ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: Caracterização pós-colheita e quantificação de ácido ascórbico em frutos de Murici (Byrsonima verbascifolia, Malpighiaceae) armazenados sob refrigeração.
AUTORES: Belisário, C.M. (INSTITUTO FEDERAL GOIANO CAMPUS RIO VERDE) ; Guerreiro, A.G. (INSTITUTO FEDERAL GOIANO CAMPUS RIO VERDE) ; Braguiroli, R. (INSTITUTO FEDERAL GOIANO CAMPUS RIO VERDE) ; Furtado, D.C. (INSTITUTO FEDERAL GOIANO CAMPUS RIO VERDE) ; Plácido, G.R. (INSTITUTO FEDERAL GOIANO CAMPUS RIO VERDE) ; Coneglian, R.C.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO)
RESUMO: O presente trabalho visa propor um método de conservação pós-colheita por meio de
refrigeração a 12º C. Durante o armazenamento, o amadurecimento do fruto foi
caracterizado por meio de estádios de maturação definidos por suas características
de cor e turgescência. Além da caracterização física do fruto em questão, este
trabalho avalia os teores de acidez total titulável e de vitamina C, comparando-se
os resultados dos frutos refrigerados com os frutos mantidos a 25º C. Os
experimentos ocorreram a partir do quarto dia após a colheita e prosseguiram até o
décimo sexto dia para os frutos refrigerados e até o oitavo dia para os frutos
mantidos à temperatura ambiente. Os valores de vitamina C decresceram nas duas
situações, mas nos frutos refrigerados manteve-se com valores maiores.
PALAVRAS CHAVES: Maturação; Armazenamento; Parâmetros físico-químico
INTRODUÇÃO: Diversas formas de aproveitamento de frutos do Cerrado fazem parte de costumes e
atividades culturais de algumas comunidades, entretanto, se limitam a produção
de conservas, doces, sorvetes e alguns petiscos (AVIDOS; FERREIRA, 2000). São
produtos bastante apreciados, mas representam resultados econômicos
inexpressivos, se comparados com projetos planejados de forma conjunta com
pesquisadores comprometidos com a sustentabilidade, amparados pelo poder público
e iniciativa privada. O muricizeiro é uma planta arbustiva, de porte médio,
nativa do Cerrado, que pode chegar a cinco metros de altura. Possui tronco
cilíndrico, casca escura, áspera e copa estreita, com folhas rígidas e
brilhantes. As flores são amareladas, formando cachos de 10 a 15 centímetros, e
as sementes germinam em substrato argiloso, necessitando de local sombreado, com
desenvolvimento lento. Apesar dos estudos apontarem seu melhor desenvolvimento
em solos areno-argilosos, há relatos de plantas dessa espécie em solos arenosos
e até em solos muito argilosos (EMATER, 2010).
O fruto apresenta variedades distintas, pelo fato de ser proveniente de
diferentes regiões do país, podendo se diferenciar graças às características de
solo, umidade e condições climáticas (MMA, 2004; KLINK et al., 2006). Apesar de
todas as informações apresentadas, existem poucos projetos envolvendo estudos
sobre esse fruto, prejudicando o conhecimento de suas propriedades físico-
químicas, químicas e biológicas, além de minimizar suas potencialidades
comerciais. Um dos fatores mais preocupantes em se conservar este fruto é seu
potencial de vitamina C, evidenciado por Guimarães e Silva (2008), dentre outros
nutrientes. No presente trabalho evidencia-se o teor de vitamina C durante o
armazenamento.
MATERIAL E MÉTODOS: Os frutos foram colhidos no primeiro estádio de maturação, logo após a colheita,
foram enviados ao laboratório de Frutas e Hortaliças do Instituto Federal Goiano
- Campus Rio Verde. Não foram utilizados métodos de processamento sanitários nem
físicos, foram acondicionados em caixa de isopor com bolsas de gelo mantendo a
temperatura próxima de 10º C até a chegada ao laboratório.
Foram divididos em seis bandejas com aproximadamente 100g cada, fechadas com
filme de PVC. Três bandejas foram transferidas para a B.O.D. Q-315 D Quimis®, e
mantidos a uma temperatura de 12 ºC +1ºC e U.R. 85% + 5%, as outras foram
mantidas na bancada, sob temperatura controlada com climatizador a 25º C ± 2º C
e U.R. 70% ± 5%. As análises ocorreram a partir do quarto dia após a colheita.
Foram realizadas medidas de acidez total titulável e teor de ácido ascórbico.
Para cada avaliação, foram retiradas amostras de frutos escolhidos ao acaso,
dentro de cada bandeja. A retirada de polpa foi feita com faca de aço. Depois de
cortadas foram maceradas em almofariz previamente limpo e seco. Os experimentos
apresentaram esquema fatorial 2x2, em delineamento inteiramente casualizado, com
parcelas subdivididas e três repetições. As parcelas eram as temperaturas e as
subparcelas os dias após colheita. Para cada amostragem foram retirados cerca de
cinco gramas de polpa do fruto, que depois de maceradas eram transferidas para o
balão de 100 mL, completando-se com água destilada. Para a determinação de ácido
ascórbico foram feitas três amostras a partir da extração individual de três
frutos, para cada dia de análise durante os dezesseis dias de trabalho. A acidez
total titulável e os teores de vitamina C foram medidos segundo normas do
Instituto Adolfo Lutz (1985).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os frutos mantidos a 25º C foram avaliados no quarto e oitavo dias após a
colheita, pois apresentaram apodrecimento e proliferação de fungos, não sendo
possível selecionar frutos saudáveis para as análises. Os frutos mantidos a 12º
C se mostraram bem conservados mesmo após dezesseis dias de armazenamento, com a
coloração amarelo esverdeada, que de acordo com uma escala de estádios de
amadurecimento feita de 1 a 5, sendo 1=totalmente verde; 2= verde com listas
amareladas; 3=verde amarelado; 4=amarelo esverdeado e 5=totalmente amarelo, os
mesmos encontravam-se no estádio 4, alguns exemplares enquadravam-se no estádio
3. O armazenamento refrigerado mostra-se eficiente para a manutenção das
características do fruto, visto que há estabilidade de coloração e turgescência
até o décimo sexto dia de análises. A acidez total titulável apresentou variação
significativa para o desdobramento dias após colheita dentro de cada
temperatura. Isto significa que o decréscimo de acidez ocorre de forma
diferenciada no quarto e oitavo dias após a colheita dos frutos armazenados sob
as duas temperaturas. Esta maior queda de acidez pode ser explicada de acordo
com o estádio de maturação em que os frutos se encontram após oito dias de
armazenamento. Os armazenados a 25º C estão totalmente maduros aos oito dias, e
os mantidos a 12º C se encontram no segundo estádio de maturação. O teor de
vitamina C apresentou queda nas duas condições de armazenamento, sendo que não
houve diferença significativa entre os tratamentos. No entanto, constata-se que
os frutos refrigerados apresentam maiores quantidades de vitamina C no decorrer
do experimento.
CONCLUSÕES: O método de conservação pós-colheita utilizado mostrou-se eficaz, sabendo que as
características físicas do fruto foram mantidas durante a pesquisa. Os aspectos
físicos como turgescência e coloração de casca se mantiveram pouco alterados nos
frutos refrigerados. Houve diminuição da acidez total titulável de forma mais
acelerada nos frutos armazenados a 25º C graças ao processo de amadurecimento. Os
teores de vitamina C diminuíram nas duas temperaturas de análise, no entanto, os
frutos refrigerados apresentaram maiores valores durante todo o experimento.
AGRADECIMENTOS: Aos professores: Frederico Antônio Loureiro, Rômulo Davi Albuquerque Andrade,
Rodrigo Braghiroli e demais colaboradores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AVIDOS, M. F. D.; FERREIRA, L. T. Frutos do cerrado: preservação gera muitos frutos. Biotecnologia ciência e Desenvolvimento, Brasília, v. 15, p. 36-41, 2000.
EMATER. Empresa de assistência Técnica e Extensão Rural, Rondônia. Disponível em: http://www.emater-rondonia.com.br/murici.htm. Acesso em: 18 de maio de 2012.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. 3.ed., v. 1, São Paulo, 1985. 533p.
KLINK, C. A.; MIRANDA, H. S.; GONZALES, M. I.; VICENTINI, K. R. F. O bioma cerrado. Disponível em: <http//www.icb.ufmg.br/~peld/port_site03.pdf>. Acesso em: 18 de maio de 2012.
GUIMARAES, M. M.; SILVA, M. S. Valor nutricional e características químicas e físicas de frutos de murici-passa (Byrsonima verbascifolia). Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 28, n. 4, dez. 2008.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Programa nacional de conservação e uso sustentável do bioma cerrado. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, 10 de setembro de 2004. Disponível em: http://cerradobrasil.cpac.embrapa.br/prog%20cerrado%20sustent.pdf.
Acesso em: 20 de novembro de 2010.
SILVA, M. R.; LACERDA, D. B. C. L.; SANTOS, G.; MARTINS, D. M. O.; Caracterização química de frutos nativos do cerrado, Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.6, p.1790-1793, set, 2008.