Nascimento, W.M. (U.F.P.E.) ; Cavalcanti, M.S. (U.F.P.E.) ; Lima, V.L.M. (U.F.P.E.)
RESUMO: A utilização de plantas com finalidade terapêutica vem ultrapassando barreiras, sendo de grande importância principalmente nos países em desenvolvimento. A Cleome spinosa Jacq., popularmente conhecida como mussambê, apresenta importância medicinal contra inflamações. O presente estudo avaliou o potencial antibacteriano do extrato metanólico das folhas da C. spinosa frente a três cepas multiressistentes de Staphylococcus aureus de diferentes isolados clínicos. As folhas foram secas, moídas e submetidas à extração em metanol. A concentração mínima inibitória determinada pelo método de microdiluição em caldo e a concentração mínima bactericida por meio da solução de resazurina. O extratometanólico apresentou ação bacteriostática e bactericida frente aos isolados.
PALAVRAS CHAVES: Planta medicinal; Bactericida; Extrato metanólico
INTRODUÇÃO: Apesar da imensa diversidade biológica, onde cerca de 20% desta está no Brasil, e as espécies que a compõem como também, suas relações filogenéticas são pouco conhecidas, muito menos seus microrganismos e suas interações com outros seres (Souza, 2002). Cleome spinosa Jacq., popularmente conhecida como mussambê, é uma espécie herbácea. No Brasil, as suas folhas, flores e raízes são utilizadas na medicina tradicional. Dentre os agentes etiológicos de processos infecciosos, Staphylococcus aureus é considerado um dos mais importantes, visto que abrange desde lesões superficiais até severas infeccões sistêmicas, no homem e em outros animais (TRABULSI 2006), por esse e outros é considerada a espécie mais virulenta do gênero Staphylococcus. Devido ao uso de C. spinosa na medicina popular contra infecções de natureza microbiológica, esse estudo tem como principal objetivo investigar a atividade biológica da C. spinosa contra Staphylococcus aureus inferindo uma alternativa terapêutica eficiente e de baixo custo à população. Esse estudo pode ser considerado de relevante importância por contribuir com a ratificação do conhecimento científico, visando à colaboração na síntese de novos fármacos, assim como sua interação com os microrganismos.
MATERIAL E MÉTODOS: As folhas de C. spinosa foram coletadas, secas e moídas, e ao pó foi adicionado o metanol para a extração em Soxhlet para obtenção do extrato, o solvente foi removido usando um rotaevaporador. Os microrganismos utilizados foram três cepas de Staphylococcus aureus de diferentes isolados clínicos: fragmento ósseo – UFPEDA 733, ponta de cateter – UFPEDA 709 e hemocultura – UFPEDA 630, de pacientes do Hospital das Clínicas - PE. A atividade antibacteriana foi determinada pelo método da microdiluição em caldo, para isso foram utilizadas microplacas estéreis de 96 cavidades nas quais foram distribuídos, 100 μL de caldo Mueller-Hinton. Na coluna 3 da placa, adicionou-se 100 μL do extrato metanólico de C. spinosa na concentração de 100 mg/mL e em seguida realizaram-se as diluições seriadas transferindo-se 100 μL da coluna 3 até a coluna 11 da placa. A coluna 12 foi deixada sem o extrato e serviu como controle positivo do crescimento bacteriano. Após as diluições, adicionou-se em cada cavidade, 10 μL do inóculo bacteriano (106 CFU/mL). As placas foram incubadas a 37º C por 24 horas. Após esse período, adicionou-se em cada cavidade, 20 μL da solução de resazurina a 0,01‰, como indicador colorimétrico de oxi-redução para caracterizar a viabilidade celular (KONEMAN et AL.,2001). As placas foram mantidas a temperatura ambiente por duas horas, e lidas após esse tempo de forma visual pela mudança da cor azul para rosa, caracterizando redução desse corante nas cavidades onde havia viabilidade bacteriana; em contrapartida, nas cavidades onde a cor permaneceu azul, não houve redução do corante, indicando inviabilidade bacteriana; podendo-se desta forma determinar a menor concentração de um produto capaz de inibir o crescimento microbiano.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Concentração inibitória mínima (MIC) do extrato metanólico de C. spinosa foi de 6.25 mg/mL para os isolados de fragmento ósseo e hemocultura e de 25mg/mL para o isolado da ponta de cateter e ação bactericida de 12,5 mg/mL, 12.5 mg/mL e 50 mg/mL, respectivamente. Estes resultados estão em concordância com relatos da utilização do óleo essencial que apresentou atividade antimicrobiana moderada contra sete dos oito linhagens de bactérias utilizadas, com atividade inibitória significativa contra Streptococcus pyogenes (McNeil et al., 2001). Corraborando que C. spinosa apresenta metabólitos secundários seja de óleo essencial e/ou extrato com atividade contra microrganismos que causam infecções.
CONCLUSÕES: A utilização inapropriada de antibióticos tem provocado uma série de problemas dentre eles a resistência microbiana. Com isso, se faz necessário buscar novos compostos que apresentem eficácia sobre os microrganismos. Diante da ação bactericida do extrato metanólico de C. spinosa sobre S. aureus, obtidos neste estudo, surge uma perspectiva no desenvolvimento de novas estratégias no tratamento de infecções promovidas por microrganismos oportunistas, incluindo amostras multirresistentes.
AGRADECIMENTOS: Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia de PE - FACEPE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.; JANDA, W. M.; SCHRECKENBERGER, P. C.; WINN JR. W.C. Diagnóstico Microbiológico–Texto e atlas colorido. 5 ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2001, 30–31p.
McNEIL M.J., PORTER R.B., WILLIAMS L.A., RAINFORD L.. Natural Product Communications. Aug. 5(8): 1301-6.Departamento de Química da Universidade de West Indies, Mona, 7 de Kingston, Jamaica, 2010.
PEREIRA, M. S. V. Atividade [i]in vitro[/i] de fluorquinolonas e ação sobre plasmídios em amostras de [i]Staphylococcus aureus[/i] humanas e bovinas. 2000. 135p. (Tese de Doutorado) -Universidade Federal de Pernambuco, Recife
TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 4 ed. São Paulo: Atheneu.
2006. 718p.
SOUZA, A. Q. L.; SOUZA, A. D. L.; ASTOLFI FILHO, S.; BELÉM PINHEIRO, M. L.; SARQUIS, M. I. M.; PEREIRA, J. O. Atividade antimicrobiana de fungos endofíticos isolados de plantas tóxicas da amazônia: [i]Palicourea longiflora[/i] (aubl.) rich e [i]Strychnos cogens[/i] bentham. Dissertação de mestrado da Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2002.