ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO ÓLEO ESSENCIAL E EXTRATOS ETANÓLICOS DE FOLHAS E GALHOS DE Aniba parviflora

AUTORES: Batista, L.T. (UEA) ; Silva, G.F. (UEA/UFAM) ; Fischborn, A.C. (UEA) ; Albuquerque, P.M. (UEA)

RESUMO: Aniba parviflora pertence a um gênero de plantas cujas espécies possuem grande valor comercial e diferentes atividades biológicas. Entretanto, poucos trabalhos descrevem o seu potencial, entre eles, a atividade antioxidante, de interesse para a indústria farmacêutica e cosmética. A atividade antioxidante dos óleos essenciais e de extrato etanólicos de folhas e galhos foi determinada pelo método de sequestro do radical livre DPPH. Os resultados demonstram um percentual de inibição máximo para os extratos etanólicos de 87,16% (folhas) e 13,73% (galhos). Os óleos essenciais não apresentaram atividade de acordo com a metodologia utilizada. Dessa forma, os extratos etanólicos de A. parviflora representam uma nova fonte de antioxidantes naturais, com potencial para uso em diferentes produtos

PALAVRAS CHAVES: Aniba parviflora; Atividade Antioxidante; DPPH

INTRODUÇÃO: O metabolismo celular normal do corpo é responsável pela produção de radicais livres e outras espécies reativas de oxigênio, que podem causar danos severos a biomoléculas celulares, entre estes a molécula de DNA (LOUREIRO et al., 2002). Antioxidantes, por sua vez, são substâncias que retardam a velocidade dos processos oxidativos, responsáveis pela formação dos radicais livres, conferindo importantes benefícios à saúde (PIETTA, 2000). Estas substâncias podem ser sintéticas ou naturais. No entanto, o uso de antioxidantes sintéticos tem sido evitado devido a suspeita de que estes possam produzir efeitos carcinogênicos (BOTTERWECK et al., 2000). As plantas por sua vez, por possuírem inúmeros compostos, resultantes do seu metabolismo secundário, podem ser fontes de substâncias antioxidantes. Embora os compostos fenólicos estejam associados com a maioria dos antioxidantes naturais (RAZAVI et al.2008), muitos outros compostos estão sendo descobertos. Espécies do gênero Aniba são conhecidas pelo alto valor econômico e pela composição química do seu óleo, principalmente a espécie A. rosaeodora, conhecida como pau-rosa, uma espécie bem explorada e com inúmeras atividades biológicas já descritas (MAIA et al., 2007). Neste sentido, A. parviflora, espécie que apresenta grande semelhança ao pau-rosa, em relação a folhas e frutos, pode representar uma fonte de compostos com potenciais a ser explorados, incluindo o seu potencial antioxidante. Desse modo, neste trabalho foi avaliado o potencial antioxidante de galhos e folhas de A. parviflora, conhecido popularmente como macacaporanga, através da análise de seus óleos essenciais e extratos etanólicos.

MATERIAL E MÉTODOS: Folhas e galhos de A. parviflora foram coletados na fazenda experimental Pematec, em Santarém-Pará, no período chuvoso. As partes vegetais foram secas, a temperatura ambiente por dez dias e, em seguida, foram trituradas em moinho de facas. A extração dos óleos essenciais foi realizada por arraste a vapor, em aparelho tipo Clevenger na proporção 1/10 de material vegetal, com um tempo de extração de três horas e trinta minutos para folhas e seis horas para galhos. Os extratos foram obtidos por maceração a frio com álcool etílico de cereais 92,8º INPM, sendo a extração realizada em três ciclos de 72 h. O solvente foi retirado em evaporador rotativo sob pressão reduzida a 45ºC. As soluções de óleo e extrato de A. parviflora foram preparadas na concentração de 1.280 mg/L a partir do óleo puro e do extrato seco, em metanol P.A. Foram realizadas diluições em série até a concentração 5,0 mg/L. A atividade antioxidante foi determinada pelo método do sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH), que é baseado na redução do DPPH na presença de um antioxidante, ou seja, uma substância que pode ceder um átomo de hidrogênio ou espécie radicalar, formando o difenil-picril-hidrazina, de coloração amarela, e consequentemente provocando a perda da absorção (MOLYNEUX, 2004). A leitura da absorbância foi realizada em espectrofotômetro a 517 nm, após 30, 60 e 90 min. para o óleo e 30 min. para os extratos. Para avaliar o potencial antioxidante dos óleos e extratos, foi determinada a porcentagem de inibição de DPPH, e por meio de regressão linear, foi determinada a concentração eficiente (CE50), ou seja, a concentração da amostra necessária para o sequestro de 50% dos radicais livres (SILVA et al., 2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados mostram que o extrato etanólico das folhas mostrou um percentual de inibição diretamente proporcional à concentração do extrato adicionado, com coeficiente de regressão igual a 0,990 (Figura 1) até a concentração 640 mg/L, com inibição de 81,14 ± 1,30%. O percentual máximo de inibição foi verificado na concentração 1.280 mg/L, que correspondeu à inibição de 87,16 ± 0,30%. Estes resultados coincidem com os encontrados por Silva et al. (2012), onde os extratos etanólicos de folhas de A.canelilla apresentaram uma percentagem de inibição de 92,65%, mas os óleos essenciais de folhas e galhos não demonstraram atividade (Tabela 1). Os autores descrevem que o extrato etanólico de galhos de A. canelilla apresentaram uma percentagem de inibição de 92,07%, o que não foi observado neste estudo com A. parviflora, onde um percentual máximo de 13,73 ± 1,16% de inibição do DPPH foi observado para o extrato etanólico dos galhos. A concentração eficaz (CE50) obtida por análise de regressão linear revelou que o extrato de folhas (415,36 mg/L) foi 2,51 vezes menos eficiente que o ácido ascórbico (165,27mg/L). O extrato etanólico dos galhos, no entanto, não demonstrou um bom potencial antioxidante, tendo em vista que a concentração eficiente (4574,81 mg/L) foi muito alta, cerca de 10 vezes menos eficiente que os extratos das folhas, e 27,68 vezes menos eficiente que o ácido ascórbico. Análises de atividade antioxidante de A. parviflora são escassos na literatura, mas outras duas espécies deste gênero, A. rosaeodora e A. canelilla (preciosa), quando avaliadas quanto a atividade antioxidante apresentaram bons resultados.

AA% dos extratos etanólicos



AA% dos óleos essenciais



CONCLUSÕES: O extrato etanólico das folhas de A. parviflora possui um bom potencial antioxidante que pode ser aproveitado na indústria de alimentos, fármacos e cosméticos. A atividade dos extratos etanólicos dos galhos foi significativamente inferior a das folhas, podendo-se inferir que nesta espécie existem mais substâncias antioxidantes nas folhas do que nos galhos. Outros métodos devem ser utilizados para a análise dos óleos essenciais, tendo em vista que estes não apresentaram percentual de inibição significativo.

AGRADECIMENTOS: Capes pela bolsa concedida, CNPq, UEA e Fapeam.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BOTTERWERCK, A. A., VERHAGEN, H., GOLDBOHM, R. A., KLEINJANS, J., BRANDT, P. A. Intake of butylated hydroxyanisole and butylated hydroxytoluene and stomach cancer risk: results from analyses in the Netherlands cohort study. Food Chemistry Toxicology, v. 38:599-605, 2000.

LOUREIRO, A. P. M., DI MASCIO, P., MEDEIROS, M. H. G. Formação de adutos exocíclicos com bases de DNA: implicações em mutagênese e carcinogênese. Quim. Nova V. 25, 777, 2002.

MAIA, J.G., ANDRADE, E.H., COUTO H.A., SILVA, A.C., HENKE, C. Plant sources of Amazon rosewood oil. Quim. Nova, V. 30, No. 8, 1906-1910, 2007.

MOLYNEUX, P. The use of the stable free radical diphenylpicrylhydrazyl (DPPH) for estimating antioxidant activity. Songklanakarin J. Sci. Technol.,V. 26: 211-219, 2004.

RAZAVI, S. M. Nazemiyeh H, Hajiboland R, Kumarasamy Y, Delazar A, Nahar L, Sarker SD. Coumarins from the aerial parts of Prangos uloptera (Apiaceae). Revista Brasileira de Farmacognosia, v 18: 1-5, 2008.

SILVA, J.K., SOUSA, P.J., ANDRADE, E.H., MAIA, J.G. Antioxidant capacity and cytotoxicity of essential oil and methanol extract of Aniba canelilla (H. B. K.) Mez. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 55, p. 9422-9426, 2007.

SILVA G.F.; OLIVEIRA S.N.S.; BARATA L.E.S.; ALBUQUERQUE P.M. Evaluation of antioxidant activity of ethanolic extracts of leaves and branches of Aniba canelilla.In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM OF PHARMACOGNOSY. Ilhéus, 2012.

PIETTA, P.G. Flavonoids as antioxidants. J. Nat. Prod., v. 63, n. 7, p. 1.035-1.042, 2000.