ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: ATIVIDADE CITOTÓXICA DA FRAÇÃO HIDROALCOÓLICA DAS FOLHAS DE Cassia grandis (FABACEAE)
AUTORES: Magalhães, L. (UFPE) ; Silva, P. (UFPE) ; Militão, G. (UFPE) ; Nascimento, S. (UFPE) ; Albuquerque, J. (UFPE)
RESUMO: Cassia grandis pertence à família Fabaceae. O gênero Cassia é constituído
por mais de 600 espécies incluindo arbustos, árvores e ervas, distribuídas
emregiões tropicais e subtropicais do mundo todo. É nativa da amazônia, mas,tem se
adaptado ao clima do nordeste com grande facilidade. A Cassia grandis é utilizada
na medicina popular em tratamentos de doenças gastrointestinais e na cura de
úlceras. A fração hidroalcoólica das folhas foram secos em temperatura ambiente e
submetidas a avaliação da atividade citotóxica em células HEp-2 carcinoma de
laringe), apresentando atividade moderada.
PALAVRAS CHAVES: [i]Cassia grandis[/i]; Citotoxidade; Cássia Gigante
INTRODUÇÃO: O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto a
espécie humana. Ainda hoje nas regiões mais pobres do país, as plantas
medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados populares como também
encontradas em quintais residenciais. O conhecimento sobre plantas medicinais
simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades pobres
e grupos étnicos (MACIEL et al., 2012) O gênero Cassia, abriga mais de
600 espécies incluindo arbustos, árvores e ervas, distribuídas em regiões
tropicais e subtropicais do mundo todo. Devido a grande exuberância do colorido
esta espécie está sendo usada no paisagismo urbano enfeitando ruas e praças,
dando mais beleza aos ambientes. Cassia grandis é usada por arquitetos no
paisagismo urbano, devido ao caráter ornamental de sua floração, possui belas
flores em cacho, na cor róseo-amarelada (SOARES, 1990). Sua floração vai de
outubro a janeiro devido ser os meses mais quentes do país. É conhecida como
cássia-rosa ou cássia-gigante (LORENZI, 1992). Apresenta diversas espécies com
propriedades farmacológicas (AGARKAR et al, 1999). Na Tailândia as folhas são
usadas no tratamento de gastrite e úlcera no combate à bactéria Gram-negativa
Helicobacter pilori (HP) causadora de câncer gástrico. Estudos farmacológicos
com espécies do gênero Cássia comprovaram propriedades antibacteriana,
antifúngica, hepatoprotetora e antimalárica, o que demonstra o potencial
farmacológico deste gênero (VIEGAS, et al., 2006). Através dessas informações
foi despertado o interesse de avaliar a ação citotóxica da fração hidroalcoólica
da C. grandis frente às células HT29 (carcinoma de cólon humano) e HEp-2
(carcinoma de laringe), obtidas do banco de células do Rio de Janeiro.
MATERIAL E MÉTODOS: As folhas coletadas no campus da Universidade Federal de Pernambuco foram secas
à temperatura ambiente, trituradas em moinho, extraídas três vezes consecutivas
em solventes na seqüência hexano, etanol, etanol/água (70:30), e água quente,
sob agitação mecânica por duas horas. O volume total dos extratos foi filtrado e
evaporado, os extratos foram armazenados em geladeira (4°C) e protegidos da luz.
Para avaliação da atividade citotóxica, o extrato hidroalcoólico foi diluído em
DMSO e testada na concentração de 50 µg/mL. Análise de citotoxicidade pelo
método do MTT vem sendo utilizada no programa de screening do National Cancer
Institute dos Estados Unidos (NCI), que testa mais de 10.000 amostras a cada ano
(SKEHAN et al., 1990). É um método rápido, sensível e barato. Foi descrito
primeiramente por (MOSMAN,1983). As células foram plaqueadas na concentração de
1 x 105 células/mL. O extrato foi previamente dissolvido em DMSO foi diluído em
série no meio RPMI para obtenção da concentração final de 50µg/mL e adicionadas
em placa de 96 poços (100μL/ poço). As placas foram incubadas por 72 horas em
estufa a 5% de CO2 a 37 ºC. Em seguida foram adicionados 25 µL da solução de MTT
e as placas incubadas por 3h. O extrato foi testado em duplicata. Uma escala de
intensidade foi utilizada para avaliar o potencial citotóxico. Amostras sem
atividade (1 a 20% de inibição), com pouca atividade (inibição de crescimento
celular variando de 20 a 50%), com atividade moderada (inibição de crescimento
celular variando de 50 a 70%), com muita atividade (inibição de crescimento
variando de 70 a 100%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O extrato hidroalcoólico das folhas de Cássia grandis foi seco em
temperatura ambiente e em seguida colocado em dessecador à vácuo por um dia,
para certificação que o material encontrava-se totalmente seco. Foi realizada
três extrações consecutivas até esgotamento de quase totalidade dos componentes
químicos existentes nas folhas. Desse material foi retirado 10 mg e enviado ao
laboratório de Farmacologia Experimental para serem testadas nas células
tumorais, isto é, para avaliar a atividade citotóxica. Para esse teste foi
realizado o experimento em concentrações diferentes e observado o índice de
inibição citotóxica. A leitura do resultado experimental foi analisado segundo
suas médias e respectivos desvio no programa GraphPad Prism.(ADOLPHE &
BARLOWATZ-MEIMON, 1988). Os resultados desse estudo em relação ao percentual de
inibição do crescimento celular (IC%) da amostra em duas linhagens tumorais
testadas na dose única de 50µg/mL estão apresentados a seguir. Na célula HT29 o
extrato hidroalcoólico não apresentou índice de inibição de crescimento
significativo, enquanto que na linhagem célula HEp-2 apresentou índice de
inibição de crescimento de 56,3 ± 3,3 %, considerado índice de inibição de
crescimento celular moderado de acordo com a escala de intensidade.
CONCLUSÕES: Para esse teste foram utilizadas dois tipos de células de linhagens tumorais, HT-
29 (carcinoma de cólon-humano) e HEp-2 (carcinoma de laringe). Estas células
tumorais foram submetidas ao tratamento com extrato hidroalcoólico das folhas de
Cassia grandis, sendo que o extrato apresentou citotoxicidade moderada
apenas para a linhagem HEp-2.
AGRADECIMENTOS: Aos Laboratórios de Produtos Naturais e Sintéticos e de Cancerologia
Experimental do Depto. de Antibióticos da UFPE pela realização desse
trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ADOLPHE M., BARLOVATZ-MEIMON G. Culture de Cellules Animales. Méthodologies Applications. In Ed. INSERN, Paris, 1988.
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