ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: Estudo dos fenólicos e atividade citotóxica Pthirusa stelis, uma espécie de Loranthaceae da Amazônia, parasitando Citrus sp e Syzygium cumini
AUTORES: Macedo, M.S. (ICET-UFAM) ; Guimaraes, A.C. (ICET-UFAM) ; Takeara, R. (ICET-UFAM) ; Ribeiro, E.M. (ICET-UFAM) ; Veiga Junior, V.F. (ICE-UFAM) ; Lima, E.S. (FARMÁCIA-UFAM)
RESUMO: A família Loranthaceae é constituída de 70 gêneros e 950 espécies que ocorrem
principalmente nas regiões tropicais. São utilizadas pela medicina para tratar
diversas enfermidades, tais como, problemas respiratórios, debilidade nervosa,
diabetes, inflamações, e alguns tipos de câncer. O propósito deste trabalho foi
avaliar o perfil químico em tubo e por cromatografia em camada delgada (CCD), o
teor de fenóis totais e a atividade citotóxica de P.stelis (Loranthaceae),
parasitando dois hospedeiros: Syzigium cumini (código LPACH) e Citrus sp (código
LPL). LPL apresentou maior capacidade citotóxica frente a A. salina e o maior
teor fenóis totais que LPACH. O estudo realizado com P. stelis colabora para o
conhecimento da família e demonstra a potencial aplicação medicinal de espécies
Amazônicas.
PALAVRAS CHAVES: fenóis totais; atividade citotóxica; Pthirusa stelis
INTRODUÇÃO: Dentre as angiospermas, Loranthaceae é uma família composta de 70 gêneros e 950
espécies, e ocorrem principalmente nas regiões tropicais. É uma família de
epífitas hemiparasitas, arbustivas que cresce aderida ao caule e/ou ramos das
árvores, através de haustórios (um sistema de raiz), que penetram na madeira do
hospedeiro de onde obtêm nutrientes e água (RIBEIRO et al., 1999). São
utilizadas no mundo inteiro para tratarem diversas enfermidades, tais como,
problemas respiratórios, artrites, debilidade nervosa, diabetes, inflamações,
condiloma, hemorróidas e alguns tipos de câncer (CÁCERES, 1996). Os estudos
químicos realizados com Loranthaceae restringem-se a poucas espécies espalhadas
pelo mundo. Estudos têm demonstrado que polifenóis naturais possuem efeitos
significativos na redução do câncer, e evidências epidemiológicas demonstram
correlação inversa entre doenças cardiovasculares e o consumo de alimentos
contendo substâncias fenólicas, possivelmente por suas propriedades
antioxidantes (KARAKAYA, 2004; NINFALI et al., 2005).
MATERIAL E MÉTODOS: As folhas de Loranthaceae foram coletadas parasitando Syzigium cumini (LPACH) e
Cytrus sp (LPL) localizadas próximo a Itacoatiara-AM. O material seco e
triturado foi extraído com etanol em aparelho de Soxhlet e concentrado em
evaporador rotatório. O ensaio de citotoxicidade em Artemia salina foi realizado
segundo Meyer (1982). Os ovos de Artemia salina foram eclodidos em solução
salina (3,7% em água destilada). Após esse tempo, 10 náuplios foram transferidos
para tubos de ensaio contendo 5 mL do extrato em solução salina e mantidos por
mais 24 horas. Foram testadas 15 concentrações entre 50 μg/mL e 750 μg/mL de
extrato em solução salina. Após esse período, foi realizada a contagem do número
de náuplios sobreviventes. O ensaio foi realizado em triplicata e calculado o
valor da DL50. A obtenção do perfil químico foi seguindo de acordo com Matos
(2001). Na cromatografia em camada delgada (CCD), empregou-se cromatofolhas de
gel de sílica 60 F254 (Marca Merck®) eluidas com Butanol:Ácido acético:Água
(4:5:1) e reveladas por nebulização com solução de NP/PEG, especifico para
fenólicos e visualizados em câmara de ultravioleta em 354nm. O teor de fenóis
totais foi determinado seguindo a metodologia de Folin-Ciocalteu (Souza, 2007).
Os extratos foram preparados na concentração de 1,5mg/mL em etanol. Na
microplaca, adicionou-se 10μL de extrato e 50μL de reativo Folin-Ciocalteu
(marca Sigma-Aldrich) diluído 1:10 em água. Incubou-se por 8 minutos. Após esse
período, adicionou-se 240μL da solução de carbonato de sódio 0,4%. Após 3
minutos de incubação, fez-se a leitura no leitor de ELISA, em 720nm. O
procedimento foi realizado em triplicata e utilizou-se ácido gálico como padrão
positivo. O resultado foi expresso em miligramas de equivalentes de ácido gálico
(mg EAG/g de extrato).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O extrato etanólico bruto das folhas teve um rendimento de 9,40% para LPACH e
8,45% para LPL em relação ao material inicial seco. Os extratos de P. stelis,
LAPACH e LPL, apresentaram citotoxicidade para Artemia salina, com as doses
letais (DL50) de 524,38 e 451,73 g/mL. O LPL apresentou maior capacidade
citotóxica que LAPACH. Na prospecção em CCD, os extratos apresentaram perfis
semelhantes. Foram observadas quatro manchas características de flavonóides com
valores de Rf em 0,35; 0,41; 0,55 e 0,92 e duas fluorescências azuis indicativas
para outros fenólicos Rf de, 0,47 e 0,82. A avaliação em tubo apresentou reação
de cor sugestiva para a presença de flavanonas, flavanonóis e taninos
condensados. O teor de fenóis totais encontrados nos extratos de LAPCH e de LPL
foi de 13,55 e 18,24 mg EAG/g extrato, respectivamente. Neste ensaio o LPL
apresentou o maior teor de fenóis. A diferença nas DL50 apresentada entre os
extratos de LPL e LAPACH pode estar relacionada ao teor de fenóis totais
obtidos.
CONCLUSÕES: Os extratos demonstraram capacidade citotóxica contra A. salina. Este trabalho
permitiu caracterizar a presença de fenólicos nas folhas de P. stelis, parasitando
dois hospedeiros diferentes, por meio de métodos cromáticos. O perfil
cromatográfico para fenólicos não variou nos dois espécimes. LPL apresentou maior
capacidade citotóxica e maior teor fenóis totais. O estudo realizado com P. stelis
do Amazonas colabora para o conhecimento da família Loranthaceae e demonstra o
potencial de espécies Amazônicas, visando o encontro de novas estruturas químicas
para a aplicação medicinal e tecnológica.
AGRADECIMENTOS: A FAPEAM, CNPq e a UFAM pela bolsa concedida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CÁCERES, A. 1996. Plantas de uso medicinal en Guatemala. Editorial Universitaria, 1a Ed., Guatemala:.Universidade de San Carlos de Guatemala, 402p.
KARAKAYA, S. 2004. Bioavailability of phenolic compounds. Critical Reviewsm in Food Science Nutrition. 44, 453-64.
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NINFALI, P. MEA, G. GIORGINI, S.; ROCCHI, M.; BACCHIOCCA, M. 2005. Antioxidant capacity of vegetables, spices and dressings relevant to nutrition. British Journal of Nutrition. 93, 257-66.
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