ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E ANTIACETILCOLINESTERASE DO EXTRATO ETANÓLICO DAS FOLHAS DE COSTUS SPECIOSUS.

AUTORES: de Souza Filho, A.C.F. (UECE) ; Cavalcanti, E.S.B. (UECE) ; Alcantara, T.T.N. (UECE) ; de Carvalho Filho, M.A...F. (UECE) ; Menezes, J.E.S.A. (UECE) ; Costa, S.M.O. ()

RESUMO: Em virtude do amplo e atual uso de produtos naturais como matéria-prima na síntese de substâncias bioativas, se torna necessário estudar e sistematizar essas inúmeras classes de produtos naturais, que têm sido empregadas na síntese de diferentes substâncias, e que após algum processamento laboratorial e tecnológico tenham uma aplicação terapêutica eficiente. O presente trabalho visa a avaliação da atividade antioxidante e antiacetilcolinesterásica do extrato etanólico das folhas da Costusspeciosus, vulgarmente conhecida como cana-do-brejo, Após a análise dos resultados dos testes, comparado com dados da literatura, foi observado a eficiência deste extrato que poderá ser utilizado como possível antioxidante e inibidor da enzima acetilcolinesterase.

PALAVRAS CHAVES: antiacetilcolinesterase; antioxidante; Costusspeciosus

INTRODUÇÃO: O homem primitivo, ao procurar plantas para seu sustento, foi descobrindo plantas com ação tóxica ou medicinal. Indícios de uso de plantas tóxicas e medicinais foram encontrados nas mais antigas civilizações. Consequentemente, a cultura humana tem sido profundamente influenciada e dependente das plantas, em especial daquelas que possuem constituintes químicos identificados como medicinais (BOLZANI, 2010). Plantas tem sido tradicionalmente usadas por populações de todos os continentes no controle de diversas doenças e pragas. Mais de 13000 plantas são mundialmente usadas como fármacos ou fonte de fármacos (TYLER, 1994). Embora muitos compostos derivados de plantas medicinais possam ser sintetizados em laboratório, tal síntese é frequentemente tão complexa que os rendimentos são baixos e é economicamente inviável. No Brasil Costus speciosus, vulgarmente conhecida como cana-do-brejo, é uma planta com valor ornamental e medicinal, devido sua beleza e ação diurética. Popularmente é associada ao tratamento de infecções urinárias e eliminação de pedras renais. Pertence a família Zingiberaceae. O presente trabalho tem a finalidade de estudar o extrato etanólico das folhas através dos testes realizados e alertar a respeito de efeitos tóxicos e nocivos ao ser humano. Através dos ensaios com seu extrato etanólico, almeja-se identificar e futuramente isolar substâncias bioativas com ação antioxidante, para que se tenha uma alternativa natural e eficiente em relação a estabilização e inibição de radicais livres presentes no organismo, que estão associados a inúmeras doenças, tais como: câncer, reumatismo e patologias neurodegenerativas. Além de testar a utilidade de substâncias para melhorar sintomas da doença de Alzheimer, através do teste de inibição da enzima acetilcolinesterase.

MATERIAL E MÉTODOS: As folhas foram coletadas no Horto de plantas medicinais da Universidade Estadual do Ceará (UECE). O material, folhas, foi seco a temperatura ambiente e submetido a extração exaustiva com etanol durante 7 dias. O extrato obtido foi concentrado em evaporador rotatório, à pressão reduzida, para obtenção de extrato etanólico. No teste para eficácia da inibição da enzima acetilcolinesterase, seguiu-se a metodologia de ELMANN, adaptada por RHEE et al. (2001), para cromatografia em camada delgada (CCD) utilizando-se a solução dos reagentes ácido 5,5-ditriobis-2-nitrobenzóico (DTNB) e iodeto de acetilcolina (ATCI) em tampão e solução da enzima acetilcolinesterase. A fisostigmina foi utilizada como padrão. Na avaliação da atividade antioxidante foi utilizado o método de varredura do radical livre DPPH, onde possíveis agentes redutores presentes no extrato reajam com o radical livre DPPH, tornando seus elétrons emparelhados e causando perda estequiométrica da cor da solução, com o número de elétrons recebidos (BLOIS, 1958). Usou-se a quercetina como padrão na mesma concentração para comparação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O ensaio com extrato etanólico das folhas da Costus speciosus, objetivou ter como resultado uma eficiência na inibição e degradação de espécies reativas de oxigênio. Os testes para atividade antioxidante mostraram resultados pouco satisfatórios, quando comparados ao padrão, tendo em vista que os índices de varredura do inibidor de cinquenta por cento do radical livre DPPH (IV50) foi de 0,23 mg.mL-1 para o padrão quercetina e de 5,62 mg.mL-1 para o extrato. No teste de inibição da enzima acetilcolinesterase o extrato etanólico apresentou 0,7 cm na medida do halo de inibição e o padrão, a fisostigmina, apresenta um halo de inibição de 0,9 cm.

CONCLUSÕES: Frente a esses resultados conclui-se que o extrato das folhas de Costus speciosus apresentou uma razoável eficiência em relação à inibição de radicais livres, IV50 = 5,62 mg/mL, comparado com o padrão. Contudo, apresentou uma boa atividade antiacetilcolinesterásica, frente ao padrão fisostigmina, mostrando um relevante potencial de novo inibidor da enzima acetilcolinesterase. Tal estudo pode ser utilizado como referência, na busca e análise de substâncias químicas naturais que possam ser utilizadas como fármacos para o tratamento da doença de Alzheimer e como antioxidante natural.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem à Universidade Estadual do Ceará (UECE).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BLOIS, M. S. 1958. Antioxidant determination by the use of a stable free radical. Nature; v. 181, p. 1199-1200.
BOLZANI, V. da S. 2010. Plantas Medicinais: tradição milenar aliada à pesquisa multidisciplinar. Jornal da Ciência, Nº 677, p. 9. Rio de Janeiro.
LORENZI, H. 1949 – Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras / HarriLorenzi, Hermes Moreira de Souza. – 2. Ed. ver. eampl. – Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 1999.
RHEE, I. K.; MEENT, M.; INGKANINAN, K.; VERPOORTE, R. 2001. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity stainin. Journal of Chromatography A, v. 915, p. 217.
TYLER, U.E. 1994. Herbs of choice. NEW YORK: Haworth.