ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: AÇÃO ANTIMICROBIANA DO EXTRATO AQUOSO DAS FOLHAS DE Anadenanthera colubrina var. cebil (GRISEB.) ALSTCHULL (FABACEAE:MIMOSOIDEAE) SOBRE BACTÉRIAS FITOPATÓGENAS

AUTORES: Silva, C.M.A. (UFPE) ; Costa, B.M.S. (UFPE) ; Araújo, D.R.C. (UFPE) ; Arruda, I.R.S. (UFPE) ; Basto, S.R.L. (UFPE) ; Souza, E.B. (UFRPE) ; Santos, L.A. (UFRPE) ; Silva, M.V. (UFRPE) ; Correia, M.T.S. (UFRPE)

RESUMO: Os compostos secundários presentes no extrato bruto de plantas podem ser importantes na construção de defensivos alternativos para o controle de fitopatógenos. Dentre as plantas que provavelmente sintetizam tais compostos está a Anadenanthera colubrina var. cebil onde foi observada um significativo potencial antimicrobiano através de testes in vitro realizado com o extrato aquoso bruto da folha (EAB). O material botânico foi coletado no Parque Nacional do Catimbau – PE. O Extrato posteriormente foi ressuspendido em DMSO para análise da ação antimicrobiana frente a quatro bactérias fitopatógenas obtidas da UFRPE. Dentre as fitobactérias testadas Ralstonia solanacearum foi a que demonstrou uma maior sensibilidade frente ao extrato aquoso bruto de A. colubrina, conhecida como Angico.

PALAVRAS CHAVES: angico; extrato aquoso; atividade antimicrobiana

INTRODUÇÃO: Devido ao uso indiscriminado dos antibióticos convencionais os micro-organismos adquiriram resistência deixando-os ineficazes para o combate aos patógenos humanos e vegetais de interesse agrícola (CATÃO et al, 2006). Há dez anos atrás, autores já alertavam para a necessidade de se encontrar novos princípios ativos para a elaboração de novos antimicrobianos visto que o retrato da ultima década era que a resistência dos micro-organismos aumentava cada vez mais enquanto que o desenvolvimento de novos antimicrobianos diminuía (FILE JR, 2000). Diante deste quadro observado na ultimas décadas, os vegetais, especialmente as de uso medicinal se tornaram rota de saída para a busca de novas moléculas bioativas (BIASI et al, 2009). Anadenanthera colubrina é o nome científico atualmente empregado para se referir a árvore conhecida como “Angico” da qual apresenta duas variações: a var. cebil e a var. colubrina (ALSTCHULL, 1964 apud QUEIROZ, 2009). A casca do angico é utilizada popularmente para o tratamento de doenças respiratórias, os frutos são usados como alucinógenos por populações tradicionais e as folhas não apresentam relatos de uso medicinal (QUEIROZ, 2009; AGRA, 2008). Trabalhos que analisam a atividade biológica da folha do angico são raros ou não existem e por isso vem sendo o foco do nosso grupo de pesquisa. O presente trabalho de caráter inovador visa analisar o potencial antimicrobiano frente a bactérias fitopatógenas utilizando o extrato aquoso bruto (EAB) das folhas de A. colubrina.

MATERIAL E MÉTODOS: As folhas de A. colubrina var cebil foram coletadas no Parque Nacional da Serra do Catimbau (Buíque, Pernambuco) no mês de julho 2011. O material vegetal foi seco em estufa de ar circulante a uma temperatura de 45oC. Vinte gramas (20g) do material vegetal triturado foram misturados a 200 mL de água destilada onde permaneceu em agitação por 24h. Posteriormente a solução foi filtrada e liofilizada, produzindo o extrato bruto (EAB). Os micro-organismos utilizados para o teste foram as Bactérias Fitopatógenas Xanthomonas campestris pv. campestris; Pectobacterium carotovorum subsp. Carotovorum, Ralstonia solanacearum e Acidovorax citrulli cedidos pelo Laboratório de Fitobacteriologia da UFRPE. A atividade antimicrobiana do extrato foi avaliada pelo método de microdiluição em caldo (NCCLS, 2003) onde foi determinado a Concentração Inibitória Mínima (CIM) e a Concentração Bactericida Mínima (CBM). Para leitura do CIM foi usado uma solução de Resazurina (0,01%) e todos os experimentos foram realizados em triplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O resultado da atividade antimicrobiana foi significativo para as bactérias fitopatógenas apresentando CIM’s desde 3,15 mg/mL a 25mg/mL e CBM’s de 3,15 mg/mL a 25 mg/mL. O menor valor foi determinado frente Ralstonia solanacearum com CIM e CBM no valor de 3,15 mg/mL e Xanthomonas campestris pv. Campestres com CIM e CBM no valor de 6,3 mg/mL. Pectobacterium carotovorum subsp. Carotovorum e Acidovorax citrulli apresentaram CIM no valor de 12,6 mg/mL e CBM no valor de 25mg/mL.

CONCLUSÕES: Os resultados indicam que folhas da A. colubrina var. cebil apresentam compostos que são responsáveis pela inibição do crescimento e pela morte dos fitopatógenos estudados. O próximo passo do estudo é submeter o extrato bruto ao método de extração Soxhlet para podermos analisar em qual grupo de solvente os compostos responsáveis pela inibição se encontram. Posteriormente a semi-fração mais ativa terá seu perfil fitoquímico quantitativo e qualitativo analisado visando nesta etapa os compostos responsáveis pela inibição.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CATÃO, R. M. R.; ANTUNES, R. M. P.; ARRUDA, T.A.; PEREITA, M. S. V.;
HIGINO, J. S.; ALVES, J. A.; PASSOS, M. G. V. M.; SANTOS, V. L. - Atividade
antimicrobiana “in vitro” do extrato etanólico de Punica granatum Linn.(romã) sobre cepas de isolados ambulatoriais de Staphylococcus aureus.
RBAC, vol.38(2): 111-114, 2006.
FILE-JUNIOR, T. M. Visão geral sobre resistência bacteriana nos anos 90. Ple Chest 2: 3-8, 2000.

BIASI, B. et al. Antimicrobial activity of extracts of the leaves and branches of Ilex paraguariensis (erva-mate). Revista Brasileira de Farmacognosia, João Pessoa, Vol.19, no 2b, jun 2009.

QUEIROZ, L. P. Leguminosas da Caatinga. Universidade Estadual de Feira de Santana. 2009.

AGRA, M. F. SILVA, K. N.; BASÍLIO, I. J. L. D.; FREITAS, P. F; BARBOSA-FILHO, J. M. Survey of medicinal plants used in the region Northeast of Brazil. Brazilian Journal of Pharmacognosy 18(3): 472-508, Jul./Set. 2008.


NCCLS. Methods for Dilution Antimicrobial Susceptibility Tests for Bacteria That Grow Aerobically; Approved Standard—Sixth Edition. NCCLS document M7-A6 [ISBN 1-56238-486-4]. NCCLS, 940 West Valley Road, Suite 1400, Wayne, Pennsylvania 19087-1898 USA, 2003.