ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Avaliação do teor de fenóis totais e da capacidade antioxidante do extrato etanólico das raízes da Vernonia brasiliana Less.

AUTORES: Borges, M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Martins, M.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Sousa, R.M.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Aquino, F.J.T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Chang, R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Muñoz, R.A.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Morais, S.A.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Oliveira, A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA)

RESUMO: A espécie Vernonia brasiliana Less. tem sido utilizada ao longo dos anos, na medicina popular, no tratamento de várias enfermidades, como hemorragias gastrintestinais, corizas fortes e cólicas hepáticas. Neste contexto o presente trabalho tem como objetivos produzir o extrato etanólico das raízes da V. brasiliana e, avaliar o teor de compostos fenólicos, determinar a atividade antioxidante e o potencial de oxidação do extrato. A determinação do conteúdo fenólico foi realizada com o reativo Folin-Ciocalteau e obteve-se o valor de 86,98 mg de EAG/g de amostra. Na avaliação da atividade antioxidante, pelo método do DPPH, obteve-se o resultado de CE50 igual a 27,56 µg mL-1. Utilizando-se a voltametria obteve-se como potencial de oxidação o valor de 0,199V e a carga transferida foi de 113,2µC.

PALAVRAS CHAVES: Antioxidantes; Vernonia brasiliana; Compostos fenólicos

INTRODUÇÃO: Desde a antiguidade a cultura popular faz uso de plantas medicinais no tratamento de enfermidades leves. O termo “planta medicinal” é usado para definir os vegetais que possuem compostos químicos com potencial terapêutico. Com isso, o estudo da Vernonia brasiliana torna-se de grande importância, já que a planta é utilizada popularmente e está no interesse do Sistema Único de Saúde, de 2009, indicada para se tornar um fitoterápico eficiente e de baixo custo. A V. brasiliana é uma planta pertencente a família Asteraceae, nativa do continente americano e encontrada no Brasil, na Bolívia e na Venezuela. A família Asteraceae é bem diversificada possuindo 1600 gêneros subdivididos em 25000 espécies, sendo que em nosso país existem por volta de 196 gêneros e 1900 espécies de Vernonia. É vulgarmente conhecida por assa-peixe, hervea-préa, pau de múquem, manjericão de cavalo, matias e tramanhém. Este vegetal é muito utilizado no tratamento de cólicas hepáticas, hemorragias (cama de sangue), corizas fortes e hematomas (FILIZOLA et al., 2003). Devido aos restritos trabalhos científicos a cerca da Vernonia brasiliana sobre sua composição química e atividade biológica, este trabalho tem como objetivos avaliar o teor de compostos fenólicos, determinar a atividade antioxidante e o potencial de oxidação das raízes desta planta.

MATERIAL E MÉTODOS: A planta foi coletada em uma fazenda localizada no município de Monte Alegre de Minas, para o preparo e extração das amostras. O material vegetal (raízes) foi secado a temperatura ambiente, moídas e submetidas a um extrator Soxhlet, utilizando como solvente o etanol P. A. para a extração. O extrato etanólico obtido foi rotaevaporado, seco e armazenado. O teste para os compostos fenólicos foi realizado pelo método Folin-Ciocalteu com o registro da absorbância a 760 nm. O teor de fenóis totais foi determinado por interpolação da absorbância das amostras contra uma curva de calibração construída com padrões de ácido gálico e expressos como mg de equivalentes de ácido gálico por grama de extrato (MORAIS, 2008). A atividade antioxidante do extrato foi determinada, através do radical livre estável 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH). Foi preparada uma solução da amostra a 500 µg mL-1 em metanol, desta solução estoque foram realizadas as diluições com as seguintes concentrações: 415, 330, 245, 160 e 75 µg mL-1. A concentração efetiva média foi calculada plotando a porcentagem de consumo de DPPH versus as concentrações dos extratos de cada amostra (SOUSA, 2007). O ensaio por voltametria cíclica foi realizado no potenciostato Drop Sens µStat 200 e software Drop View 1.0. Foi utilizada uma célula eletroquímica, na qual continha um sistema com três eletrodos (trabalho, referência e auxiliar). O eletrodo de trabalho utilizado foi o carbono vítreo, o de referência de Ag/AgCl (saturado em KCl) e o auxiliar um fio de platina. O eletrólito constituiu de 10,0 mL de solução tampão fosfato 0,2 mol L-1, pH 7,0 contendo KCl 0,5 mol L-1 como eletrólito. Utilizou-se 1 mL de solução de extrato de 1000 ppm. A velocidade de varredura de 25 mV s-1 com faixa de potencial entre -0,3 a 1,0 V.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para a determinação do conteúdo fenólico foi construída uma curva de calibração de ácido gálico a partir de concentrações conhecidas. Para a determinação da atividade antioxidante foi construída uma curva de calibração com as concentrações do DPPH versus suas absorbâncias. A partir da curva de calibração com DPPH, foram construídos os gráficos de consumo do DPPH em função do tempo, sendo o CE50 calculado plotando a porcentagem de consumo de DPPH versus as concentrações dos extratos (Figura 1). Portanto, tendo como padrão a curva de calibração e aplicando o método analítico de padronização externa, foram obtidos os resultados para o teor de fenóis totais, e para o CE50 (concentração necessária para consumir 50% do radical DPPH). Também foi calculado o potencial de oxidação e carga das amostras de extrato da V. brasiliana a partir do voltamograma (Tabela 1). A partir dos dados apresentados na Tabela 1, pode-se observar que o extrato da raiz possui um potencial de oxidação igual a 0,199±0,006 V, caracterizando um baixo potencial, ou seja, seus compostos têm um poder antioxidante promissor. Porém, observa-se também, que a carga transferida é igual a 113±13 µC, ou seja, ele deve possuir uma baixa concentração de compostos antioxidantes. Esta situação foi refletida na atividade antioxidante por DPPH, que teve um valor de CE50 de 38 μg mL-1 e na análise de fenóis totais que apresentou resultado de 87 EAG/g de amostra. Isto se deve ao fato que a atividade antioxidante pelo método do DPPH está relacionada com a concentração de compostos antioxidantes presentes na amostra que reage com DPPH, ou seja, expressando um resultado de atividade antioxidante considerada moderada. Mas considerando que se trata de um extrato, os resultados são bastante promissores(REYNERTSON et al., 2008).

Figura 1

Curvas de calibração do ácido gálico e a do DPPH, e os gráficos de consumo do DPPH em função do tempo e o do cálculo do CE50.

Tabela 1

Resultado de atividade antioxidante , fenóis totais, potencial de oxidação e carga do extrato da raiz da Vernonia brasiliana.

CONCLUSÕES: O extrato etanólico da raiz da Vernonia brasiliana Less, apresentou resultados promissores quanto à atividade antioxidante e fenóis totais. É possível afirmar que esta espécie apresenta um grande potencial para posteriores estudos, tendo visto que estes resultados são inéditos na literatura e também pelo fato de suas folhas e suas flores terem apresentados bons resultados, com CE50 igual a 25 ± 2 e 28 ± 3 μg mL-1 respectivamente, o que representa uma excelente atividade antioxidante (BORGES et al.,2012).

AGRADECIMENTOS: IQUFU, FAPEMIG e CNPq.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BORGES, M. S., MARTINS, M. M., MACHADO, F. C., OLIVEIRA, A. de, MELO, G. B. de, CHANG, R., AQUINO, F. J. T., MORAIS, S. A. L. de. 2012. Avaliação do teor de fenóis totais e da atividade antimicrobiana e antioxidante dos extratos etanólicos da Vernonia brasiliana. Revista Horizonte Científico, v. 6, suplemento 3, p. 25-27.

FILIZOLA, L. R. S. Estudo Farmacognóstico de Vernonia Brasiliana (L) Druce (Asteraceae) e determinação de sua atividade Biológica. 2003. 104 f. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco.

MORAIS, S. A. L. de, AQUINO, F. J. T. D., NASCIMENTO, E. A. D., OLIVEIRA, G. S. D., CHANG, R., SANTOS, N. C. D., ROSA, G. M.. 2008. Análise de compostos bioativos, grupos ácidos e da atividade antioxidante do café arábica (Coffea arabica) do cerrado e de seus grãos defeituosos (PVA) submetidos a diferentes torras. Ciência e Tecnologia de Alimentos 28: 198-207.

REYNERTSON, K. A.; BASILE, M. J.; KENNELLY, E. J. 2005. Antioxidant potential of seven Myrtaceous fruits. Ethnobotany Research and Applications 3: 25-35.

SOUSA, C. M. D. M.; SILVA, H. R. E.; VIEIRA-JR.; G. M., AYRES, M. C. C.; COSTA, C. L. S. D.; ARAÚJO, D. S.; CAVALCANTE, L. C. D.; BARROS, E. D. S.; ARAÚJO, P. B. D. M.; BRANDÃO, M. S.; CHAVES, M. H. 2007. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova 30: 351-355.