ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: COMPOSTOS FENÓLICOS E ATIVIDADE SEQUESTRADORA DE RADICAIS LIVRES DE RESÍDUOS VINÍCOLAS DA REGIÃO DO VALE DO SÃO FRANCISCO-NE.

AUTORES: Tenório, J.A.B. (UFRPE) ; Silva, I.A.A. (UFPB) ; Monte, D.S. (UFRPE) ; Camara, C.A. (UFRPE) ; Ramos, C.S. (UFRPE) ; Silva, T.M.S. (UFRPE)

RESUMO: A uva da espécie Vitis vinifera, está entre as frutas mais cultivadas do mundo, sendo a região do Vale do São Francisco-NE uma das maiores produtoras do Brasil, sua elevada produção deve-se sobretudo a sua importância para a produção de vinhos. O bagaço, produto residual da produção de vinho, tem causado impactos ambientais, surgindo a necessidade do desenvolvimento de novas tecnologias de aproveitamento deste resíduo. O presente trabalho objetivou a análise de compostos fenólicos e atividade antirradicalar do resíduo vinícola da região do Vale do São Francisco-NE. O ácido p-cumárico foi identificado e apresentou a concentração de 5 µg/Kg, o teor de fenólicos totais foi de 102.6±1.5 mgEAG/g e a atividade sequestradora de radical livre realizada com DPPH encontrou uma CE50 de 5.9±0.1 µg/mL.

PALAVRAS CHAVES: Resíduos vinícolas; Vitis vinifera; Atividade antirradicalar

INTRODUÇÃO: A uva da espécie Vitis vinifera L. tem grande importância na economia mundial, principalmente devido ao seu uso como matéria-prima para a fabricação de vinhos e outros derivados (YANG et al., 2009). O produto residual do processo da vinificação denominado “bagaço” (cascas, gainhas e sementes da Vitis vinifera) corresponde a cerca de 20% do peso da uva. A vitivinicultura gera cerca de 13 milhões de toneladas/ano de bagaço. Apenas uma pequena parte deste resíduo é utilizada para a produção do destilado de uva (conhecida como “grappa”), sendo a maior parte desperdiçada ou subutilizada para adubação do solo e complemento de ração animal (MELO, 2011). No Brasil ainda há poucos investimentos em tecnologias capazes de agregar valor a esse subproduto. Entretanto, atualmente, as exigências governamentais e do mercado consumidor vêm acarretando custos cada vez maiores para o tratamento dos resíduos gerados pelas indústrias de alimentos, o que aumenta a importância do desenvolvimento de tecnologias que possibilitem o reaproveitamento desses resíduos, ao mesmo tempo em que sejam ambientalmente seguras e garantam a qualidade dos produtos. A região do Vale do São Francisco vem se destacando e já representa 14% da produção brasileira de vinho, surgindo a necessidade de análises para o aproveitamento e comercialização deste resíduo (LEÃO, 2011). O objetivo do presente trabalho foi estudar os compostos fenólicos e o potencial antioxidante do resíduo da uva coletado na região do Vale do São Francisco, visando em aproveitamento futuro.

MATERIAL E MÉTODOS: O bagaço da Vitis vinifera foi fornecido pela vinícola Vinibrasil. 170g do material triturado foi extraído em Soxhlet com etanol, fornecendo 33g de extrato (EtOH). 20 mg deste extrato foi solubilizado em água (pH 2, 0,5 mL) e MeOH (0,5 mL) e passado em cartucho de SPE (C18) para extração dos fenólicos. A fração obtida (3 mg) foi solubilizada em MeOH (1 mL) e analisada por HPLC-DAD. O teor de fenólicos totais foi realizado com o extrato EtOH pelo método de Folin-Ciocalteu (Gulcin, et al. 2004) utilizando o ácido gálico como composto fenólico padrão. A atividade sequestradora de radical livre foi realizada com DPPH de acordo com Silva et al. (2006). Como padrão foi utilizado o ácido ascórbico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O teor de fenólicos totais, obtidos pelo método de Folin-Ciocalteu, foi de 102.6±1.5 mgEAG/g. Este resultado é superior ao encontrado na literatura por Rochenbach et al. (2008) que foram 13,2-69 e 14,8-79,5 mgEAG/g das variações Tannat e Ancelota, respectivamente. A atividade sequestradora de radical livre realizada com DPPH foi de CE50=5.9±0.1 µg/mL. Resultado este considerado satisfatório quando comparado ao estudo realizado por Ruberto et al (2007) que avaliou a atividade antioxidante de cinco bagaços de uvas tintas sicilianas (Nero d’Avola, Nerello Mascalese, Nerello Cappucio, Frappato e Carbenet Sauvignon) frente ao radical livre DPPH e obtiveram valores de CE50 que variaram de 14-39 µg/mL. Os cromatogramas (290, 320 nm) mostraram a presença de alguns fenólicos e um deles foi identificado como o ácido p-cumárico. Foi realizada a quantificação, utilizando padrão externo, obtendo-se a concentração de 5ug/Kg. Os cromatogramas nos comprimentos de 290 e 320 nm estão na Figura 1.

Figura 1

Cromatogramas (HPLC-DAD) dos fenólicos extraídos do bagaço da uva em 290 nm (acima) e 320 nm (abaixo).

CONCLUSÕES: O bagaço da uva Vitis vinifera da região do Vale do São Francisco apresentou uma quantidade signicativa de fenólicos totais e a atividade seqüestradora do radical DPPH. Na análise por HPLC-DAD o ácido p-cumárico foi identificado e quantificado, obtendo-se a concentração de 5ug/Kg.

AGRADECIMENTOS: CENAPESQ, CAPES, FACEPE.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GULCIN, I.; GUNGOR, S. I.; SUKRU, B. et al. 2004. Comparison of antioxidant activity of clove (Eugenia caryophylata Thunb) buds and lavender (Lavandula stoechas L.) Food Chemistry., 87:393-400.

LEÃO, A.; GAIÃO, B.; OLIVEIRA, H. 2011. Valores pessoais dos consumidores de vinho do Vale do São Francisco (Brasil): Uma proposição tipológica dos perfis. Rev. Portuguesa e Brasileira de Gestão.
MELO, P.S.; BERGAMASCHI, K.B.; TIVERON, A. P; MASSARIOLI, A.P.; OLDONI, T. L. C.; ZANUS, M.C.; PEREIRA, G.E.; ALENCAR, S.M. 2011. Composição fenólica e atividade antioxidante de resíduos agroindustriais. Cienc. Rural, 41.

ROCKENBACH, I. I., et al. 2008. Infuência do solvente no conteúdo total de polifenóis, antocianinas e atividade antioxidante de extratos de bagaço de uva (Vitis vinifera) variedades Tannat e Ancelota. Ciências e Tecnologia de Alimentos, 28:238-244.

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