ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: O EXTRATO DE BRASSICA OLERACEA VAR. CAPITATA (REPOLHO ROXO) PARA SUBSTITUIÇÃO DOS INDICADORES CONVENCIONAIS DE pH

AUTORES: Cardoso, P.H.F. (IFMT) ; Silva, A.S. (IFMT) ; Costa, A.N.S. (IFMT) ; Santos, J.M.A. (IFMT) ; Silva, P.C.L. (IFMT) ; Silva, R.A. (IFMT)

RESUMO: Alguns vegetais possuem em seu metabolismo determinados fitoquímicos como, por exemplo, antocianinas, que podem mudar de cor em função do pH disponível na solução. Essa capacidade de alteração de coloração torna estes vegetais indicadores naturais de ácida-base. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a coloração do extrato do repolho roxo que é rico em antocianinas, em uma escala crescente de pH variando de 0,1 a 14. Conclui-se que o extrato de repolho roxo apresenta ampla variação de cor em função do valor de pH. Devido isso, pode substituir indicadores sintéticos de ácido-base, como o violeta de metila, alaranjado de metila e fenolftaleína, contribuindo para o incentivo do uso de produtos naturais, tendo em vista a necessidade de preservar e garantir a segurança alimentar.

PALAVRAS CHAVES: repolho roxo; indicador ácido-base; potencial hidrogeniônic

INTRODUÇÃO: Robert Boyle no século XVII acidentalmente deu início aos estudos de classificação ácido-base. Ao preparar um licor de violeta percebeu a mudança da coloração para o verde em solução alcalina e vermelho para solução ácida. Boyle tornou repetir este procedimento gotejando o licor em papel branco e adicionando vinagre, o mesmo tornou-se vermelho. Assim definiu que qualquer substância que adicionado aos extratos das plantas se tornarem vermelha é uma solução ácida (TERCI & ROSSI, 2002). O licor de violeta é um exemplo de indicador natural de ácido-base, entretanto na natureza existem diversos indicadores naturais como, por exemplo, amora, uva, beterraba, jambolão, repolho roxo, dentre outros. A mudança de coloração dessas substâncias está diretamente ligada á presença dos compostos fitoquímicos, que sofrem interações físico-químicas com o teor de íons de hidrogênio presentes na solução (JUNIOR & BISPO, 2010). Segundo Mattos (1997) a coloração avermelhada nas soluções ácidas é ocasionada pela presença de compostos fitoquímicos como antocianinas, chalcononas ou auroras. Os indicadores naturais de ácido-base constituem-se numa alternativa prática, fácil, barata e sustentável para a realização de práticas cotidianas, como por exemplo, avaliação físico-química de leite, tanques de piscicultura, frutas, dentre outros, substituindo produtos sintéticos que não consideram a necessidade de preservação e a segurança alimentar. Além disso, esses produtos podem ser utilizados no ensino de Química para estudantes de ensino médio e graduação. Por ser de efeito visual bastante chamativo e de fácil preparação, tornado-se um meio promissor para o estimulo da aprendizagem, contribuindo para a melhoria do processo de ensino (DIAS et al., 2003 & GOUVEIA – MATOS, 1999).

MATERIAL E MÉTODOS: O presente trabalho foi realizado no laboratório de Química do Instituto Federal de Mato Grosso - IFMT campus Confresa, localizada no nordeste de Mato Grosso. Como indicador natural de ácido-base foi utilizado o extrato aquoso de Brassica oleracea var. capitata (repolho roxo) planta originária da Europa. Para a extração da substância indicadora de pH foi utilizado 300 g de repolho roxo fresco e ralado, acondicionado em um becker de 500 ml com adição de 300 ml de água destilada obedecendo à proporção de 1:1 m/v e mantido em microondas por 5 minutos. Após esse procedimento a solução foi filtrada utilizando papel filtro e mantido sobre refrigeração até o momento do uso. As soluções com os diferentes valores de pH foram preparadas utilizando ácido clorídrico PA (HCl), hidróxido de sódio PA (NaOH) e hidróxido de amônia PA (NH4OH) diluídos em água destilada em diferentes concentrações. Para a aferição do pH das soluções preparadas foi utilizado um pH-metro portátil Marca Tecnopon, modelo mPA-210, versão 7.1. O experimento foi conduzido em tubos de ensaio, onde cada tubo recebeu 1 ml da solução com o seu determinado valor de pH e 1 ml do extrato de repolho roxo. A avaliação foi realizada com base nas características visuais de coloração do extrato de repolho roxo em função do valor de pH de cada solução.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O repolho roxo demonstrou-se como excelente indicador natural de ácido-base devido sua ampla faixa de variação de cor em função do pH. O repolho roxo apresentou colorações extremas variando desde o vermelho, passando pelo violeta, azul, verde até o amarelo alaranjado conforme apresentado na figura 1. Embora tenham existido algumas faixas de pH que não apresentaram diferenças visuais significativas como, por exemplo, do pH 3 ao 6, houve colorações bastante características que podem indicar o pH exato da solução avaliada. O pH 2, 9, e 12 podem ser aferidos com exatidão com o extrato de repolho roxo, pois nesses valores de pH o indicador apresenta colorações únicas e bastante distintas. Os valores de pH das faixas de 0,1 a 1,0 e de 13 a 14 também podem ser identificadas com bastante exatidão. Devido o extrato de o repolho roxo apresentar coloração especifica para diferentes níveis de pH, é possível que o mesmo possa substituir indicadores sintéticos de ácido-base, como o violeta de metila, alaranjado de metila e fenolftaleína, dentre outros, que são muito utilizados em titulações de ácidos e bases fortes e avaliação físico-química de produtos alimentícios. Vale ressaltar que existe a necessidade de realização de outros trabalhos para identificação dos respectivos pontos de viragem de cor em função do valor do pH para que esse produto possa a ser utilizado substituindo os atuais produtos sintéticos disponíveis no mercado.

Figura 1

Extrato de Brassica oleracea var. capitata (Repolho Roxo) em soluções com diferentes valores de pH,variando de 0,1 a 14.

CONCLUSÕES: Conclui-se que o extrato de repolho roxo apresenta ampla variação de cor em função do valor de pH. Constitui-se em um produto de ampla eficácia em trabalhos práticos de caráter qualitativo, possibilitando a substituição de indicadores sintéticos de ácido-base, como violeta de metila, alaranjado de metila e fenolftaleína.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao IFMT campus Confresa pelo apoio, a FAPEMAT e CNPq pelas concessão das bolsas de Iniciação Científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DIAS, M. V.; GUIMARÃES, P. I. C.; MERÇOM, F.; Corantes Naturais como Indicadores de pH. Química Nova na Escola, nº17, MAIO 2003.
GOUVEIA - MATOS, J. A. M. Mudanças nas cores dos extratos de flores e do repolho roxo. Química Nova na Escola, nº 10, p. 6-10, 1999.
JUNIOR, G. W.; BISPO, L. M. Corantes Naturais Extraídos de Plantas para Utilização como Indicadores de pH. Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade. Universidade de São Paulo, 2010.
MATOS, F. J. A. Introdução à fitoquímica experimental. Fortaleza: UFC Edições, 1997.
TERCI, D. B. L.; ROSSI, A. V. Indicador natural de pH: usando papel ou solução? Quím. Nova, v. 25, n. 4, p. 684-688, 2002.